Um relato inspirador nos comoveu. É de um catarinense, casado há oito
anos e que realizou o seu sonho de ser pai.
Em palavras brotadas do fundo d’alma, ele comunica que nasceu o seu
bebê. Diz que ele tem um metro e quarenta e quatro centímetros de altura, pesa
quarenta quilos e tem dez anos de idade.
E relata como foram recheados de ansiedade os meses de espera.
Em vez de um teste de farmácia ou laboratorial, diz ele, tivemos uma
assistente social nos falando que existia a possibilidade de estarmos grávidos,
minha esposa e eu.
Não fizemos nenhum ultrassom, mas toda semana tínhamos nossas visitas
para ver o rostinho do nosso bebê.
Não experimentamos desejos estranhos nem enjoos terríveis, mas Deus
sabe quão tristes eram os domingos à noite, quando precisávamos levá-lo de
volta à casa-lar.
O acompanhamento da gestação não foi feito por enfermeiras e obstetras,
mas por psicólogas e assistentes sociais.
As nossas dores de parto foram as angustiantes semanas de espera por
decisões que envolviam muita papelada.
Não ouvimos seu coração bater através de uma máquina, mas o nosso se
acelerava toda vez que uma porta se abria e ele vinha em nossa direção.
E eram maravilhosas cada uma das horas vividas com ele, nos passeios,
nas refeições, nos folguedos compartilhados.
Finalmente, hoje nasceu o nosso filho.Nosso obstetra foi um juiz, sentado atrás de uma mesa, que assinou um
papel, determinando que nosso bebê nos fosse entregue.
A nós, seus pais, para amá-lo, educá-lo, torná-lo um homem de bem.
***
Pais e filhos, do ventre ou do coração, são almas que se reencontram
pelas estradas da vida e que anseiam compartilhar seus dias, na intimidade do
lar.
A adoção reflete sempre um grande ato de amor. Não se trata de levar
para casa uma criança porque desejamos preencher algum vazio das nossas vidas.
Trata-se de uma decisão madura, consciente, de quem se descobre com amor
para dar. E o deseja fazê-lo dessa forma: adotando um ser sem pais, sem lar,
sem família.
Então, não importa seja um recém-nascido ou uma criança que já
experienciou anos de solidão ou de amarguras.
Simplesmente nos credenciamos para amar. E aguardamos, enfrentando a
eventual burocracia, as exigências que se fazem devidas, a fim de que o filho
nos chegue ao lar.
Quando concebemos, aguardamos, normalmente, nove meses para ter o bebê
nos braços.
Quando optamos por adotar, esse período, por vezes, pode ser dilatado.
O importante é a espera. É tudo preparar. É aguardar. E sonhar como
será aquele que nos será entregue: branco, negro, oriental, de olhos azuis,
castanhos?
Terá cabelo liso ou encaracolado?
Uma grande expectativa. Exatamente como quando concebemos e imaginamos
como será o bebê, ao nascer.
Adoção é um ato sério, complexo, de coração e devoção.
Essa gestação tem que partir do sentimento verdadeiro, capaz de todo e
qualquer sacrifício, pelo filho que, sempre, em última análise e decisão, nos é
entregue por Deus.
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