Nossos
dias parecem feitos de momentos instantâneos. As coisas se transformam, as
necessidades se sucedem e se modificam, fazendo com que tudo pareça volátil e
fugaz.
Por vezes, nos parece
que a própria vida é nada mais do que uma leve impressão e que nada vale um
grande investimento, pois não há o que sobreviva ao descarte e a se tornar
obsoleto.
Talvez por isso alguns
de nós imaginamos que nossos relacionamentos também são descartáveis e fugazes,
nesses dias em que vivemos.
Acabamos aceitando a
ideia infeliz de que qualquer esforço de investimento nas pessoas parece algo
inútil, uma verdadeira perda de tempo, pois logo essas serão, ou poderão ser
substituídas.
Logo, é natural que
nossos relacionamentos não suportem as primeiras rusgas, não sobrevivam aos
primeiros embates, não ultrapassem os primeiros enfrentamentos.
Os investimentos da
paciência, da consideração, do carinho, perdem sentido, nesse insistente
descarte de tudo e de todos.
A amizade logo se
desfaz, o relacionamento não cria raízes, os laços não se apertam e os nós se
desfazem ao menor esforço.
Tudo isso porque
esquecemos de que, muito embora o mundo esteja veloz, a comunicação seja
instantânea, e a tecnologia se renove rapidamente, nossa mente e nosso coração
são os mesmos de sempre.
Nossas necessidades
emocionais em nada mudaram com a tecnologia.
A construção de nossos
sentimentos ainda se faz gradual e lentamente, como a cem, quinhentos ou mil
anos atrás.
Aprender a amar,
cultivar uma amizade, aprender a querer bem, tudo se faz em velocidades
medievais, poderíamos dizer.
Nada disso mudou no
século XXI. O mundo externo se transformou por completo. Nossas necessidades e
capacidades de amar são as mesmas.
Assim, cada vez mais se
torna importante que resgatemos o tempo a dedicar aos nossos amores.
Nenhum casamento se
fortalecerá sem o investimento de ambos.
Porém, se entre nossas
prioridades não há tempo e investimento suficiente para que a vida seja
compartilhada, natural que a relação feneça.
Se em nossos dias não há
prioridade e tempo para os amigos, como manter as amizades?
Ninguém pode esquecer
que a amizade se consolida lentamente, como quem cozinha no fogo brando,
através da conversa solta e fraterna, da visita despretensiosa que estreita
laços, ou do telefonema sem hora marcada mas que aconchega o ouvido.
Serão esses
investimentos lentos, graduais, que serão efetivos, pois que criarão raízes
profundas no coração.
Somente dessa forma
nossos laços conseguirão vencer o tempo e a distância, a ponto de nos
acompanhar para além desta vida, pois que permanecerão no coração.
O mais, o que
efetivamente é descartável ou volátil, isso ficará, se perderá no tempo,
ganhará esquecimento.
Entretanto, que nunca
aquilo que pertença ao coração ganhe a falsa impressão de também ser
descartável.
Porque, um dia, ao se
perder tudo, inevitável fator da vida, permanecerá em nós somente aquilo que
agasalharmos na mente e no coração.
Pensemos nisso.
Redação
do Momento Espírita.
Em 19.4.2014.
Em 19.4.2014.
Reblogado do website Momento Espírita
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