Umbanda, preciosa rosa que nasceu do jardim de Deus.
Uma rosa que,
numa roseira do altíssimo, vem nos proporcionar seu perfume a suavidade de suas
pétalas.
Contudo, para
que essa rosa desabroche na sua vida, é imperioso que antes tenha a capacidade
de compreender a existência dos espinhos e a extensão de seu caule,
vislumbrando-a como uma jornada a ser trilhada...longa, cansativa, mas que ao
seu final, encontraremos a famosa suavidade, a veludez das pétalas e seu
perfume inebriante.
Essa veludez é
o bálsamo dos Orixás e dos Guias, ofertados por Deus, que vem nos envolver,
confraternizando conosco, onde os Orixás junto à sua divinal irradiação e os
Guias, com sua amizade e sabedoria, transmutam o nosso viver, colocando-nos,
definitivamente no rol daqueles que compreenderam a filiação divina a que
pertencemos. Vem nos mostrar não que basta sabermos que temos um Pai Celestial,
ma sim que somos Filhos deste Pai amantíssimo e por conta disso, caminhamos
debaixo de Sua retidão e amor, conforme a sua imagem e semelhança. Ousando
viver como Jesus nos ensina quando o Príncipe da Paz nos diz “sede perfeitos
como o Vosso Pai Celestial é perfeito”.
Essa veludez é
o regaço abençoado dos que trabalharam, da primeira à última hora em prol de um
verdadeiro bem e não apenas de seus propósitos, de seus achismos e vaidades
mais íntimas, exteriorizadas justamente no momento em que, como João Batista,
temos que diminuir para que Ele cresça. Ou seja, no regaço daqueles que viram
cada irmão, indistintamente, como seu próximo, independente de credo, raça,
sexo ou qualquer sintoma de diversidade que é permitido ao homem, devido ao
Livre Arbítrio. Livre Arbítrio esse que é tão vilipendiado pelo homem,
invadindo o alheio e julgando-o como se fosse um pretenso juiz apontando o
caminho da forca ao réu que nada fez a não ser ter o direito de pensar
diferente. Livre arbítrio esse que é dado por Deus para cada um de nós, seres
existentes e criados à sua imagem e semelhança., contudo, ampla e infinitamente
respeitado por Ele. E o homem que constrói seu Deus à sua imagem e semelhança,
fazendo dele joguete de seus interesses, corrompe o livre arbítrio, a
individualidade de outrem e o ataca, abatendo-o moral e emocionalmente, pelo
simples e fatídico desejo de discordar e querer ser melhor.
Aqueles que
lutam pelo poderio das massas, que julgam, apontam e detonam a discordância,
propagando suas fagulhas venéreas pelo ar que respiramos, dificilmente poderão
sentir a veludez dessa rosa. Não agora, mas tarde com certeza...talvez bem mais
tarde, uma vez que há demasiada quantidade de espinhos no correr do caule para
ensiná-los o caminho da humildade, da compreensão e da identificação com quem
quer que seja, uma vez que fomos criados simples e ignorantes, visto em total
igualdade por Deus, que nos ama eternamente por igual.
Aqueles que
dizem que tudo é seu, que arvoram-se e argumentam o que é meu e o que não é de
ninguém, passam como as águas de um rio, envolto em pieguice melancólica, pois
achando que algo lhes pertencem, a vida vem e lhes ceifa a seiva do viver,
podando-o na romagem encarnatória do que mais achava ser importante para que
aprenda a caminhar dentro das sandália dos humildes e lavar os pés sujos dos
que caminham preocupados em chegar a Deus. Jesus lavou os pés dos
apóstolos e o homem cospe no caminho onde esses pés pisarão para atingir a
glória da evolução. Não acharão tão fácil o reino dos céus, consubstanciado
aqui, nas pétalas da humilde e singela flor que dá nome ao texto.
Esses estarão
ainda arraigados ao espinhaço da ignorância, feridos pelos pontiagudos
equívocos cometidos e, tal qual a causa e efeito divinal, se tornam nossa
própria espada da lei, empunhando-nos sua lâmina dilacerante, a fim de que
mortos sejam os familiares que mais mamamos, nossos maus hábitos. E ao mesmo
tempo que dilacera, aponta a caminhada a ser seguida, ardida como a urtiga que
coça e faz gemer, a fim de que pelo caminho escolhido, dos espinhos perfuradores
de egos centristas em si mesmos, possam aprender que a rosa lhes ama, mas lhes
quer puros e vibrantes de coração.
Passar pelos
espinhos é regra incondicional do ser humano, é imperioso que se vare esses
espinhos e sigamos celeremente ao encontro das pétalas. Contudo, estacionar
entre os espinhos é opção triste e enfadada do mesmo homem que, mesmo cansado
da roda das encarnações, ainda se apega aos seus delírios psíquicos, achando-se
mais realista que o rei, aprisionado em sentimentos escusos, afinando-se à
história bíblica, onde, como Adão, ousou um dia, diante da árvore do bem e do
mal, ser igual ou maior que Deus.
Pobre homem,
pois este se torna o próprio espinho, pois fere os seus com sua amargura e
infelicidade... e, diante da Lei, ao ferir e ferir-se, responderá sem dor ou
piedade, mas com tamanha justiça, pelos seus atos cometidos.
Vamos sentir o
perfume dessa rosa o quanto antes... vamos deixar que ele nos inebrie,
fortalecendo o ânimo e renovando nossos valores. Opiniões e comentários passam
a ser lamúrios de viúvas quando nos apegamos à matéria vivente e esquecemos do
espírito crescente. Contudo, quando consolidarmos no nosso coração que tudo
passa, que atos e falas banais de uma arte de 5ª categoria são passageiras e
corriqueiras experiências, estaremos livres da mesquinhez que nos atola na
terra molhada, sempre que pensarmos que já galgamos por muitas léguas o caule
da dita rosa.
A umbanda é
uma rosa... não podemos essa rosa com nossa insensatez, criando em nós os
espinhos que ferem aqueles que querem aurir dessa rosa a sua mensagem de
libertação. Periga sim, sermos nós os podados pela Lei e perdermos assim, mais
uma dentre tantas, a oportunidade emblemática da encarnação.
Cultivemos
essa rosa nas nossas vidas, mas por favor, nunca achando que a sua rosa é mais
perfumada que a do vizinho, pois muitas vezes é você quem tem um sério problema
de olfato.
Que essa linda
rosa que, como diz o ponto, “quem nos deu foi Oxalá”, perfume suas vidas e as
faça linda, cativante, sedutora, aparentemente frágil pela sensibilidade
natural da pétala, mas experiente e segura devido a tantos espinhos vencidos, e
madura tal qual a raiz forte que sustenta mais essa beleza da natureza. Essa
raiz é Deus.
Axé.
Sete
Encruzilhadas
05/04/2008
(Obra
Psicografada)
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