quinta-feira, 23 de julho de 2009

INTERDEPENDÊNCIA

Bezerra de Menezes
Do livro: Bezerra, Chico e Você, Médium: Francisco Cândido Xavier.


... realmente, achamo-nos todos no campo da fé viva para trabalhar.
E servir, sem esquecer-nos para alcançar semelhante realização, é praticamente impossível.

... de quando a quando, pelo menos, ser-nos-á justo analisar a extensão e a qualidade de nossas tarefas, de modo a verificar-lhes o rendimento no bem.

... permaneceis conosco, não à maneira de cooperadores cativos, dependentes de nossas orientações.

Conquanto, a diferença de plano, cada um de nós, se detém na posição que lhe é própria, em matéria de encargos recebidos.

... esse recolheu a missão de planear o ensino e concretizá-lo: aquele se encontra compromissado em administrar; aquele outro ainda se vê compelido a zelar por essa ou aquela faixa de ação, para fazê-lo produzir determinados valores no bem geral.

Temos irmãos que se acharam trazidos a mandatos complexos na direção direta ou indireta de pequenas ou grandes comunidades; outros solicitaram e obtiveram da Vida Espiritual a felicidade de se reencarnarem nos postos de sacrifício, com o objetivo de se desvelarem no reajuste de alguém que lhes toma o convívio, sob os nomes de pai ou esposo, filho ou irmão; e outros muitos, ainda, por vezes, encontram em pleno anonimato, a condição de renúncia de que se reconheceram, um dia, necessitados, para a realização de encargos no auto-aperfeiçoamento.

... estejamos na certeza de que todos somos peças interdependentes nas engrenagens da vida. E as engrenagens a que nos referimos reclamam de cada um de nós fidelidade e disciplina, de maneira a que não venhamos a olvidar aquela área da existência, em que todos os dias surpreendem os desígnios do Senhor a nosso respeito, área que nomeamos com a palavra “dever”.

... aceitemo-nos como somos, trabalhando para melhorar-nos cada vez mais e aceitemos as atividades em que fomos necessariamente situados para que a rebeldia não se nos intrometa nas obrigações do cotidiano, fantasiada de liberdade.

... somos herdeiros e depositários da fé que precisa expressar-se no bem geral.

Caridade, entendimento, solidariedade, amparo, sacrifício, constituem frutos que nos compete espalhar onde estivermos.

... abençoemos aqueles que se nos façam instrumentos de prova; os que nos visitem o coração, à maneira do esmeril que o abrilhanta ou reajusta; os companheiros que se transformam em problemas que nos levam a conhecer o trabalho em suas mais íntimas nuances; e, sobretudo no lar, agradecemos a oportunidade de nos devotarmos em auxílio a outrem, às vezes, até mesmo com o desinteresse compulsório dos nossos sonhos mais ínfimos, a fim de que nos mantenhamos matriculados na escola do amor verdadeiro que inclui todos os sacrifícios para que a felicidade consiga viver com aqueles que mais amamos, erguendo-se-nos, por fim, na existência, em pão espiritual de cada dia.

... filhos, entendemos as vossas dificuldades que são também nossas e reconhecemos a inquietação com que muitos de vós outros nos bateis às portas do coração suplicando esperança e consolação.

Crede!

Não somos insensíveis aos vossos rogos, mas, porque também nos achamos lutando e trabalhando convosco no mesmo nível, convidamos a nós mesmos, para compartilharmos a mesma requisição de auxílio e força ao Senhor Jesus, a fim de que nos reunamos na mesma faixa de confiança redentora e produtiva, servindo e amando com a certeza de que se nos amarmos realmente. Uns aos outros, seguiremos adiante, superando todos os obstáculos, para o encontro sublime da União com Deus.

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sábado, 11 de julho de 2009

Enviai, Senhor, o vosso Espírito e renovareis a face da terra

Escrito por Aventino Oliveira, Portugal – do site FÁTIMA MISSIONÁRIA
http://www.fatimamissionaria.pt

"A fidelidade e o amor vão encontrar-se, vão beijar-se a paz e a justiça", proclama o salmo 85 na liturgia da missa do Domingo XV do tempo comum

Diz-nos o evangelho: “Naquele tempo, Jesus chamou a si os doze Apóstolos e começou a mandá-los em missão dois a dois” (Marcos 6,7). Chamou-os Cristo, preparou-os e, depois, enviou-os dois a dois a pregar a Boa Nova. Todos nós, homens, mulheres e crianças, fomos escolhidos, e todos nós somos enviados por Deus para fazermos um trabalho em prol da humanidade. O Deus Trinitário não pode aceitar egoísmos: todos temos de amar os outros com a prática das boas obras e da palavra consoladora. Não há excepções a este mandamento de Deus. Nenhum membro da humanidade é isento: chefes da sociedade, dirigentes de grupos, membros de famílias, indivíduos. Todos!

