Nunca, antes de Jesus, o amor alcançara a qualidade de que se reveste,
nem fora propagado como recurso de valor inestimável para a vida.
Na legislação de todos os povos, desde a origem da sociedade terrestre,
sempre houve a preocupação de estabelecer-se códigos de respeito aos deveres
aos senhores, aos líderes de quaisquer expressões sem total submissão aos
poderosos.
Severa e destituída de misericórdia, impunham punições compatíveis com a
gravidade do delito, e, às vezes, maiores, tornando-se cruéis, como ainda hoje
infelizmente sucede em muitas nações atrasadas ou consideradas desenvolvidas,
tecnologicamente avançadas...
Quando se sentindo agredido o cidadão, normalmente abandona a roupagem
exterior da educação social e age com tão perverso grau de insensibilidade
emocional, que repugna a razão, tornando-se verdadeiro déspota nos períodos de
guerra ou de quaisquer outros conflitos, nos quais os seus interesses
egoísticos se encontrem em jogo.
Os servos, os camponeses, o povo em geral, os sofredores e miseráveis
sempre ficaram à margem, relegados ao abandono, longe de qualquer compaixão ou
misericórdia dos dominadores.
Utilizados para os serviços mais sórdidos ou encaminhados aos crimes
mais hediondos, permaneceram desprezados por séculos sucessivos... e quase até
hoje.
Desde Moisés a João, o batista, todos os profetas
e condutores do povo, dito eleito por Deus, usavam do respeito
pelo seu coetâneo e do ódio em relação àqueles que se poderiam
transformar em possíveis adversários em ocasiões imprevisíveis...
Ocasionalmente tratavam bem ao estrangeiro, não lhe permitindo porém uma
real integração na sua sociedade fechada e rica de privilégios...
O gentio era sempre mal visto pelos filhos de Deus que,
nesse conceito, não é Pai das demais criaturas...
Noutros povos do Oriente, de igual maneira, os sentimentos eram
equivalentes, variando entre a justiça parcial e acomodada aos deveres
imediatos, quase sempre sem os correspondentes direitos de que todos
devemdesfrutar....
Gregos e romanos, decantando a própria cultura, na filosofia e na ética,
na estética e na moral, na arte e na política, nos jogos e nas guerras, não
diferiam muitos dos orientais que, em algumas vezes, se lhes apresentavam na
condição de modelos a serem seguidos em razão da sua ancianidade.
Mesmo Sócrates, alcançando o elevado patamar da sapiência, exaltou a
liberdade de pensamento e de ação, a moral, os deveres para com a sociedade,
para com a pátria, em relação à sobrevivência espiritual, sem maior preocupação
com o amor na sua profundidade extraordinária...
Platão e Aristóteles, seu discípulo respeitável, filosofaram com
sabedoria, reflexionando com nobreza, mas não se afervorando ao amor capaz de
dignificar a vida e libertar o ser humano em torno das suas mais grandiosas
necessidades...
Os romanos, por sua vez, fizeram-se os deuses das guerras e
seus filósofos sempre exaltavam os seus feitos, embora os estóicos se
transformassem em lições vivas de respeito ao sofrimento, com exceção de
Sêneca, aos 65 anos, após escrever com beleza incomum obras humanas,
admiráveis, suicidando-se vergonhosamente...
As culturas e as civilizações sucederam-se como camadas de areia que se
acumularam sob a ação dos ventos das experiências evolutivas, sem que fosse
estabelecido o primado do amor, como sendo de essencial significado para a
iluminação do ser humano, os seus relacionamentos sociais, equacionando as
dificuldades que davam lugar às guerras lamentáveis, orientando para o valioso
recurso da solidariedade e da fraternidade, que sempre devem viger entre todos.
* * *
Israel, naqueles dias, respirava ódio, suspeitas fundadas e não
justificadas, traição, aparentemente abandonado por Deus, como
ocorrera no passado, durante a servidão no Egito e na Babilônia ou nos períodos
em que esteve seviciado por outros povos que lhe atravessaram as fronteiras
frágeis...
