Comumente ouve-se
justificativa para alguém escusar-se ao serviço de socorro ao próximo, como,
por exemplo, a alegação de que não é perfeito e, portanto, não possui as
condições exigíveis para o exercício das ações de enobrecimento.
Muitos indivíduos
alegam que carregam muitas culpas conscientes quanto inconscientes de gravames
que foram perpetrados e que os atiraram no poço da amargura, tomando-os
indignos de realizações elevadas.
Seria de
indagar-se, quais as qualidades exigíveis para a prática do amor nas suas
múltiplas expressões sob a inspiração do anjo da caridade?
Oferecer-se um
copo com água fria ao sedento, doar-se uma côdea de pão ao esfaimado, um vaso
de leite ao enfermo, modesta moeda ao necessitado, um gesto de compaixão, uma palavra
gentil, um aperto de mão, são tão espontâneos fenômenos humanos, que não exigem
elevados sentimentos morais, bastando somente o desejar-se auxiliar...
São tantas as
formas de exteriorizar gentileza e bondade, que não se toma indispensável uma
situação espiritual superior para apresentá-las.
Através da ação
fraterna e natural adquirem-se os títulos de enobrecimento moral, superando-se
as tendências perniciosas que escravizam o indivíduo, mantendo-o nas paixões
dissolventes, e que passam a diluir-se, quando ocorrem os atos de amor, cedendo
os espaços mórbidos à beneficência.
Certamente, a
culpa é algoz impiedoso que se esculpe na consciência e, à semelhança do ácido
corroi as vibras emocionais da sua vítima, enquanto é conservada.
Por essa razão,
deve ser racionalizada de maneira tranquila e diluída mediante as aplicações
dos valiosos dissolventes do amor em forma de edificação de outras vidas.
Quando alguém se
escusa a ajudar, não está sendo impedido pela culpa, mas pelo egoísmo, esse
genitor insensível da indiferença pelo sofrimento dos outros, distanciando-se,
na desdita em que se compraz, dos recursos eficientes para a aquisição da paz
interior.
Todos os seres
humanos, de uma ou de outra forma, carregam algumas culpas, inclusive aquelas
que lhes foram impostas pelas tradições religiosas absurdas, que se compraziam
em condenar ao invés de orientar a maneira eficiente de libertação dos
equívocos em que se tombava.
Dessa forma,
existem marcas psicológicas ancestrais que afligem, mas podem ser anuladas
mediante o conhecimento da realidade e dos legítimos valores morais que são as
regras de bem viver, exaradas no Evangelho de Jesus, e sintetizadas no Seu
conceito sublime, que é não desejar nem fazer a outrem o que não se
gostaria que lhe fosse feito.
* * *
A aceitação
honesta do fenômeno culpa pela consciência constitui excelente
aquisição emocional para o trabalho de diluição dos fatores que a geraram.
Uma análise
sincera do acontecimento produz compreensão em torno da ocorrência do fato
infeliz, levando-se em consideração as circunstâncias do momento, o estado
emocional em que se encontrava o indivíduo, a sombrapredominante...
O erro é sempre
resultado do nível de responsabilidade imposta pela consciência. Quando se
trata de algo planejado com objetivos perniciosos, certamente os danos
produzidos são muito mais graves, transformando-se em conflito psicológico de
ação demorada. No entanto, quando outros fatores imprevistos desencadeiam a
atitude maléfica, é compreensível que a responsabilidade se apresente menor.
Em face disso,
afirmou o Mestre de Nazaré: Mais se pedirá àquele que mais recebeu,
estabelecendo que o conhecimento é fator predominante em relação à responsabilidade
dos atos humanos.
A questão da culpa
é tão relevante que, analisando o drama da mulher surpreendida em adultério,
Jesus exarou o surpreendente conceito: ... E aquele que estiver sem
culpa, que lhe atire a primeira pedra.
É compreensível que,
seja qual for a forma como se deu a instalação da culpa, é sempre resultado da
longa aprendizagem a que o Espírito se encontra submetido no compromisso da
autoiluminação, transformando ignorância em conhecimento, instinto em
discernimento lógico e em razão, primarismo em sabedoria...
Já constitui um
passo significativo a sua identificação, que significa o começo da sua
superação.
Nenhum recurso
mais eficiente para a sua eliminação do que todo o bem que se pode fazer,
porquanto, o auxílio ao próximo, à comunidade, a contribuição ao bem estar
geral, proporcionam recuperação do equívoco de maneira judiciosa e edificante,
resultando em fator de progresso geral. Isto porque, sempre que alguém cai, que
se compromete, a sociedade com ele tomba, sendo natural que, ao elevar-se
alguém, com ele a sociedade se erga.
O auxílio
fraternal, portanto, é valioso contributo psicoterapêutico para a libertação de
quaisquer transtornos emocionais, ao tempo em que constitui eficiente método
pedagógico para a aquisição da harmonia interna com a consequente aprendizagem
em torno dos objetivos relevantes da vida.
Sacrifica, pois, a
comodidade disfarçada de conflito de culpa ou equivalente, e faze a tua parte
no concerto terrestre, modificando as estruturas atuais do comportamento social
e criando novas condições para o progresso geral.
A felicidade
somente se instalará na Terra quando as criaturas humanas compreenderem que o
auxílio recíproco é recurso precioso para o equilíbrio entre todos.
Enquanto houver
segregação, discriminação, miséria de uns e excesso de outros, exorbitância de
poder ou de fortuna em poucas mãos com a escassez na multidão, o sofrimento
permanecerá como látego sobre o seu dorso, até o despertamento consciente e a
mudança inevitável de conduta.
* * *
Aquele que dispõe
dos recursos superiores da existência como saúde, beleza, fortuna, lar feliz,
inteligência e conhecimento, não havendo feito o uso dignificante, retorna ao
proscênio terrestre, em situação de carência, a fim de aprender aplicação de
valores e solidariedade.
Nunca
desconsideres o poder dos pequenos gestos de bondade e de amor que fazem muita
falta entre os seres humanos.
Por mais
insignificantes que pareçam, constituem notas musicais da grande sinfonia da
vida vibrando no universo.
Toma parte na
extraordinária orquestra do bem, contribuindo com o que possuas.
Joanna
de Ângelis
Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira
Franco,
na tarde de 29 de maio de 2009, no G19, em
Zurique, Suíça.
Em
11.09.2009.
Fonte: Divaldo Franco
www.divaldofranco.com.br
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