sábado, 15 de janeiro de 2011

ADVERSIDADES

por WASHINGTON BORGES DE SOUZA


São muitos os inimigos e adversários que temos de enfrentar em nossas vidas. Tanto no ser eterno quanto no corpo denso, arrostamos inimigos que se instalam em forma de enfermidades físicas e morais. Aquelas acometem o corpo somático; estas infestam a alma imortal.
As primeiras decorrem de causas diversificadas tais como a degeneração dos próprios órgãos e tecidos pela ação do tempo; o mau uso a que submetemos nosso corpo, sujeitando-o a vícios e abusos variados como o do fumo, do álcool, o dos entorpecentes, o dos desregramentos sexuais, a demasiada alimentação e o insuficiente repouso, a inadequada atividade ou a excessiva inação, além de muitos outros hábitos perniciosos.
Dentre os vícios que mais danos acarretam destacam-se o tabagismo, o alcoolismo e o consumo de várias drogas.
A submissão ao fumo leva a pessoa a expor a função pulmonar a risco muitas vezes fatal como o do enfisema, que além de reduzir a capacidade respiratória torna-a penosa e dolorosa, acarretando consequências danosas a outros órgãos com sacrifício do metabolismo humano. Por sua vez, a viciação em bebidas alcoólicas trará, forçosamente, o entorpecimento do fígado, facilitando o advento da cirrose e várias outras moléstias, afetando, inclusive, o sistema nervoso. Conduz, pois, inexoravelmente, a criatura à degradação.
Quanto às drogas, ninguém mais pode ter dúvidas da degeneração que impõem ao indivíduo, tanto ao que a elas está subjugado quanto àquele que as mercadeja. São as criaturas incursas nas penalidades decorrentes das graves violações das leis naturais e humanas.
Sabemos que na Terra as doenças são numerosas e têm sido preocupação constante do homem. A Ciência mostra que se não fossem as defesas naturais do corpo humano, as descobertas dos micro-organismos com o advento do microscópio, as vacinas, as assepsias já alcançadas e outras conquistas, o panorama das enfermidades seria ainda mais apavorante.
Dentre aquelas defesas mencionadas, os pesquisadores apontam o envolvimento do corpo humano pela pele, derma e epiderme, como uma barreira à penetração de micro-organismos e até com capacidade para exterminar muitos que ali se depositam. As mucosas nasal, pulmonar, intestinal, etc. são outros tantos obstáculos de que a Natureza dispõe para defender o organismo humano contra a incursão externa perigosa e indesejável. Mas, internamente, dispõe o corpo humano de organização a serviço de sua defesa. São mecanismos de autodefesa automaticamente acionados e que entram imediatamente em atividade sempre que ocorre uma lesão, um risco, uma invasão microbiana, etc.
Os medicamentos, as diversas terapias, os hábitos saudáveis e higiênicos e outros fatores são outros tantos recursos de defesa do organismo humano. Mas, além desses meios que fazem parte da matéria densa, há outros pouco ou menos conhecidos mas também relacionados com a nossa integridade física e que constituem seus poderosos defensores os quais, entretanto, não estão catalogados pela ciência do mundo. No futuro, quando a luz se fizer nos horizontes dos observadores atentos, eles irão constatar a efetiva existência de outras proteções. Exemplo típico é o da aura humana. A vibração das nossas células faz com
que emitam radiações que formam um halo energético em torno de nós semelhante a uma túnica eletromagnética. É o que constitui a aura e dentre as suas funções podemos citar que representa defesa do corpo contra várias espécies de micro-organismos. Saliente-se, contudo, que ainda não foi devidamente considerada pela ciência oficial.
Mas não é só. As energias cósmicas, a luz solar, os fluidos ainda não pesquisados constituem poderosos elementos a serviço da saúde humana, atuantes permanentemente, a despeito e à revelia da nossa ignorância e da insensibilidade em face da sua ação e eficácia. Em síntese, estão mencionados alguns dos inimigos do corpo humano e dos modos de defendê-lo. Assim, esses infortúnios fundamentam a nossa constante preocupação em virtude da perspectiva que representam de dores e sofrimentos ou até a da própria morte.