Nesse clima espiritual de ódio e de opressão, nasceu Jesus, e se iniciou
com Ele a era do amor, demonstrando que a sua força muda a direção moral do
planeta e dos seus habitantes sem a necessidade da agressividade, do crime, da
astúcia e da morte...
Erguendo-se na montanha exaltou, como jamais ocorrera antes nem volveria
a acontecer outra vez, os pobres e os oprimidos, os fracos e os miseráveis, os
perseguidos e os mansos, desde que se resolvessem por abraçar a justiça, o bem,
o amor, nas inolvidáveis estrofes da sinfonia das bem-aventuranças.
Nessa ocasião, o amor de Deus alcançou as multidões que se sentiam
desprezadas e esquecidas, e Sua voz salmodiou com esperanças e consolações
através de Jesus, em favor de todos aqueles que eram tidos como rebotalhos,
sendo que alguns deles sequer constavam nas anotações do Livro dos
Vivos...
Não se tratava porém de um amor piegas ou exaltado, mas de um sentimento
de ternura infinita e de solidariedade incessante, de forma que desaparecesse a
distância que os separava dos demais cidadãos respeitáveis, dos eleitos por
Deus...
Não se concentrou apenas nessa diretriz, indo mais além, conclamando ao
amor pelos inimigos, malfeitores, perseguidores, dando origem a uma visão
psicológica especial jamais dantes percebida.
Nesse amor aos ingratos e perversos, aos insanos pela inveja e insensatos,
Jesus demonstrou a excelência do sentimento que felicita aquele que o possui,
tornando-o realmente feliz, embora sendo a vítima e por isso mesmo.
O inimigo é um enfermo da alma, é alguém perdido em si mesmo, que não se
respeita e, por esta razão, se detesta, incapaz de vencer a mesquinhez em que
se refugia e a inferioridade moral de que se dá conta, transferindo essa
desdita para outrem, aquele que lhe é melhor, que considera acima do seu
patamar, comprazendo-se em malsiná-lo, infelicitá-lo, seguindo-o com fúria
animal...
Bem compreendido e amado, o inimigo torna-se um benfeitor daquele que
lhe padece a insânia.
Primeiro, porque se faz mecanismo de resgate dos erros transatos
cometidos contra a vida, que lhe pesam negativamente na economia moral-espiritual.
Em segundo lugar, por saber que o adversário vigia-o, segue-o, destila
vibrações deletérias na sua direção, que somente assimila se entrar em sintonia
com as mesmas, revidando-as com igual sentimento.
Assim vigiado, ouve a catilinária das acusações que lhe são feitas e
averigua a sua legitimidade ou não, retificando-se naquilo que mereça correção
e não considerando o que seja destituído de fundamento.
Sem afligir-se com a injustiça, alegra-se por poder compreender o
estágio em que o inimigo se encontra e as razões porque o persegue.
O amor aos criminosos é de alta magnitude pelo sentido de compaixão de
que se faz acompanhar, refrigerando a alma que o preserva.
Teste valioso de autodescobrimento, coroa os esforços íntimos em favor
da paz e da felicidade de todos, começando pelo adversário.
* * *
Ninguém antes concedeu ao amor a glória que merece, por ser a alma do
Universo no pulsar do pensamento divino, senão Jesus.
Vinculando todos os seres sencientes o amor expande-se na direção de
todas as coisas, mesmo as inertes, ensejando alegria de viver e razões para
lutar.
Pela sua extraordinária qualidade moral, Jesus viveu-o e fez-se o
Amor-não-amado, que nunca cessa de amar.
Tenta, portanto, o amor, em qualquer situação, quando falhem as outras
técnicas de comportamento, e nunca mais deixarás que ele esmaeça em tua mente e
no teu coração.
Joanna de
Angelis
Página
psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco,
na reunião mediúnica da
noite de 12 de novembro de 2007,
no Centro
EspíritaCaminho da Redenção, em Salvador, Bahia.
Em 15.10.2009
Fonte: Divaldo Franco
www.divaldofranco.com.br
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