O crepúsculo descia num deslumbramento de ouro
e brisas cariciosas. Ao longo de toda a encosta, acotovelava-se a multidão.
Centenas de criaturas se aglomeravam ali, a fim
de ouvirem a palavra do Senhor, na paisagem que se aureolava dos brilhos
singulares de todo o horizonte pincelado de luz.
Eram velhinhos trêmulos, lavradores simples e
generosos, mulheres do povo agarradas aos filhinhos. Entre os mais fortes e
sadios, viam-se cegos e crianças doentes, homens maltrapilhos, exibindo os
vermes que lhes corroíam as mãos e os pés.
Todos se comprimiam ofegantes. Ante os seus
olhares esperançosos, a figura do Mestre surgiu na eminência enfeitada de
verdura, onde sopravam brandamente os ventos amigos da tarde.
Deixando perceber que se dirigia aos vencidos e
sofredores do mundo inteiro, Jesus, pela primeira vez, pregou as
bem-aventuranças celestiais.
Sua voz caía como bálsamo eterno, sobre os
corações desditosos.
Aila estava entre eles. Nunca ouvira alguém
falar assim. Algo naquele estrangeiro a encantava. O filho pequeno que
carregava nos braços, antes agitado, assustado com os ruídos externos da
multidão, agora estava calmo, de olhos abertos, como se também prestasse
atenção nas palavras do Mestre.
Em determinado momento, ela teve a impressão de
que seus olhares se entrecruzaram. Ele lhe parecia familiar... De onde O
conhecia?
Sentiu algo singular que lhe tocou as cordas
íntimas da alma. Parecia um convite... mas, um convite para quê?
Nesse exato instante, a voz marcante deixava no
ar as palavras inesquecíveis:
Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder
uma cidade situada sobre o monte.
Nem os que acendem uma candeia a colocam
debaixo do alqueire, mas no velador, e ilumina a todos que estão na casa.
Assim, resplandeça a vossa luz adiante dos
homens, para que vejam as vossas boas obras, e glorifiquem a vosso Pai que está
nos céus.
Ela, então, compreendeu o suave chamado: Ele
queria que ela fosse luz ao Seu lado.
* * *
Num planeta onde se fala de tanta sombra, de
tantas dificuldades, de tamanha noite na alma, temos ideia do que significa ser
a luz do mundo?
Parece algo pretensioso? Algo apenas para
grandes Espíritos?
Não, não se trata de ser a luz do mundo, isto
é, uma única luz que iluminará todas as trevas do globo. O que o Mestre quis
dizer foi que a claridade na Terra virá de cada um de nós, de nossas
potencialidades, de nosso esforço individual, de nossas virtudes.
Ele via em nós, em gérmen, tudo que tínhamos
ainda por desenvolver. Via na semente pequenina a certeza da árvore frondosa.
Seu recado era simples: Brilhe, deixe sair essa
luz que você já dispõe, não a esconda, não permita que suas imperfeições, suas
mazelas, o impeçam de irradiar essa luminescência grandiosa.
E Ele foi e é a prova viva de que isso é
possível, pois iluminou o mundo naqueles momentos benditos em que esteve entre
nós.
Ele se fez Luz do mundo e veio nos convidar a
sermos igualmente luz.
Redação do Momento Espírita,
com base no cap.11,
do livro Boa Nova, pelo
Espírito Humberto de Campos,
psicografia de Francisco
Cândido Xavier, ed. FEB.
Em 22.11.2017.
Fonte: Momento Espírita
www.momento.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário