Conta uma lenda árabe
que um nômade do deserto resolveu, certo dia, mudar de oásis.
Reuniu todos os
utensílios que possuía e, de modo ordenado, foi colocando-os sobre o seu único
camelo.
O animal era forte e
paciente. Sem se perturbar, foi suportando o peso dos tapetes de predileção do
seu dono.
Depois, foram colocados
sobre ele os quadros de paisagens árabes, maravilhosamente pintados.
Na sequência, foram
acomodados os objetos de cozinha, de tamanhos diversos.
Finalmente, vários baús
cheios de quinquilharias. Nada podia ser dispensado. Tudo era importante.
O animal aguentou
firme, sem mostrar revolta alguma com o peso excessivo que lhe impunha o dono.
Depois de algum tempo,
o camelo estava abarrotado. Mas continuava de pé.
O beduíno se preparava
para partir, quando se recordou de um detalhe importante: uma pena de pavão.
Ele a utilizava para
escrever cartas aos amigos, preenchendo a sua solidão, no deserto.
Com cuidado, foi buscar
a pena e encontrou um lugarzinho todo especial, para colocá-la em cima do
camelo.
Logo que fez isso, o
animal arriou com o peso e morreu. O homem ficou muito zangado e exclamou:
Que animal mole! Não
aguentou uma simples pena de pavão!
* * *
Por vezes, agimos como
o nômade da história. Não é raro o trabalhador perder o emprego e reclamar: Fui
mandado embora, só porque cheguei atrasado dez minutos.
Ele se esquece de dizer
que quase todos os dias chega atrasado.
Outro diz: Minha mulher
é muito intolerante. Brigou comigo só porque cheguei um pouquinho embriagado,
depois da festinha com os amigos.
A realidade é que ele
costuma chegar muitas vezes embriagado, tornando-se inconveniente e até
agressivo.
Há pessoas que vivem a
pedir emprestado dinheiro, livros, roupa para ir a uma festa, uma lista
infindável.
E ficam chateados
quando recebem um não da pessoa que já cansou de viver a emprestar!
Costuma-se dizer que é
a gota d’água que faz transbordar a taça. Em verdade, todo ser humano tem seu
limite.
Quando o limite é
ultrapassado, fica difícil o relacionamento entre as pessoas.
No trato familiar, são
as pequenas faltas, quase imperceptíveis, que se vão acumulando, dia após dia.
É então que sucumbem
relacionamentos conjugais, acabam casamentos que pareciam duradouros.
Amizades de longos anos
deterioram. Empregos são perdidos, sociedades são desfeitas.
Tudo se deve ao excesso
de reclamações diárias, faltas pequenas, mas constantes, pequenos deslizes,
sempre repetidos.
Mentiras que parecem
sem importância. Todavia, sempre renovadas.
Um dia surge em que a
pessoa não suporta mais e toma uma atitude que surpreende a quem não se dera
conta de como a sobrecarregara ao longo das semanas, meses e anos.
* * *
Fiquemos atentos em
nossas atividades diárias.
Não deixemos que nossas
ações prejudiquem a outros, mesmo que de forma leve.
Não descarreguemos nos
outros a nossa frustração ou insatisfação.
Prezemos as amizades.
Preservemos a harmonia do ambiente familiar.
Sejamos, sempre, quem
tolere, compreenda e tenha à mão uma boa dose de bom senso.
Redação do Momento
Espírita, com base no texto
A pena de pavão, de Djalma
Santos,
do Jornal Laços
Fraternos,
Rio de Janeiro,
março/2004.
Fonte: Momento Espírita
www.momento.com.br
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