quarta-feira, 4 de maio de 2011

CONTINUEMOS SERVINDO

“Porque é a esses, que não recuam diante de sua tarefa, que vai confiar os postos mais difíceis, na grande obra de regeneração pelo Espiritismo”. “O Evangelho Segundo o Espiritismo”- Espírito de Verdade – Paris 1.862.

Carta do espírito Meimei no trigésimo aniversário de seu marido Arnaldo Rocha. Meimei foi em vida Irma Castro. Casou-se com Arnaldo aos 22 anos vindo a falecer 2 anos após. Desde então passou a se corresponder com seu marido através de cartas psicografadas pelo médium Chico Xavier. Irma assinava as cartas como Meimei, um apelido intimo do casal. Meimei é uma expressão chinesa que significa "amor puro". Mesmo vivendo em planos diferentes, Meimei e Arnaldo (Naldinho), viveram e vivem uma linda história de amor, coragem, abnegação e fé, mostrando que o verdadeiro amor é o que une dois seres espiritualmente, não apenas a matéria.


“Meu querido Naldinho,

Jesus nos ampare sempre no grande caminho da redenção.

Começo minha carta reportando-me ao seu aniversário.

Mais uma rosa brilhante nas primaveras de sua e nossa marcha. Não venho senão afirmar ao seu carinho o meu grande e afetuoso abraço, porque em verdade passei o 29 de agosto ao seu lado, misturando as minhas preces com as suas e rogando ao Senhor pela nossa felicidade.

Quanta mudança em dez anos, meu querido Miko! Sinto que ambos renascemos. De vez que, psiquicamente, somos quase irreconhecíveis.

Graças a Deus, nós dois descobrimos que a luz do amor fulgura além da morte e que a união espiritual supera o tempo – qual é contudo o tempo na terra -, mas na realidade, a separação compulsória nos transformou toda a paisagem de luta, tentando encontrar você. Surpreendi-me à frente da Humanidade, compreendendo que somente aceitando-a por família maior conseguiria recursos de prosseguir trabalhando ao seu lado, e você, meu inesquecível Latino, em me buscando encontrou a necessidade de construir um caminho para a nossa reintegração espiritual um no outro.

Só Deus sabe das aflições que nos povoaram o castelo de saudades nestes anos, de afastamento sob o ponto de vista material.

Assim me expresso com relação ao assunto porque você continuará sendo a estrela de minha caminhada, cavaleiro dos meus sonhos e invariavelmente herói de minhas esperanças. Por mais que se alonguem os dias, por mais se alterem os quadros evolutivos do círculo do trabalho em que vamos seguindo, imantados um ao outro, através das mesmas aspirações e dos mesmos ideais, observo que meu coração é sempre o mesmo junto do seu. Oro sobre a torre de seu espírito. Em sua companhia subo aos cimos do espaço, a fim de sonhar com o futuro, e desço ao solo para desatar pouco a pouco, as algemas que ainda nos retém à superfície da Terra.

Desnecessário será dizer que a minha felicidade é vê-lo contente e que as minhas preocupações apenas ressurgem se veladas de mágoas se ocultam em sua alma, que Deus me concedeu por abençoada moradia do meu encantamento e da minha fé.

Reconhecida a Jesus, sinto dilatar-se em mim o desejo de trabalhar, cada vez mais intensivamente, para que os nossos compromissos com o Alto sejam eficientemente desempenhados.

Seu entusiasmo é o termômetro de minha alegria. À medida que seu espírito se alastra no esforço, à maneira da árvore benfeitora, crescem no meu coração as flores da confiança.

Continue, amado Naldinho, no ritmo em que vamos avançando com segurança.

Em sua chegada vitoriosa aos trinta anos de nova etapa no plano físico, posso dizer a você que a maior felicidade que amealhamos no mundo é a das bênçãos que espalhamos com os outros.

Reconforto corpóreo, bens efêmeros, autoridade, recursos ilusórios, tudo é alguma coisa que um dia se confundirá fatalmente com as cinzas, mas o Amor Divino, em forma de serviço aos nossos semelhantes, é claridade que nãos e extingue.

