domingo, 10 de outubro de 2010

AS TRÊS CAUSAS PRINCIPAIS DAS DOENÇAS

Do Espírito Doutor MOREL LAVALLÉE, pelo Médium Sr. Desliens
Paris, 25 de outubro de 1866
Revista Espírita – Janeiro de 1867

O que é o homem?... Um composto de três princípios essenciais: o Espírito, o perispírito e o corpo. A ausência de um qualquer destes três princípios, necessariamente, levaria ao aniquilamento do ser no estado humano. Se o corpo não existe mais, há o Espírito e não mais o homem; se o perispírito falta ou não pode funcionar, o imaterial não podendo agir diretamente sobre a matéria e se encontrando assim na impossibilidade de se manifestar, poderá aí ter alguma coisa no gênero do cretino ou do idiota, mas não haverá jamais um ser inteligente. Enfim, se falta o Espírito, ter-se-á um feto vivendo da vida animal e não um Espírito encarnado. Se, pois, temos três princípios presentes, estes três princípios devem reagir um sobre o outro, e se seguirá a saúde ou a doença, segundo houver entre eles harmonia perfeita ou desacordo parcial.
Se a doença ou a desordem orgânica, como se queira chamá-la, procede do corpo, os medicamentos materiais, sabiamente empregados bastarão para restabelecera harmonia geral.
Se a perturbação vem do perispírito, se é uma modificação do princípio fluídico que o compõe, que se acha alterado, será preciso uma medicação em relação com a natureza do órgão para que as funções possam retomar seu estado normal. Se a doença procede do Espírito, não se poderia empregar, para combatê-la, outra coisa do que uma medicação espiritual. Se, enfim, como é o caso mais geral, e se pode dizer mesmo aquele que se apresenta exclusivamente, se a doença procede do corpo, do perispírito e do Espírito, será preciso que a medicação combata, ao mesmo tempo, todas as causas da desordem, por meios diversos, para obter a cura. Ora, que fazem geralmente os médicos? Eles cuidam do corpo, curam-no; mas curam a doença? Não. Por quê? Porque o perispírito, sendo um princípio superior à matéria propriamente dita, poderá se tornar causa com relação a este; e se está entravado, os órgãos materiais que se encontram em relação com ele estarão igualmente atingidos em sua vitalidade. Cuidando do corpo, destruís o efeito; mas a causa residindo no perispírito, a doença virá de novo quando os cuidados cessarem, até que se tenha percebido que é preciso levar em outra parte a sua atenção, cuidando fluidicamente o princípio fluídico mórbido.
Se, enfim, a doença procede da mens, o Espírito, o perispírito e o corpo, colocados sob sua dependência, serão entravados em suas funções, e não é nem cuidando de um, nem cuidando do outro que se fará desaparecer a causa.
Não é, pois, colocando a camisa de força num louco, ou em lhe dando pílulas ou duchas, que se chegará a levá-lo ao seu estado normal; somente se acalmarão seus sentidos revoltados; acalmarão seus acessos, mas não se destruirá o germe senão em combatendo-o por seus semelhantes, fazendo da homeopatia espiritual e fluidicamente, como se o faz materialmente, dando ao doente, pela prece, uma dose infinitesimal de paciência, de calma, de resignação, segundo os casos, como se lhe dá uma dose infinitesimal de brucina, de digitalina ou de acônito.
Para destruir uma causa mórbida, é preciso combatê-la em seu terreno.

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