quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Momento Espírita: A DÁDIVA DA SEMEADURA


Foi num período de férias, quando toda a família foi para a praia. A Secretaria de Agricultura promovia campanha específica e distribuía mudas de plantas frutíferas.

Aquele pai de família parou o carro e recebeu uma muda de laranjeira.

Repentinamente, sua mente retornou aos dias da infância, no quintal em que se misturavam pessegueiro, figueiras, abacateiro, laranjeiras...

Ao retornar ao lar, na capital, o problema foi encontrar um local adequado para a muda, que se deveria transformar em produtiva árvore.

O quintal não era muito grande e o local escolhido foi à beira do muro da direita da casa.

Como a reviver os anos em que, garoto, subia pelos galhos das árvores, apanhando os frutos e saboreando-os, ali mesmo, Laertes, ansioso, passou a vigiar a mudinha.

Ela não se importou com aquela ansiedade. Foi se desenvolvendo, a pouco e pouco. Venceu o primeiro e rigoroso inverno.

Retornou verde, a galhada se espalhou, os anos rolaram. E, a cada ano, Laertes ficava à espreita de uma flor, uma simples flor, que haveria de se transformar em fruto.

Nada. Ele desistiu de esperar laranjas e passou a observar em que foi se transformando a laranjeira: uma árvore cheia de vida, na qual os pássaros vinham se abrigar e construir seus ninhos.

As sabiás foram as primeiras a se instalar, no meio daquela ramagem e construíram um ninho que, anualmente, era alugado por outras, que dele se serviam.

Interessante natureza. Laertes se acostumou à ocupação da passarada e à consolidação da árvore em condomínio barulhento.

Muito bulício no alvorecer e no anoitecer, como numa disputa pelos melhores lugares.

Pois quando arrefeceu a ansiedade do cultivador, a laranjeira resolveu florescer. E, numa bela manhã, ele observou um botão quase todo aberto e mostrando, no seu interior, um minúsculo ponto verde.

Logo mais, a árvore toda parecia uma grande floricultura, com flores brancas em pleno desabrochar.

Quando o mês de julho chegou na cidade, com seu manto de geada e ventos frios, a laranjeira estava carregada.

Parecia agora uma árvore de Natal, cheia de lâmpadas amarelas. Chegara o momento especial da colheita.

Os primeiros frutos receberam o tratamento da faca afiada, rompendo a casca, exibindo os gomos.

O mistério estava resolvido. A grande espera chegara ao fim. O fruto, de primeira vez tinha muito mais casca do que conteúdo.

Mas, nos anos seguintes, a árvore generosa continuou a produzir e produzir: laranjas doces, que resultaram em muitos copos de suco para a família.

No decorrer do tempo, ela viu crescer os pequenos, que se balançavam em seus galhos, que vinham se ocultar em sua ramagem, nas tardes de brincadeiras, lhe retirar os frutos...
*   *   *
Bem escreveu o rei Salomão de que tudo tem o seu tempo determinado e há tempo para todo o propósito debaixo do céu.

Há tempo de plantar e tempo de colher. Tempo de gozar do bem do seu trabalho.

Por isso, quando observarmos alguém, avançado em anos, no cultivo de uma árvore frutífera, tenhamos a certeza: ele não é um egoísta.

Não está plantando para si. Ele é um construtor do Universo. Um promotor do verde, do bem, da doação. Um exemplo.

Redação do Momento Espírita,
com base em narrativa
de Laércio Furlan e
com transcrição do
 cap. 3, versículos 1, 2 e 13 do
livro bíblico Eclesiastes.
Em 26.12.2016.

Fonte: Momento Espírita


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