quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Joanna de Ângelis: SAUDADES DE JESUS


No tumulto que assola em toda parte no planeta terrestre, desequilibrando o comportamento humano, parece não haver espaço para a harmonia, tampouco segurança para a vivência espiritual que dignifica e tranquiliza o Espírito.

As distrações confraternizam com as tragédias e os sorrisos misturam-se às lágrimas, numa paisagem de ilusão e dor, que empurram suas vítimas para o desencanto, a saturação, empobrecimento moral, o vazio existencial.

Multiplicam-se, assustadoramente, os agentes da hipnose do consumismo, em fuga espetacular da realidade, transformando-se em mecanismos impotentes para preencher as lacunas da alma sedenta de paz.

Ignorando-se como adquirir a harmonia íntima, a avalanche dos prazeres apresenta-se como a melhor maneira de desfrutar-se das horas que se vive, não conseguindo, porém, proporcionar bem-estar, por causa da sua fugacidade.

O número incontável de pessoas que não possui, porque desconhece, o sentido profundo da reencarnação, encanta-se com essas fantasias que logo são substituídas por outras, ansiosas e instáveis, que desaparecem na voragem dos conflitos em que sucumbem, sem consciência do que lhes acontece.

Os espetáculos de gozo imediato e fugidio apresentam-se, sempre, multiplicados, atraindo aficcionados, que se tornam vítimas do seu fascínio, logo transformado em solidão e mentira.

Os deuses da economia alertam e aprisionam os apaixonados pelo ter e pelo poder nos seus cofres e máquinas de ações e de títulos, entusiasmando-os a ponto de se escravizarem aos jogos das bolsas e negócios variáveis que propõem, segundo eles, a felicidade.

Firmam o conceito de que aqueles que são aquinhoados com a fortuna desfrutam da plenitude porque podem adquirir tudo quanto emociona.

Paraísos de indescritível beleza são-lhes oferecidos para os períodos de férias ou as permanentes férias com a ausência dos sentimentos elevados.

Olvidam que dinheiro nenhum consegue apagar a culpa no imo, oferecer afeto real e de profundidade.

Somente quando a razão abraça a emoção, em perfeita identidade de propósitos, é que o ser pode experimentar plenitude que não tem as aparências das satisfações fisiológicas e das apresentações exteriores em que o orgulho e a presunção destacam-se na sociedade.

O homem e a mulher necessitam de ideais engrandecedores para nutrir-se e crescer interiormente.

As aspirações meramente materiais, as que promovem o exterior, assim que conseguidas perdem o sentido e os abandonam sem consideração.
É nesse sentido que o Evangelho faz falta à sociedade moderna.

*   *   *

Quanta saudade de Jesus!

A Sua mensagem de ternura e amor, repassada de misericórdia, possui o condão mágico de alterar o significado de todas as existências.

A ingenuidade inserta na sabedoria dos Seus ensinamentos é um poema de atualidade em todos os tempos, que comove, propicia equilíbrio e restaura a compreensão em torno dos deveres que a todos cabe desempenhar.

Porque elegeu os infelizes, ergueu-os do caos em que se encontravam ao planalto da dignidade libertadora, fez-se o mais desafiador exemplo de bondade que o mundo conheceu, e tornou-se modelo para incontáveis discípulos fascinados pelo Seu exemplo, que tentaram repetir a incomparável façanha da compaixão e da caridade.

Revolucionou as convicções, nas quais predominavam o ódio e a vingança, e estabeleceu que o amor e o perdão constituem os elementos, únicos, aliás, para a completude individual e coletiva.

Utilizou-se de palavras simples para explicar os dramas complexos, assim como de imagens do cotidiano para elucidar os enigmas dos comportamentos em desvalor, que predominavam, e ninguém jamais falou conforme Ele o fez, emoldurando as palavras com as ações candentes da compreensão do sofrimento humano.

Ninguém valorizou a pobreza e os testemunhos de dor como instrumentos de elevação moral, como Ele o fez.

Nestes dias de complexas angústias, não são diferentes as aflições que necessitam da presença e do socorro de Jesus.

Pode-se afirmar que são mais afligentes, em razão das circunstâncias culturais e comportamentos alienantes, dos desafios e dos impositivos enfrentados, dos interesses em jogo, sob o domínio do ego.

Todos esses fatores, porém, têm as suas raízes no cerne do Espírito, resultado do seu atraso moral dos atos reprocháveis, do descaso pelos valores dignificantes que devem servir de roteiro seguro para a evolução.

Ante a ausência dos afetos que lenificam as aflições morais, dos desastres resultantes dos vícios e prisões emocionais, a figura inolvidável do Rabi faz muita falta aos deambulantes carnais.

Incontáveis mulheres equivocadas e criaturas endemoniadas encontram-se necessitadas do Seu amparo, cuja grandeza enfrentou a hipocrisia vigente em imorredouros testemunhos de afetividade.

Ricos, como Zaqueu, e miseráveis como todos aqueles que Lhe buscaram o auxílio enxameiam e movimentam-se sem norte ante a indiferença dos poderosos, não menos atormentados.

Quanta saudade de Jesus!

*   *   *

Refugia-te no Amigo que não teve amigos e deixa que Ele te conduza.

Nada te perturbe ou confunda a tua mente, face à corrosão do materialismo dominador.

Medita na Sua vida de dedicação a todos os infelizes, que somos quase todos nós, e propaga-a porquanto, jamais, como na atualidade, Jesus necessitou tanto ser conhecido, para que a existência humana passe a ter sentido na sua imortalidade.

Joanna de Ângelis.
Psicografia de Divaldo Pereira Franco,
na sessão mediúnica de 25.5.2015,
no Centro Espírita Caminho da Redenção,
em Salvador, Bahia.
Em 27.8.2015.


Fonte: Divaldo Franco
www.divaldofranco.com.br


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