Joanna de Ângelis, da obra “Momentos
Enriquecedores”
Psicografia de Divaldo
Pereira Franco
Editora LEAL, Bahia, 1994
Quando a criatura se resolve por
diluir o véu da ignorância, que encobre a realidade da vida espiritual, começa
a libertar-se da mais grave cegueira, que é a propiciada pela vontade. Cegos não são apenas aqueles que
deixaram de enxergar; senão todos quantos se recusam a ver, sendo piores os que
fogem das evidências a fim de permanecerem na escuridão.
A vida, por sua própria gênese, é
de origem metafísica, possuindo as raízes poderosamente fincadas no mundo
transcendental, que é o causal. Expressando-se na condensação da energia, que
se apresenta em forma objetiva, não perde o seu caráter espiritual; elo
contrário, vitaliza-se por seu intermédio.
Quando a consciência acorda e as
interrogações surgem, aguardando respostas, as contingências do prazer fugaz e
sem sentido cedem lugar a necessidades legítimas, que são as responsáveis pela
estruturação do ser profundo, portanto, imortal.
Simultaneamente, os valores
éticos se alteram, surgindo novos conceitos e aspirações em favor dos bens
duradouros, que são indestrutíveis, e passíveis de incessantes transformações
para melhor, na criatura.
Desperta-se-lhe então a
responsabilidade, e a visão otimista do progresso assenhoreia-se de sua mente,
estimulando-a a crescer sem cessar. A sensibilidade se lhe aprimora e seu campo
de emoções alarga-se, enriquecendo-se de sentimentos nobres, que superam as
antigas manifestações inferiores, tais o azedume, a raiva, o ressentimento, a
amargura, a insatisfação...
Porque suas metas são imediatas, a
confiança aumenta em torno da Divindade e as realizações fazem-se primorosas,
conquistando sabedoria e amor, de que se exorna a fim de sentir-se feliz.
*
Quando a criatura se encontra com
a realidade espiritual, toda uma revolução se lhe opera no mundo interior.
Dulcifica-se o seu modo de ser e
torna-se afável.
Tranqüiliza-se ante quaisquer
acontecimentos, mesmo os mais desgastantes, porque sabe das causalidades que
elucidam todos os efeitos.
Nunca desanima, porque suas
realizações não aguardam apoio ou recompensas imediatas.
Identifica no serviço do bem os
instrumentos para conseguir a perfeita afinidade com o amor, e doa-se.
Na meditação em torno dos
desafios existenciais ilumina-se, crescendo interiormente, sem perigo de
retrocesso ou parada.
Descobre no século os motivos
próprios para a evolução e enfrenta-os com alegria, dando-se conta que viver,
no mundo, é aprender sempre, utilizando com propriedade cada minuto e
acontecimento do cotidiano.
Usa as bênçãos da vida, porém,
não abusa, de cada experiência retirando lições que incorpora às aquisições
permanentes.
Acalma as ansiedades do
sentimento, por compreender que tudo tem seu momento próprio para acontece; e
somente sucede aquilo que se encontra incurso no processo da evolução.
Aprende a silenciar, eliminando
palavras excessivas na conversação, e, logrando equilíbrio mental, produz o
silêncio mais importante.
Solidário em todas as
circunstâncias, não se precipita, nem recua.
Conquista a paz e torna-se irmão
de todos.
*
Quando a criatura compreende que
se encontra na Terra em trânsito, realizando um programa que se estenderá além
do corpo, na vida espiritual, realiza o auto-encontro, e, mesmo quando
experimenta o fenômeno da morte, defronta a vida sem sofrer qualquer
perturbação ou surpresa, mergulhando na Amorosa Consciência Cósmica.
*
Certamente, pensando em tal
realidade, propôs Jesus. - Busca primeiro o Reino de Deus e Sua justiça, e tudo
mais te será acrescentado.
Despertar para a vida é
imperativo de urgência, que não podes desconsiderar.
* * *
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