quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Divaldo Franco: O NOVO PAPA


Meus caros confrades

Meus votos de muita paz.

Permitam-me algumas breves considerações.

O mundo moderno, especialmente o Ocidente, viveu nos últimos dias a expectativa da eleição papal, quando o supremo chefe da Igreja Católica Apostólica Romana seria erguido ao trono pontifício, para a governança do imenso rebanho que se espalha pelo mundo.

A pompa, o poder arbitrário, os interesses econômicos em jogo, os conciliábulos políticos, ofereceram aos veículos midiáticos valiosa contribuição para comentários intérminos.

E hoje, quando foi eleito o Papa, e escolheu o nome de Francisco, homenageando o Pobrezinho de Assis e o inolvidável Francisco Xavier, divulgador do Cristianismo nas Índias, no Japão, nas Filipinas, simbolizando a humildade do primeiro e a solidariedade do segundo, perspectivas felizes abrem-se para um reinado transitório que deve deixar assinaladas marcas históricas no seio da sociedade.

A multissecular organização humana tem vivido de crises.

Crimes hediondos foram praticados na ignorância da noite medieval.

Homicídios cruéis e bem urdidos, guerras lamentáveis e perseguições inomináveis mancharam-lhe as páginas com o sangue de milhões de vítimas, em detrimento da sublime política de amor enunciada e vivida por Jesus-Cristo.

Uma nova crise de dimensões imensas, não há muito, cindiu a estrutura religiosa política e econômica do Vaticano tornado Estado.

A postura indigna dos administradores do Banco do Vaticano, as chagas morais e purulentas do comportamento de alguns dos seus representantes religiosos, as exigências da modernidade, a necessidade de ampliar os horizontes e atualizá-los, de maneira compatível com os comportamentos hodiernos constituem desafios máximos para Sua Santidade.

Merece considerar que toda organização rígida sofre as injunções penosas do tempo e toda edificação que pretende preservar a tradição sem a necessária adaptação ao meio ambiente e às novas formulações da vida, transformam-se em decomposições carunchadas que o tempo vence.

Das lições inolvidáveis do Mestre no meio da multidão, passou-se da convivência com o populacho sofrido e excluído da sociedade para a opulência da atualidade, com olvido da pureza do Evangelho.

Nada obstante, porque mais de um bilhão de criaturas pertencem ao rebanho, Jesus contempla com misericórdia as astúcias humanas e inspira todos aqueles que são honestos na busca do Bem a que encontrem rápidas soluções para os imensos problemas que ora se abatem sobre a sociedade e a grandiosa Instituição.

Merece considerar que o novo Papa, aclimatado a uma vida austera e simples, despojado das tradições do poder e do orgulho foi elegido para poder criar uma nova ponte, facultando a compreensão da vivência do Evangelho de Jesus, naquele sentido transcendental e santo da fraternidade e da compaixão.

Dois requisitos tornam-se inseparáveis para definir a legitimidade de qualquer doutrina religiosa: estabelecer a estrutura do Bem e da Caridade através do amor e não fazer a outrem o que não deseja que se lhe faça.

Todas as teologias aí perdem os seus focos. Ou encontram a diretriz que não seguem, estabelecendo paradigmas severos de interpretações complexas para o grande desafio do Amor ou são consumidas pelo tempo.
*
Sem a essência da vida na sua total simplicidade, o Espiritismo, com a tarefa de restaurar o Cristianismo na sua expressão mais singela, deve aprender com a lição destes séculos a preservar a pureza da fé, a fraternidade legítima e manter o espírito de compaixão e de solidariedade, para não se converter em uma perigosa organização político-religiosa-econômica como o mundo exige, falhando no objetivo essencial, que é iluminar as almas.

O Espiritismo possui como paradigma essencial a caridade, como Francisco a viveu com o próprio coração, em Assis, e por onde deixou as pegada marcadas de sangue nos caminhos percorridos. E também como executou o outro Francisco, Xavier, levando Jesus às imensas multidões e sensibilizando-as de tal forma que as conversões eram volumosas e festivas.

O exemplo desses Apóstolos, o espírita moderno deve e pode compreender, buscando imitá-los.

A missão que lhe cabe construir no mundo é a da fraternidade, que os governos não logram em razão das paixões políticas, nem a cultura vã que escraviza no intelectualismo vazio, nem a tecnologia, que faculta todo conforto imaginável, mas é responsável pelas guerras de extermínio...

Só Jesus pode realizá-la.

Todos nós, em uníssono, inscrevamos em nosso mundo íntimo a vida incomparável do Galileu, que a nós nos fascina, entregando-nos, como rebanho, ao Seu cajado amigo de segurança.

Agradecemos a vossa paciência para com as nossas reflexões.

O confrade
Arthur Lins de Vasconcellos

Psicofonia de Divaldo Pereira Franco, em 13
de março de 2013, na data da eleição do Papa Francisco
 na reunião mediúnica do Centro Espírita Caminho da
Redenção, em Salvador – BA.

Em 6.5.2013

Reblogado do website Divaldo Franco
  

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