Amanheceste chorando pelos que te não
compreendem.
Amigos rixaram contigo.
Nos mais amados, viste o retrato da
ingratidão.
Aspiravas a desentranhar o carinho nos
corações queridos, com a pureza e a simplicidade da abelha que extrai o néctar
das flores sem alterá-las, e, porque não conseguiste, queres morrer...
Não te encarceres, porém, nos laços do
desespero.
Afirmas-te à procura do amor, mas não te
recordas daqueles para quem o teu simples olhar seria assim como o sorriso da
estrela, descerrado nas trevas.
Mostram a cabeça encanecida, à feição de
nossos pais, são irmãos semelhantes a nós ou são jovens e crianças que poderiam
ser nossos filhos... Contudo, estiram-se em leitos de pedra ou refugiam-se em
antros, fincados no solo, quais se fossem proscritos atormentados.
Não te pedem mais que um pão, a fim de que se
lhes restaurem as energias do corpo enfermo, ou uma palavra de esperança que
lhes console a alma dorida.
Não percas o tesouro das horas, na aflição
sem proveito.
Podes ser, ainda hoje o apoio dos que
esmorecem desalentados, ou a luz dos que jazem nas sombras; podes estender o
cobertor agasalhante sobre aqueles a quem a noite pede perdão por ser fria,
aliviar o suplício dos companheiros que a moléstia carcome ou dizer a frase
calmante para os que enlouqueceram de sofrimento...
Sai, pois de ti mesmo para conhecer a glória
de amar!...
Perceberás, então, que a existência na Terra
é apenas um dia na eternidade, aprendendo a iluminá-la de amor, como quem anda
fazendo sol, nos caminhos da vida, e encontrarás, mais tarde, em cânticos de
alegria, todos aqueles que te não amam agora, amando-te muito mais, por te
buscarem a luz no instante do entardecer.
Meimei
Fonte: Bezerra de Menezes
http://www.bezerramenezes.org.br/
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