Aquela parecia ser
mais uma simples audiência de conciliação.
Numa briga de
trânsito, um homem havia agredido o outro.
O agressor, porém,
não compareceu à audiência. Dessa forma, não pôde se formalizar um acordo entre
as partes.
O juiz estava
pronto para sentenciar, aplicando severa multa, quando a esposa do agredido
pediu para falar.
Relatou a cena
terrível que acontecera e que fora presenciada pela filha, de apenas sete anos.
Narrou a mãe que a
menina estava em crise desde então. Chorava toda vez que o pai saía de casa,
entrava em desespero, temendo que ele fosse novamente agredido.
Atendimento
psicológico fora providenciado, desde algumas semanas sem nenhuma melhora.
Aquela esposa e
mãe desejava somente que se tentasse uma outra audiência para que o agressor se
desculpasse com o marido na frente da menina.
Era um pedido
inusitado. O juiz pensou por alguns instantes e, compreendendo o sofrimento no
coração materno, decidiu por marcar nova audiência.
Tudo poderia ter
terminado ali, com uma multa, pois não havia ocorrido a conciliação entre as
partes, mas o juiz preferiu ir adiante.
Chegando a data
aprazada, tudo estava diferente. Dessa vez, ambas as partes compareceram. Foi
sem titubear que o agressor abraçou o agredido e lhe pediu sinceras desculpas.
Explicou que
estava muito atarantado no dia do pequeno problema no trânsito. Estendeu suas
desculpas à esposa e ainda trouxe um pequeno presente para a menina.
Quinze dias
depois, a mãe retornou ao Fórum e pediu para falar com o juiz.
O senhor salvou a
minha filha! Ela está curada! – Disse com
a voz embargada.
Contudo, o
magistrado respondeu: Não fui eu. Foi a senhora. Eu jamais teria tido
essa ideia. Possivelmente o processo teria terminado com a aplicação de uma
multa ou qualquer outra penalidade mínima, visto ser infração de pequeno
potencial ofensivo.
A senhora, sim,
salvou a sua filha. Fizemos aqui uma verdadeira conciliação.
*
* *
Como nos
pouparíamos de tantos sofrimentos, se nos esforçássemos para encurtar o caminho
entre a ofensa e a reconciliação.
Na maioria dos
casos, vemos a vingança surgir como solução imediata e tresloucada, levando
ambas as partes a uma peleja que pode se estender por largo tempo.
Enlaçados pelo
ódio destruidor através dos dias, dos anos, o método de ataque e
vingança, dar e tomar, vai se tornando cada vez mais complexo e
difícil de ser resolvido.
Um dia, porém,
o basta chega e vemos quanto tempo, quanta energia e quantas
oportunidades foram perdidas em nome de uma suposta justiça.
Despertamos do
pesadelo construído por nós mesmos e percebemos como tudo poderia ter sido mais
simples, como tanto sofrer poderia ter sido evitado.
Assim, sempre
pensemos antes de iniciar uma disputa, antes de tornar uma desavença algo mais
grave. Vale a pena? Merecemos tanta aflição por causa desse mal?
Não importa de que
lado está a culpa. Importa somente sabermos de que lado está a paz.
Oxalá possa sempre
ser do nosso.
Redação do Momento
Espírita, com base em relato do Desembargador Jorge de Oliveira Vargas, no
canal do Tribunal de Justiça do Paraná, no Youtube.
Em 21.4.2020.
Em 21.4.2020.
Fonte: Momento Espírita
http://momento.com.br/
Luz, Amor e Gratidão
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