Foi num período de férias,
quando toda a família foi para a praia. A Secretaria de Agricultura promovia
campanha específica e distribuía mudas de plantas frutíferas.
Aquele pai de família parou
o carro e recebeu uma muda de laranjeira.
Repentinamente, sua mente
retornou aos dias da infância, no quintal em que se misturavam pessegueiro,
figueiras, abacateiro, laranjeiras...
Ao retornar ao lar, na
capital, o problema foi encontrar um local adequado para a muda, que se deveria
transformar em produtiva árvore.
O quintal não era muito
grande e o local escolhido foi à beira do muro da direita da casa.
Como a reviver os anos em
que, garoto, subia pelos galhos das árvores, apanhando os frutos e
saboreando-os, ali mesmo, Laertes, ansioso, passou a vigiar a mudinha.
Ela não se importou com
aquela ansiedade. Foi se desenvolvendo, a pouco e pouco. Venceu o primeiro e
rigoroso inverno.
Retornou verde, a galhada
se espalhou, os anos rolaram. E, a cada ano, Laertes ficava à espreita de uma
flor, uma simples flor, que haveria de se transformar em fruto.
Nada. Ele desistiu de
esperar laranjas e passou a observar em que foi se transformando a laranjeira:
uma árvore cheia de vida, na qual os pássaros vinham se abrigar e construir
seus ninhos.
As sabiás foram as
primeiras a se instalar, no meio daquela ramagem e construíram um ninho que,
anualmente, era alugado por outras, que dele se serviam.
Interessante natureza.
Laertes se acostumou à ocupação da passarada e à consolidação da árvore em
condomínio barulhento.
Muito bulício no alvorecer
e no anoitecer, como numa disputa pelos melhores lugares.
Pois quando arrefeceu a
ansiedade do cultivador, a laranjeira resolveu florescer. E, numa bela manhã,
ele observou um botão quase todo aberto e mostrando, no seu interior, um
minúsculo ponto verde.
Logo mais, a árvore toda
parecia uma grande floricultura, com flores brancas em pleno desabrochar.
Quando o mês de julho
chegou na cidade, com seu manto de geada e ventos frios, a laranjeira estava
carregada.
Parecia agora uma árvore de
Natal, cheia de lâmpadas amarelas. Chegara o momento especial da colheita.
Os primeiros frutos
receberam o tratamento da faca afiada, rompendo a casca, exibindo os gomos.
O mistério estava
resolvido. A grande espera chegara ao fim. O fruto, de primeira vez tinha muito
mais casca do que conteúdo.
Mas, nos anos seguintes, a
árvore generosa continuou a produzir e produzir: laranjas doces, que resultaram
em muitos copos de suco para a família.
No decorrer do tempo, ela
viu crescer os pequenos, que se balançavam em seus galhos, que vinham se
ocultar em sua ramagem, nas tardes de brincadeiras, lhe retirar os frutos...
*
* *
Bem escreveu o rei Salomão de que tudo tem o seu tempo determinado
e há tempo para todo o propósito debaixo do céu.
Há tempo de plantar e tempo de colher. Tempo de gozar do bem do seu
trabalho.
Por isso, quando
observarmos alguém, avançado em anos, no cultivo de uma árvore frutífera,
tenhamos a certeza: ele não é um egoísta.
Não está plantando para si.
Ele é um construtor do Universo. Um promotor do verde, do bem, da doação. Um
exemplo.
Redação do Momento
Espírita,
com base em narrativa
de Laércio Furlan e
com transcrição do
cap. 3, versículos 1, 2 e 13 do
cap. 3, versículos 1, 2 e 13 do
livro bíblico Eclesiastes.
Em 26.12.2016.
Em 26.12.2016.
Fonte: Momento Espírita
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