Aquela parecia ser
apenas mais uma cerimônia de formatura de grau superior.
Muitas pessoas
reunidas para celebrar a conquista de seus amores. Nomes gritados com
empolgação. Convenções ritualísticas antigas, enfim, tudo que sempre se
encontra nessas celebrações.
Excelentíssimos,
ilustríssimos, discentes, docentes, todos estavam lá.
Os formandos, um a
um, desciam de suas cadeiras organizadas em fileiras atrás da mesa principal. A
cada nome, ouvia-se uma pequena algazarra de dez, quinze, vinte pessoas,
homenageando aquele jovem, em meio ao grande público, que só prestava atenção
quando ouvia o nome do formando que estavam prestigiando.
Seguia o
cerimonial. Mais um nome chamado e um silêncio profundo.
A formanda demorou
um pouco mais para chegar à mesa de autoridades. E o fez com o apoio de um
auxiliar da empresa organizadora do evento.
Ela recebeu o
diploma simbólico e o público, que até agora apenas esperava o momento de
felicitar seus parentes, iniciou uma demorada salva de palmas.
As pessoas estavam
surpresas: uma jovem com deficiência visual recebendo o grau de pedagoga das
mãos do representante da universidade.
Pensamentos
ganharam os ares do anfiteatro. Os mais objetivos e práticos pensavam: Como
ela conseguiu? Como conseguiu estudar? Como fazia as provas?
Outros, cépticos e
insensíveis, com a ideia de que ninguém consegue sucesso por merecimento
próprio, pensavam: Ela deve ter recebido ajuda dos professores, que se
apiedaram de sua condição. Oudevem ter facilitado sua vida para que
ela pudesse conseguir.
Muitos estavam
simplesmente com uma expressão de admiração em suas faces. Sensibilizados,
compreendiam que aquilo era possível: uma deficiente visual se formar na
universidade.
Sua comemoração,
com o diploma nas mãos, foi vibrante, digna de uma autêntica vencedora.
Prosseguiu a
cerimônia, iniciando-se as homenagens. Na homenagem a Deus, lá estava ela
novamente, levantando-se e sendo guiada até o púlpito.
Havia um brilho
especial em sua face. Uma alegria radiante vinda de um Espírito que enxergava
melhor do que todos aqueles que estavam ali, que viam apenas com o sentido da
visão.
Sua homenagem a
Deus foi emocionante e singela.
Seus dedos
passavam suavemente sobre os pequenos pontos em relevo da folha de discurso,
pontos criados por um outro jovem, o francês Luís Braille, no século dezenove,
e que se tornaram uma das janelas de acesso ao mundo para os deficientes
visuais.
Suas palavras eram
claras, sua dicção perfeita e sua mensagem divina. Ela agradecia a Deus por
estar ao seu lado naquela conquista. Seu coração mostrava ao mundo o verdadeiro
amor ao Criador, através de sua resignação e perseverança na existência.
Ela dizia, para aqueles
que não podem ver, que tudo é possível se persistirem, se lutarem e
não desanimarem.
E, sem palavras,
apenas com sua presença, dizia que há muito mais beleza neste mundo do que
podemos imaginar, e que sonhar sempre será preciso.
Ela dizia isso
para aqueles que ali estavam e que ainda não haviam aprendido realmente a ver.
Redação
do Momento Espírita.
Em 23.2.2015.
Em 23.2.2015.
Reblogado do website Momento Espírita
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