Alguns de nós não apreciamos permanecer
em silêncio. Se não temos com quem conversar, se a casa está quieta, ligamos a
TV, simplesmente para ouvir algo.
Algo que, em verdade, nem prestamos
atenção. É para ter ruído
É comum entabularmos conversas no ponto
de ônibus, na fila do mercado, na sala de espera de um consultório. Tudo para
ter ruído ao nosso redor.
Parece que o silêncio nos incomoda.
Chegamos a dizer: Não gosto de silêncio.
E, no entanto, o silêncio se faz
necessário para a mente como o sono se faz necessário para o corpo.
Todos precisamos de calmaria, em algum
momento. Diminuir os ruídos de fora, darmos um descanso aos ouvidos, à mente.
Afinal, vivemos em meio a tanto
barulho: gente falando, veículos buzinando, tráfego intenso, propaganda de
alto-falantes, maquinaria barulhenta, música agitada.
Se andamos pela cidade, tudo parece se
misturar às vozes das próprias pessoas. E se transforma num imenso barulho,
constante, incessante.
Se entrarmos em uma sala onde se
aguarda um espetáculo, e pararmos, ouviremos uma grande confusão de vozes de
tantos que falam uns com os outros, todos ao mesmo tempo.
Diminuir o volume do mundo é um convite
para contemplar a vida ao nosso redor.
Se desligarmos a TV, o rádio, se não
falarmos, começaremos a mergulhar no silêncio.
E ouviremos tantas coisas que,
habitualmente, não ouvimos. Por exemplo, o delicado farfalhar das folhas no
jardim, quando os dedos da brisa as tocam.
O pio de um passarinho que descansa no
galho da árvore fronteiriça, os primeiros e hesitantes pingos da chuva calma
que se avizinha e mergulha na terra.
O murmúrio da terra sorvendo gota a
gota...
Depois, o tamborilar da chuva na
janela, o som da nossa respiração, o bater ritmado do coração.
Quantas coisas para ouvir no silêncio
que, em verdade, é cheio de sons surpreendentes.
Se a noite for de estrelas, poderemos
ouvir ainda outros tantos sons que se manifestam: o pio da coruja, um cão que
late ao longe.
Ruídos da noite que se aconchega para
dormir. Encantadores, quase sempre despercebidos por nós.
Finalmente, ouvir os nossos próprios
pensamentos. Quantos deles dão conta da nossa agitação constante. Precisamos
parar, silenciar, pensar.
Selecionar pensamentos e desprezar
aqueles que somente nos causam aflição e desconforto.
Ouvir nossa alma, sedenta de
tranquilidade. Nossa alma que deseja beber do silêncio para se extasiar com a
harmonia de si mesma.
Silêncio para orar. E para ouvir a
resposta, vinda dos céus.
Silêncio para pensar no milagre da
vida, que se reprisa a cada dia e se perpetua, através dos séculos.
Silêncio para ler, pausadamente, um
livro que repousa, há bastante tempo, sobre a estante.
E se extasiar com o mergulho nas
letras, que nos conduzem a um mundo de formas, ações, aprendizado.
Silêncio, irmão da paz, nos permite nos
movermos sem pressa e a respirarmos com calma.
Logo mais, as horas despertarão e tudo
recomeçará, mas nossos ouvidos estarão descansados pelo período de calmaria e
nossa mente mais ágil, após o período de descanso.
Pensemos nisso e periodicamente
aprendamos a fazer silêncio e a ouvir o silêncio.
Redação do Momento
Espírita.
Em 8.11.2019.
Luz, Amor e
Gratidão
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