Mas há outros males que se instalam em nosso interior e parecem ter vida simbiótica em nossa alma, em processos doentios demorados, de difícil erradicação. O egoísmo, o orgulho, a vaidade, o desânimo, a inveja, o ciúme, o ódio e tantos outros que infestam a alma tornando-a enfermiça e terminam por impor ao próprio corpo físico consequências mórbidas dolorosas.
Todas as desditas humanas decorrem da inobservância e da infringência das leis divinas, resultam das nossas imperfeições, as quais ditam nossos procedimentos malévolos com os semelhantes, advindo daí os efeitos desastrosos a despontarem em nosso caminho.
O renascimento em mundos como a Terra já revela a presença de imperfeições e os quadros dolorosos de nossas vidas também constituem, muitas vezes, seguros indicadores de que, de alguma maneira, deixamos de observar a obrigação de fazer o bem ao semelhante ou, mais grave ainda, demonstram outras vezes claramente, que nossas feridas são resultantes de
outras tantas chagas abertas, outrora, por nós em irmãos do caminho.
Há nas leis naturais escala verdadeira de valores, a qual, quando devidamente observada e adotada, impulsiona o progresso da criatura, aperfeiçoando lhe a alma imortal.
Sabemos que a situação social das pessoas é tão variada como o são suas atividades. Seu comportamento também é diversificado de conformidade com seu adiantamento moral.
Portanto, os valores são escalonados sob os aspectos moral, econômico e intelectual. Perante as leis naturais nada impede que essas três condições coexistam na criatura, em elevado grau, ou cada qual isoladamente. Todavia, somente o aperfeiçoamento moral caracteriza o verdadeiro progresso perante as normas divinas.
Muitas pessoas que ocupam posições sociais elevadas e até mesmo no exercício de funções e atividades religiosas relevantes, diante das disposições divinas, são havidas como deficientes em termos de bondade, compreensão, fraternidade, em razão de seus comportamentos no trato com os semelhantes. Não é raro observar-se a desatenção com que tratam as pessoas. Entendem que as altas funções que exercem no seio da sociedade são mais importantes do que as próprias criaturas. Sempre ocupadas e apressadas não podem dispensar um instante sequer a um irmão, a um amigo do caminho. Alegam que não dispõem
de tempo. Seus próprios filhos são tratados como se fossem estranhos. Não têm tempo para amá-los, para educá-los na faculdade de amar. Esquecem-se tais criaturas que o tempo é algoz dos que erram e abençoado bálsamo dos injustiçados. Que o importante é a pessoa, é o próximo, o nosso semelhante. O que conta no fim da trilha que leva ao túmulo é o amor que se
dedica e este é a chave que abre a porta para a senda de luz e felicidade depois do sepulcro.
O menosprezo dessa verdade enseja muitas adversidades no futuro.
Portanto, não basta abstermo-nos de praticar o mal. Os princípios universais que regulam a evolução impõem-nos o dever de promover sempre o bem do próximo.
Todos nós na Terra enfrentamos dificuldades inumeráveis, as quais fazem parte do processo evolutivo. Mas as dores e vicissitudes, antes de tudo, devem sempre servir de alerta de que jamais devemos impô-las aos semelhantes.
Permanentemente temos de lembrar-nos de que vivemos cercados pela Infinita Misericórdia a começar pelo dom da vida, pelas possibilidades de amar e de ser amados, de servir e pagar dívidas, de trabalhar e evoluir, de recolher a cada manhã como raios de luz a renascente esperança de felicidade e a certeza de que a morte não existe.

REVISTA REFORMADOR - AGOSTO, 1997 ANO 115 Nº 2.021

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