Escrito por Aventino Oliveira, Portugal – do site FÁTIMA MISSIONÁRIA
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"A fidelidade e o amor vão encontrar-se, vão beijar-se a paz e a justiça", proclama o salmo 85 na liturgia da missa do Domingo XV do tempo comum
Diz-nos o evangelho: “Naquele tempo, Jesus chamou a si os doze Apóstolos e começou a mandá-los em missão dois a dois” (Marcos 6,7). Chamou-os Cristo, preparou-os e, depois, enviou-os dois a dois a pregar a Boa Nova. Todos nós, homens, mulheres e crianças, fomos escolhidos, e todos nós somos enviados por Deus para fazermos um trabalho em prol da humanidade. O Deus Trinitário não pode aceitar egoísmos: todos temos de amar os outros com a prática das boas obras e da palavra consoladora. Não há excepções a este mandamento de Deus. Nenhum membro da humanidade é isento: chefes da sociedade, dirigentes de grupos, membros de famílias, indivíduos. Todos!
Na primeira leitura temos um enviado de Deus, alguém que o Senhor consagrou para ir entregar ao seu povo uma mensagem de bondade e justiça: o profeta Amós. A segunda leitura diz-nos que todos recebemos “bênçãos de sabedoria e inteligência”, dons que devemos usar para melhorar a situação do próximo: “Cada um ponha ao serviço dos outros o dom que recebeu” (1 Pedro 4,10).
É interessante ver como Cristo não só enviou os apóstolos. Deu-lhes um programa de trabalho. Programar a própria vida, incluindo naturalmente o aspecto espiritual, é algo de muito importante. Poderíamos trabalhar com um computador que não tem programas? Ao enviar os seus apóstolos, Cristo deu-lhes um programa simples e claro:
- Enviou-os dois a dois: o trabalho que eles devem fazer é um trabalho de comunidade e para a comunidade, não um projecto individualista.
- Deu-lhes poder sobre os espíritos impuros: o poder de eliminar, pela palavra e pelo exemplo, as impurezas, as falsidades, as injustiças, as desigualdades sociais, os egoísmos, numa palavra, tudo o que desfigura a comunidade.
- Ordenou-lhes que levassem consigo só um cajado. É fácil desejar acumular riquezas, mesmo enormes, em prejuízo dos outros, mesmo dos mais pobres. Tanta gente honesta a trabalhar para darem uma vida decente à sua família e outros a ganharem quantias ingentes de dinheiro que de forma nenhuma merecem, com a conivência dos dirigentes das nações.
- Não levarem duas túnicas: o que nos ensina a necessidade de partilhar com os menos avantajados. Negar-se a ajudar os necessitados quando tal se pode fazer, merece castigo natural. (Aliás, quanto mais se tem, menos se é.)
- Os Apóstolos pregaram que era preciso cada um arrepender-se. Arrependimento de todos os males e pecados, tanto dos indivíduos como dos grupos, das nações, dos povos... Nenhuma nação pode possuir riquezas enormes quando outras vivem na pobreza: os bens foram criados por Deus para toda a humanidade e não só para certos grupos ou raças que, malignamente, se aproveitam da impotência ou fraqueza dos outros.
- Os Apóstolos expulsavam os demónios. Espertalhão que ele é, o demónio encobre a sua existência a muita gente. Mas a palavra de Cristo é bem clara: pelas suas acções os conhecereis. O demónio trabalha de muitas maneiras, como as muitas formas de discriminação, de injustiça, de mentira.
- Os Apóstolos ungiam com óleo numerosos doentes e curavam-nos. Quantas pessoas tratam inúmeras formas de doenças nos hospitais, centros para idosos, centros de reforma de abusos como as drogas ou o álcool, cura de enfermidades psicológicas! Gente que tem o coração cheio do desejo de bem-fazer, indivíduos que compreendem e praticam a regra do Espírito Santo que diz que “os dons de Deus são para o bem da comunidade” (1 Cor 14,12). Gente que o Senhor enviou, como enviou os seus Apóstolos. Gente que escuta o murmúrio do Espírito no seu coração e na sua vida, tal como fazia a Virgem Maria de Nazaré. Gente que trabalha para um mundo melhor.
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