Joanna de Angelis, da
Obra “Amor, Imbatível Amor”
psicografado pelo médium Divaldo Pereira Franco
O amor desempenha um papel preponderante na
construção de um ser saudável, sem o que a predominância dos instintos o mantém
no primarismo, na generalidade das expressões orgânicas sem maior controle do comportamento.
Crescendo ao lado da razão, o sentimento de
amor é o grande estimulador para o progresso ético, social e espiritual da
criatura, sem cuja presença se manteria nas necessidades primárias sem maior
significado psicológico.
Inato no relacionamento mãe-filho, como
decorrência de o último ser uma forma de apêndice da primeira, surge no pai
através do instinto de proteção à sua fragilidade e dependência, que se irá
desenvolvendo mediante a carga de emoção de que se faz acompanhar.
A medida que desabrocha e se desenvolve,
desvela as características individuais — do Espírito que é —, adquirindo e
assimilando os conteúdos do meio social em que se encontra e que contribuem
para a formação da sua identidade.
Tais fatores — inatos e sociais — estão
presentes na hereditariedade — são impressos pelos valores adquiridos em outras
existências, os quais se encarregam de modelar o ser — e decorrem da
convivência do meio em que se está colocado no processo da evolução.
A aquisição ou despertamento do Si, é o
grande desafio da existência humana, tornando-se condição de relevância no
comportamento do ser e nos enfrentamentos que deverá desenvolver.
O ser real, no entanto, está oculto pelo
ego, pelos condicionamentos, pelos impositivos sociais, sob a máscara da personalidade...
Descobri-lo, constitui um valioso desafio
de natureza interior, impondo-se um mergulho no inconsciente, de forma a
arrancar a realidade que se oculta sob a aparência, o legítimo escondido no
projetado.
A conquista de si mesmo proporciona alegria
e libertação dos sentimentos subalternos, conflitivos. Sempre vem acompanhada
da individualidade, quando se tem coragem de expressar sentimentos de valor —
sem agressões, mas sem temor de desagradar —, quando se assume a consciência do
Si e se sabe exatamente o que se deseja, bem assim como consegui-lo.
Ao adquirir-se a identidade, experimenta-se
uma irradiação de alegria, de prazer que contagia, sem o expressar em forma
ruidosa, esfuziante, tornando-se pleno e feliz diante da vida.
Essa conquista independe do poder, que
normalmente corrompe e deixa o indivíduo vazio quando a sós, nos momentos em
que o seu prestígio não tem valor para submeter alguém ou para impor a
subserviência que agrada ao ego, tombando no desânimo ou na revolta e
fazendo-se violento.
Na conquista de si mesmo surge um
magnetismo que se exterioriza, produzindo empatia e proporcionando sensação de
completude, resultado do amadurecimento psicológico e do controle das emoções
que fluem em harmonia.
A sua presença causa prazer nas demais
pessoas, enquanto que o indivíduo não realizado, não identificado, proporciona
estranhas sensações de mal-estar, de desagrado. O quanto é agradável estar-se
ao lado de alguém jovial, feliz, plenificado, dá-se em oposto quando se convive
com alguém pessimista, queixoso, inseguro.
Cada ser irradia o que é internamente.
Mesmo que muito bem apresentado pode produzir mal-estar, ou quando despido de
atavios e exterioridades, é susceptível de provocar agradáveis sensações.
A busca de si mesmo nada tem a ver com o
sucesso exterior, que pode ser adquirido superficialmente sem fazer-se
acompanhar do interno, que é mais importante, porque define os rumos
existenciais, prolongando os objetivos da vida.
Quando se busca o sucesso, o preço a pagar
é muito alto, particularmente pelo que se tem de asfixiar em sentimentos
internos, a fim de alcançar a meta exterior, enquanto que na busca da própria
realidade a nada se sacrifica; antes se desenvolve o senso de beleza, de
harmonia, de interiorização sem qualquer alienação. Essa viagem interior deve
ser consciente, observada, reflexionada, descobrindo-se os conteúdos emocionais
e espirituais que estão soterrados no inconsciente profundo, portanto,
adormecidos no Espírito.
Confunde-se muito a conquista de si mesmo, tendo-se
a falsa idéia de que ela surge após conseguir-se o poder, o sucesso, a vitória
sobre a massa.
Todas essas realizações são exteriores,
enquanto a auto-identificação tem a ver com a auto-libertação que, no caso, é o
desapego das coisas — o que não quer significar que seja o abandono delas, mas
o uso sem a dependência, a valorização sem a escravidão às mesmas —; às pessoas
que, embora amadas, não se tornam co-dependentes dos caprichos impostos; às
ambições perturbadoras que sempre levam a mais poder, a mais aquisição, a mais
inquietação.
Valores antes não conhecidos passam a
habitar a mente e a preencher as lacunas do sentimento, desenvolvendo aptidões
ignoradas e trabalhando emoções não vivenciadas.
Nessa incursão interior, descobre-se quem
se é, quais as possibilidades que existem e se encontram à disposição, como
desenvolver os propósitos de crescimento íntimo e viver plenamente em harmonia
consigo, bem como em relação com as demais pessoas e com a Natureza.
Ocorre nessa fase um peculiar insight, e
essa iluminação norteia a conduta, que se assinala pela harmonia e confiança em
si mesmo, nas suas atitudes, nas metas agora estabelecidas, trabalhando pelo
crescimento intelecto-moral.
A busca da identidade proporciona a
superação da massificação, ao tempo em que faculta o descobrimento da realidade
espiritual que se é, em detrimento da transitoriedade carnal em que se
encontra.
A vitória sobre o medo da doença, do
infortúnio, da morte produz auto-segurança para todos os enfrentamentos e a
ampliação do futuro, que agora não mais se apresenta no limite da sepultura, do
desconhecido, do aniquilamento, desdobrando metas incomensuráveis, que se
ampliam fascinantes e arrebatadoras sempre que esteja vencida a anterior.
A ansiedade cede lugar à harmonia, a
hostilidade natural é substituída pela cordialidade, a insegurança abre espaço
para a confiança, e o mundo se apresenta não agressivo, não punitivo, não
castrador, porquanto, aquele que é livre interiormente não tem obstáculos pela
frente por haver-se vencido, dessa
forma, tornando todo combate factível e
credor de enfrentamento.
Enquanto a busca do poder é exterior, a
insatisfação corrói o ser vitimado pela ambição fragilizadora, principalmente
por causa da presença inevitável e dominadora da morte que espreita e a tudo
devora, ameaçando as construções mais vigorosas da transitoriedade física.
Sem dúvida, a morte é um fantasma presente
nas cogitações dos planos de breve ou de longo curso, porque está sempre no inconsciente
humano, mesmo quando ausente na realidade objetiva.
A auto-conquista da identidade é também
vitória da vida imperecível, da realidade que se é, na investidura transitória
em que se transita.
Cada qual deve buscar-se através de
reflexões tranqüilas e interiorização consciente, perguntando-se quem e, quais
os objetivos que se encontram à frente e como alcançá-los, investindo alguns
momentos diários a exercícios de pacificação e manutenção de pensamentos
edificantes sejam quais forem as circunstâncias.
O auto-encontro dá-se, após esse labor,
naturalmente e plenificador, saudável e rico de harmonia.
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