Louvemos ao nosso Divino Benfeitor pelas oportunidades de aprimoramento que estamos recebendo.

Nossos trabalhos de intercâmbio com o plano dos desencarnados prosseguem triunfantes.

Na pauta de seu devotamento, as qualidades magnéticas positivas que enriquecem o seu verbo e as suas mãos desenvolver-se-ão com surpreendente poder para o êxito cada vez mais amplo em nossas tarefas.

Iluminemos o coração com a lâmpada acesa do amor, cada vez que a nossa palavra se dirija aos irmãos desencarnados, em turvação mental.

Lembremo-nos de que nos achamos à frente de enfermos, requisitando-nos compreensão e carinho.

Quem se atreveria, em nome da bondade, a cercar um náufrago desditoso com o manto da opressivo da curiosidade descaridosa, ao invés de oferecer-lhe pronto socorro?

Não lhe bastaria o tormento da agonia nas ondas escuras da morte?

Quem se dispõe ao amparo dos espíritos amargurados, em desânimo ou desespero, precisará erguer a própria alma à sublimidade do amor mais puro, a fim de ajudar com proveito.

Muitas vezes as objurgatórias e as reprimendas de grandes juízes não conseguem, junto dos irmãos transviados, um centímetro da renovação edificante suscetível de ser alcançada pelo estímulo carinhoso de uma simples frase paternal.

Todos nós possuímos desafetos do passado.

A Terra ainda não é a residência das almas quitadas com a Lei.

Todos somos devedores ou doentes em reajuste.

Por isso mesmo, em nos comunicando com os adversários ou companheiros do pretérito ou do presente, mergulhemos o entendimento na fonte cristalina da boa vontade com Jesus, para que as nossas palavras não soem debalde.

Só o amor atravessa as paredes compactas do cárcere em que a ignorância se agrilhoa à miséria, conduzindo aos antros sombrios de nossos velhos débitos a santificante claridade da libertação.

Sabemos hoje, Naldinho querido, que a nossa mente para evoluir sofre processos de transformação por vezes violentos e rudes, qual acontece à terra necessitada de carinho para produzir.

Nos círculos da natureza observamos o arado rasgando o solo e ferindo-o, e se a grande massa rochosa surge de improviso, impedindo o esforço do lavrador, notamos que a dinamite comparece, estilhaçando os obstáculos.

Assim também nossa inteligência não se modifica sem a dolorosa visitação da dificuldade e da dor.

A lâmina dos problemas inquietantes como que nos tortura, dia a dia, constrangendo-nos à compreensão mais justa da vida, e se o endurecimento espiritual e a nota de nossas reações ante a passagem da máquina purificadora do sofrimento, surgem os impactos diretos da aflição sobre a nossa experiência pessoal, desintegrando-nos antigas cristalizações no egoísmo e no orgulho.

Ofereçamos, assim, nosso coração ao Divino Lapidário que é Jesus.

Digne-se o Mestre fazer de nossa existência o que lhe aprouver.

Os golpes sublimes da Sua Vontade sobre os nossos desejos serão recursos de aperfeiçoamento da maior simplificação para o nossos grande futuro.

Se a dor procura, em forma de incompreensão do meio ou da máscara de tristes desilusões da Terra, abençoemo-la, acentuando a nossa fé viva em Nosso Senhor e continuaremos servindo ao próximo na medida de nossas possibilidades, porque a dor é realmente Divina Instrutora, capaz de elevar-nos da Terra para o Céu.

Nosso Grupo (1), para meu pobre coração, tem sido um jardim. De todas as nossas reuniões retiro-me sempre mais confiante, rociando as flores de nossa plantação com as lágrimas de minha imensa alegria.

Diversos amigos do nosso passado têm vindo, recebendo novas sugestões para o roteiro em que nos cabe voltar para Deus. E, juntos deles, outros irmãos de nossa grande e abençoada família humana vão entesourando conhecimentos novos. Você está registrando excelente aproveitamento às nossas opiniões no campo intuitivo e esperamos que as disponibilidades mediúnicas do nosso santuário cresçam, em breve, para maior rendimento de nossas tarefas habituais.

