quarta-feira, 15 de junho de 2016

Momento Espírita: A PENA DE PAVÃO


Conta uma lenda árabe que um nômade do deserto resolveu, certo dia, mudar de oásis.

Reuniu todos os utensílios que possuía e, de modo ordenado, foi colocando-os sobre o seu único camelo.

O animal era forte e paciente. Sem se perturbar, foi suportando o peso dos tapetes de predileção do seu dono.

Depois, foram colocados sobre ele os quadros de paisagens árabes, maravilhosamente pintados.

Na sequência, foram acomodados os objetos de cozinha, de tamanhos diversos.

Finalmente, vários baús cheios de quinquilharias. Nada podia ser dispensado. Tudo era importante.

O animal aguentou firme, sem mostrar revolta alguma com o peso excessivo que lhe impunha o dono.

Depois de algum tempo, o camelo estava abarrotado. Mas continuava de pé.

O beduíno se preparava para partir, quando se recordou de um detalhe importante: uma pena de pavão.

Ele a utilizava para escrever cartas aos amigos, preenchendo a sua solidão, no deserto.

Com cuidado, foi buscar a pena e encontrou um lugarzinho todo especial, para colocá-la em cima do camelo.

Logo que fez isso, o animal arriou com o peso e morreu. O homem ficou muito zangado e exclamou:

Que animal mole! Não aguentou uma simples pena de pavão!

*   *   *

Por vezes, agimos como o nômade da história. Não é raro o trabalhador perder o emprego e reclamar: Fui mandado embora, só porque cheguei atrasado dez minutos.

Ele se esquece de dizer que quase todos os dias chega atrasado.

Outro diz: Minha mulher é muito intolerante. Brigou comigo só porque cheguei um pouquinho embriagado, depois da festinha com os amigos.

A realidade é que ele costuma chegar muitas vezes embriagado, tornando-se inconveniente e até agressivo.

Há pessoas que vivem a pedir emprestado dinheiro, livros, roupa para ir a uma festa, uma lista infindável.

E ficam chateados quando recebem um não da pessoa que já cansou de viver a emprestar!

Costuma-se dizer que é a gota d’água que faz transbordar a taça. Em verdade, todo ser humano tem seu limite.

Quando o limite é ultrapassado, fica difícil o relacionamento entre as pessoas.

No trato familiar, são as pequenas faltas, quase imperceptíveis, que se vão acumulando, dia após dia.

É então que sucumbem relacionamentos conjugais, acabam casamentos que pareciam duradouros.

Amizades de longos anos deterioram. Empregos são perdidos, sociedades são desfeitas.

Tudo se deve ao excesso de reclamações diárias, faltas pequenas, mas constantes, pequenos deslizes, sempre repetidos.

Mentiras que parecem sem importância. Todavia, sempre renovadas.

Um dia surge em que a pessoa não suporta mais e toma uma atitude que surpreende a quem não se dera conta de como a sobrecarregara ao longo das semanas, meses e anos.

*   *   *

Fiquemos atentos em nossas atividades diárias.

Não deixemos que nossas ações prejudiquem a outros, mesmo que de forma leve.

Não descarreguemos nos outros a nossa frustração ou insatisfação.

Prezemos as amizades. Preservemos a harmonia do ambiente familiar.

Sejamos, sempre, quem tolere, compreenda e tenha à mão uma boa dose de bom senso.

Redação do Momento Espírita, com base no texto
A pena de pavão, de Djalma Santos,
do Jornal Laços Fraternos,
Rio de Janeiro, março/2004.

Fonte: Momento Espírita
www.momento.com.br




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