O tilintar
do telefone acordou o casal, repentinamente. Os olhos se cravaram nos ponteiros
luminosos do relógio: meia-noite. A senhora tomou do fone e escutou uma voz:
Mamãe?
Com o
coração disparando no peito, ela segurou o fone com mais força e pressionou o
punho do marido.
Mamãe, eu
sei que é tarde. Mas não diga nada até eu terminar. Antes que você me pergunte,
eu andei bebendo sim. Quase perdi a direção e saí da estrada.
Fiquei
muito assustada. Pensei no tamanho da sua dor se um policial batesse à sua
porta para lhe dizer que eu estava morta. Eu quero ir para casa. Sei que você
está doente de preocupação. Eu deveria ter ligado há dias, mas estava com tanto
medo.
A senhora
tentou falar. Mas, em soluços, a voz quase em desespero continuou:
Por favor,
deixe-me terminar. Estou grávida, mamãe. Sei que não deveria estar bebendo
agora. Mas estou com medo. Com tanto medo.
O marido,
a essa altura, se erguera da cama e fora apanhar o telefone sem fio para poder
escutar o que estava acontecendo. Sentaram-se os dois na beira da cama.
Eu deveria
ter lhe contado, mamãe. Mas quando a gente conversa, você só fica dizendo o que
eu devo fazer. Lê todos aqueles folhetos como conversar com os filhos, mas só
faz falar. Você não me escuta. Nunca deixa eu lhe dizer como me sinto.
Porque
você é minha mãe, acha que tem todas as respostas. Mas algumas vezes não
preciso de respostas. Só quero alguém que me escute.
A mulher
engoliu o bolo que se formava em sua garganta e olhou para os folhetos sobre a
mesinha-de-cabeceira: Como conversar com seus filhos.
Estou
ouvindo, foi só o que conseguiu dizer.
Sabe, lá
na estrada, quando consegui controlar o carro outra vez, comecei a pensar no
bebê. Então vi o telefone público e foi como se pudesse ouvir você dizer que
ninguém deve beber e dirigir. Chamei um táxi. Quero ir para casa.
Que bom,
meu bem. As mãos do casal se
entrelaçaram mais fortemente e ela sentiu que o marido apoiava o que ela estava
falando.
A voz
soluçante continuou:
Mamãe,
acho que eu consigo dirigir. Eu quero ir para casa.
Não, falou ela. Espere o táxi, por favor.
O silêncio
se fez. Depois, ela ouviu o barulho de um carro chegando.
O táxi
chegou, disse a garota. Estou indo
para casa, mamãe. E desligou o telefone.
O casal,
com lágrimas a escorrer pelas faces, atravessou o corredor e se encaminhou para
o quarto de sua filha de dezesseis anos, que dormia, aconchegada entre as
cobertas.
O silêncio
sombrio fazia pesar o ar.
Precisamos
aprender a escutar. – Disse ela.
Ele a
virou para que ela o pudesse encarar.
E vamos
aprender. Você vai ver.
Abraçaram-se
e ela afundou a cabeça no ombro dele.
Será que
aquela garota, algum dia, vai se dar conta de que discou o número errado?
E a mulher
disse ao marido:
Talvez não
tenha sido tão errado assim.
* * *
Deus tem
extraordinárias formas de nos dar avisos importantes. Por vezes, pode ser, no
meio da noite, uma ligação errada. Uma voz em desespero, a filha de alguém que
pede ajuda.
Tudo isso
para nos alertar que poderia ser a nossa filha, se não mudarmos a nossa forma
de agir, de ser, de nos comunicarmos.
E sempre o
aviso chega a tempo de alterar a nossa rota de procedimento antes de um
desastre futuro.
Pensemos
nisso.
Redação do Momento Espírita, com base no cap.
O telefonema à meia-noite, de Christie Craig, do livro Histórias
para aquecer o coração das mães, de Jack Canfield,
Mark Victor Hansen, Jennifer Read Hawthorne e
Marci Schimoff, ed. Sextante.
Em 10.11.2014.
O telefonema à meia-noite, de Christie Craig, do livro Histórias
para aquecer o coração das mães, de Jack Canfield,
Mark Victor Hansen, Jennifer Read Hawthorne e
Marci Schimoff, ed. Sextante.
Em 10.11.2014.
Reblogado do website Momento Espírita
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