A sua alegria, depois do esforço de cada noite, é igualmente minha. O dever bem cumprido conduz-nos a consciência aos mais singulares e indefiníveis estados de felicidade.

O desdobramento dos serviços conversará conosco e a própria experiência ensinar-nos-á as lições de que venhamos a carecer para maior eficiência de nossos trabalhos em conjunto.

Você tem ajuntado verdadeiras fortunas de paciência no coração, mas, mediante as nossas novas responsabilidades, peço a você para duplicar as nossas aquisições de serenidade. Lembremo-nos de que estamos na condução, conduzindo por nossos Maiores, com a obrigação de conduzir vasta comunidade de irmãos.

A tarefa do doutrinador é muito semelhante à missão do professor que necessita sempre colocar cada aluno em lugar adequado, amparando-o com o melhor incentivo, sem jamais perturbar-lhe o vaso mental da receptividade.

Sinto, meu querido Miko, que as nossas responsabilidades se estendem, mas sem elas realmente a nossa felicidade não seria plena.

Pelos nossos, venho cooperando como é possível. Você sabe que a luz do sol, embora brilhe para nós todos, não penetrará num cofre que nosso capricho haja cerrado por todos os ângulos, e nós, em nosso séquito familiar, temos corações abençoados que se converteram em urnas fechadas, oferecendo os maiores obstáculos à nossa penetração.

Louvado seja Deus, porém esperamos que o tempo nos ajude a obter a chave imprescindível à libertação.

Tenho trabalhado por nossas irmãzinhas, sem jamais esquecer de nossa Ruth. Vistas daqui, as dores e lutas humanas são como os desafios à nossa amizade, mas a fé nova equilibra-nos o espírito na balança da compreensão e vamos reconhecendo gradualmente que todos nós somos viajores na escada da vida. Que o Senhor nos auxilie a escalar os degraus de nossa necessária ascensão.

Tenho orado por Georgette e Stella, devotadas amigas. Peço a Jesus lhes conceda a realização das esperanças mais altas com que comparecem na Espiritualidade, tocadas pelos problemas e pelas preocupações da luta material.

Nosso caderno chega ao fim.

Aproveito as linhas últimas para desejar a você todas as alegrias que a vida possa nos proporcionar.

Continuemos, Naldinho, para a frente, materializando, quanto nos seja possível, os princípios redentores que abraçamos.

O Senhor abençoar-no-á.

Nossa querida Nina (2) , está presente e deixa-lhe um grande abraço e, com essa lembrança, receba todo o amor e toda a ternura, com todo o coração de sua, sempre sua,

Meimei”


Psicografado pelo Médium Francisco Cândido Xavier no dia 06/09/1952



(1) “Nosso Grupo”: Referência ao Grupo Meimei, em Pedro Leopoldo, fundado em 31.07.52, dedicado exclusivamente ao intercâmbio e enfermagem espiritual nos dolorosos dramas de reajuste-obsessões.

(2) “Nossa Nina”: a boníssima benfeitora espiritual Nina Arueira. Desencarnada em Campos, RJ, em 1935, aos 19 anos. Era jornalista e escritora. Fundadora espiritual da Escola Jesus Cristo – Instituto Espírita de Cultura e Caridade -, fora noiva do querido amigp Clóvis Tavares.
Nota da Editora:
“Quanta mudança em dez anos...” – mensagem de 1952. Eles se haviam consorciado em 1942 (10/06), portanto aproximadamente havia 10 anos e 3 meses.
“Passei o 29 de agosto ao seu lado...” – data do aniversário
“...trinta anos de uma nova etapa no plano físico” – Arnaldo fazia 30 anos de idade
- Nina Arueira nasceu em Campos a 07/01/1916 e desencarnou em 18/03/1935 e a Escola Jesus Cristo foi fundada sob sua inspiração já em 27/10/1935, depois da primeira visita de Clóvis a Pedro Leopoldo.

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