Na primeira leitura temos um enviado de Deus, alguém que o Senhor consagrou para ir entregar ao seu povo uma mensagem de bondade e justiça: o profeta Amós. A segunda leitura diz-nos que todos recebemos “bênçãos de sabedoria e inteligência”, dons que devemos usar para melhorar a situação do próximo: “Cada um ponha ao serviço dos outros o dom que recebeu” (1 Pedro 4,10).

É interessante ver como Cristo não só enviou os apóstolos. Deu-lhes um programa de trabalho. Programar a própria vida, incluindo naturalmente o aspecto espiritual, é algo de muito importante. Poderíamos trabalhar com um computador que não tem programas? Ao enviar os seus apóstolos, Cristo deu-lhes um programa simples e claro:

- Enviou-os dois a dois: o trabalho que eles devem fazer é um trabalho de comunidade e para a comunidade, não um projecto individualista.

- Deu-lhes poder sobre os espíritos impuros: o poder de eliminar, pela palavra e pelo exemplo, as impurezas, as falsidades, as injustiças, as desigualdades sociais, os egoísmos, numa palavra, tudo o que desfigura a comunidade.

- Ordenou-lhes que levassem consigo só um cajado. É fácil desejar acumular riquezas, mesmo enormes, em prejuízo dos outros, mesmo dos mais pobres. Tanta gente honesta a trabalhar para darem uma vida decente à sua família e outros a ganharem quantias ingentes de dinheiro que de forma nenhuma merecem, com a conivência dos dirigentes das nações.

- Não levarem duas túnicas: o que nos ensina a necessidade de partilhar com os menos avantajados. Negar-se a ajudar os necessitados quando tal se pode fazer, merece castigo natural. (Aliás, quanto mais se tem, menos se é.)

- Os Apóstolos pregaram que era preciso cada um arrepender-se. Arrependimento de todos os males e pecados, tanto dos indivíduos como dos grupos, das nações, dos povos... Nenhuma nação pode possuir riquezas enormes quando outras vivem na pobreza: os bens foram criados por Deus para toda a humanidade e não só para certos grupos ou raças que, malignamente, se aproveitam da impotência ou fraqueza dos outros.

- Os Apóstolos expulsavam os demónios. Espertalhão que ele é, o demónio encobre a sua existência a muita gente. Mas a palavra de Cristo é bem clara: pelas suas acções os conhecereis. O demónio trabalha de muitas maneiras, como as muitas formas de discriminação, de injustiça, de mentira.

- Os Apóstolos ungiam com óleo numerosos doentes e curavam-nos. Quantas pessoas tratam inúmeras formas de doenças nos hospitais, centros para idosos, centros de reforma de abusos como as drogas ou o álcool, cura de enfermidades psicológicas! Gente que tem o coração cheio do desejo de bem-fazer, indivíduos que compreendem e praticam a regra do Espírito Santo que diz que “os dons de Deus são para o bem da comunidade” (1 Cor 14,12). Gente que o Senhor enviou, como enviou os seus Apóstolos. Gente que escuta o murmúrio do Espírito no seu coração e na sua vida, tal como fazia a Virgem Maria de Nazaré. Gente que trabalha para um mundo melhor.

domingo, 5 de julho de 2009

A PARTE QUE NOS CABE

Redação do Momento Espírita.
Certa vez ouvimos uma fábula que nos fez refletir acerca dos ensinamentos que continha.

Tratava-se de um incêndio devastador que se abatera sobre a floresta.

Enquanto as labaredas transformavam tudo em cinzas, os animais corriam na tentativa de salvar a própria pele.

Dentre os muitos animais, havia uma pequena andorinha que resolveu fazer algo para conter o fogo.

Sobrevoou o local e descobriu, não muito longe, um grande lago. Sem demora, começou a empreitada para salvar a floresta.

Agindo rápido, voou até o lago, mergulhou as penas na água e sobrevoou a floresta em chamas, sacudindo-se para que as gotas caíssem, repetindo o gesto inúmeras vezes.

Embora não tivesse tempo para conversa fiada, percebeu que uma hiena a olhava e debochava da sua atitude.

Deteve-se um instante para descansar as asas, quando a hiena se aproximou e falou com cinismo:

Você é muito tola mesmo, pequena ave! Acha que vai deter o fogo com essas minúsculas gotas de água que lança sobre as chamas? Isso não produzirá efeito algum, a não ser o seu esgotamento.

A andorinha, que realmente desejava fazer algo positivo, respondeu: Eu sei que não conseguirei apagar o fogo sozinha, mas estou fazendo tudo o que está ao meu alcance.

E, se cada um de nós, moradores da floresta, fizesse uma pequena parte, em breve conseguiríamos apagar as labaredas que a consomem.

A hiena, no entanto, fingiu que não entendeu, afastou-se do fogo que já estava bem próximo, e continuou rindo da andorinha.

Assim acontece com muitos de nós, quando se trata de modificar algo que nos parece de enormes proporções.

Às vezes, imitando a hiena, costumamos criticar aqueles que, como a andorinha, estão fazendo sua parte, ainda que pequena.

É comum ouvirmos pessoas que reclamam da situação e continuam de braços cruzados.

De certa forma, é cômodo reclamar das coisas sem envolver-se com a solução.

No entanto, para que haja mudanças de profundidade, é preciso que cada um faça a parte que lhe cabe para o bem geral.

Reclamamos da desorganização, da burocracia, da corrupção, da falta de educação, da injustiça, esquecendo-nos de que a situação exterior reflete a nossa situação interior.

Não há possibilidade de fazer uma sociedade organizada, honesta e justa se não houver homens organizados, honestos e justos.

Em resumo, para moralizar a sociedade, é preciso moralizar o indivíduo, que somos cada um de nós, componentes da sociedade.

Se fizermos a nossa parte, sem darmos ouvidos às hienas que tentarão desanimar a nossa disposição, em breve tempo teremos uma sociedade melhorada e mais feliz.

* * *

Em que sentido se devem entender estas palavras do Cristo: Meu reino não é deste mundo?

Poderá jamais implantar-se na Terra o reinado do bem?

Se você deseja saber as respostas destas duas perguntas, leia O livro dos espíritos, de Allan Kardec.

O Espírito São Luís responde a estas e a outras tantas perguntas propostas pelo Codificador.

sábado, 4 de julho de 2009

Meimei: FAZENDO SOL


Fazendo Sol
Meimei

Amanheceste chorando pelos que te não compreendem.

Amigos rixaram contigo.

Nos mais amados, viste o retrato da ingratidão.

Aspiravas a desentranhar o carinho nos corações queridos, com a pureza e a simplicidade da abelha que extrai o néctar das flores sem alterá-las, e, porque não conseguiste, queres morrer...

Não te encarceres, porém, nos laços do desespero.

Afirmas-te à procura do amor, mas não te recordas daqueles para quem o teu simples olhar seria assim como o sorriso da estrela, descerrado nas trevas.

Mostram a cabeça encanecida, à feição de nossos pais, são irmãos semelhantes a nós ou são jovens e crianças que poderiam ser nossos filhos... Contudo, estiram-se em leitos de pedra ou refugiam-se em antros, fincados no solo, quais se fossem proscritos atormentados.

Não te pedem mais que um pão, a fim de que se lhes restaurem as energias do corpo enfermo, ou uma palavra de esperança que lhes console a alma dorida.

Não percas o tesouro das horas, na aflição sem proveito.

Podes ser, ainda hoje o apoio dos que esmorecem desalentados, ou a luz dos que jazem nas sombras; podes estender o cobertor agasalhante sobre aqueles a quem a noite pede perdão por ser fria, aliviar o suplício dos companheiros que a moléstia carcome ou dizer a frase calmante para os que enlouqueceram de sofrimento...
Sai, pois de ti mesmo para conhecer a glória de amar!...

Perceberás, então, que a existência na Terra é apenas um dia na eternidade, aprendendo a iluminá-la de amor, como quem anda fazendo sol, nos caminhos da vida, e encontrarás, mais tarde, em cânticos de alegria, todos aqueles que te não amam agora, amando-te muito mais, por te buscarem a luz no instante do entardecer.

Por Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, da obra O Espírito da Verdade, Por Espíritos Diversos. Brasília, DF, FEB, 1961, cap. 25.