Sociável, o ser
humano se encontra equipado de instrumentos necessários à comunhão fraternal
através dos seus relacionamentos. Todavia, herdeiro da agressividade que nele
vigeu nos primórdios da evolução, prossegue com certa prepotência no instinto
de conservação da vida, tornando-se, com frequência, hostil e violento.
Invariavelmente
permanece armado em relação ao próximo, duvidando dos valores morais que servem
de roteiro a todas as vidas, quando seria ideal encontrar-se aberto à
afetividade para tornar-se amado.
Mesmo sendo
gentil, toda vez quando se sente incompreendido, logo pensa que poderá ser
exterminado, e, de imediato, dispõe-se a reagir, no processo inconsciente de
eliminar aquele que se lhe apresenta como ameaça à sua existência.
Acreditando-se injustiçado,
quando a agressão de que é vítima não procede, por faltarem os elementos que a
poderiam justificar, tomba no revide conforme as circunstâncias e os recursos
de que dispõe.
Utiliza-se, então,
de acusações indébitas, de calúnias, mediante as quais procura punir o
opositor, e crê estar atendendo ao dever da consciência saudável. Nos seus
padrões de lucidez, acredita que a sua defesa é uma necessidade, permitindo-se
a utilização de recursos procedentes ou não, como vingança ou, na sua visão
distorcida, justiça reparadora.
Em decorrência, o
conflito se lhe instala, porque lhe falta segurança íntima em torno dos
próprios valores, liberando o medo que escamoteia com habilidade, desse modo
compensando-se com as atitudes de agressividade. Em consequência, existem os
pequenos e os grandes conflitos, que resultam do volume de pacientes que
explodem ante as ocorrências para as quais não têm resistências morais a fim de
enfrentá-las com serenidade.
Noutras
circunstâncias, a depender do significado daquilo que considera como ofensa,
passa às reações semelhantes que no outro censura, culminando em lutas
corporais, crimes hediondos e guerras infelizes...
A ignorância das
Divinas Leis que programam as existências humanas de acordo com as suas
próprias ações, responde pela prepotência que facilmente comanda o
comportamento social.
Transferindo-se de
uma para outra existência no carreiro das reencarnações, o conflito domina a
vida íntima, devorando, não poucas vezes, as aspirações da beleza, do
progresso, das realizações dignificadoras da sociedade.
Todos indivíduos
experimentam conflitos, sofrem situações conflitivas que os afligem. Fazem
parte do processo evolutivo.
Desde o momento,
porém, que se deem conta do transtorno na área emocional, procure-se
enfrentá-lo com naturalidade e, de imediato, começam a diluir-se os fatores
causais, vencendo-se a injunção momentânea.
Para que assim
possam proceder, faz-se necessário ver o conflito com amor, entendê-lo na sua
gênese, treinando paciência e confiança em Deus.
*
Jesus asseverou
com propriedade: - No mundo somente tereis aflições; mas tendo bom
ânimo, eu venci o mundo.
Portadora de
profundo sentido é a Sua assertiva, por ensejar a reflexão de que a Terra é uma
escola de aprendizagem transitória e a luta que se trava tem como objetivo a
vitória sobre todas as paixões vis.
A maioria das
criaturas humanas, no entanto, desde a infância é educada equivocadamente para
vencer no mundo, isto é: triunfar no palco das apresentações competitivas,
tornar-se destaque, fruir prazeres inexauríveis, desfrutar de todos os gozos. A
imortalidade não encontra campo para desenvolver-se e a questão da vida após a
morte é deixada à margem, como se a ocorrência pudesse ser evitada ou não
existisse...
Quando algo não
concorre para esse imediato desiderato, permite-se o conflito que se lhe
assenhoreia e produz-lhe sofrimento.
Caso opte pelo
trabalho de autorrealização, o que equivale a dizer: incessante labor para
enfrentar as ocorrências menos agradáveis com certo grau de misericórdia,
superar o egoísmo e considerar que as alegrias transitórias são necessárias,
mas não as únicas manifestações que proporcionam plenitude, e estará vencendo o
mundo.
Jesus experimentou
a hostilidade gratuita e contínua de todos aqueles que se Lhe opunham, a
perseguição sistemática, a zombaria e o desagrado, mas não se deixou afetar
pela belicosidade dos Seus adversários, e por essa razão superou-os.
Levado ao
sacrifício, manteve-se sereno e permitiu-se o holocausto, vencendo a hediondez
dos conflitos coletivos que geraram os ódios e a violência contra Ele através
da misericórdia e da compaixão.
Fez-se exemplo
para todos que vieram depois e permanece como lição viva do não conflito.
*
Ante os conflitos
que te aturdem e afligem, trabalha o ego e desenvolve o sentimento de amor,
mantendo serenidade em todas as situações em que te encontres e perceberás que
para vencer no mundo não faltam os contributos da traição, da violência e do
desrespeito às leis. No entanto, para vencer o mundo e os seus conflitos, a
presença de Jesus na mente e na emoção bastará para equacionar os desafios.
Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Pereira Franco,
na reunião mediúnica de 15 de abril de 2015,
no Centro Espírita Caminho da Redenção,
em Salvador, Bahia.
Em 2.9.2015.
Fonte: Divaldo Franco
http://divaldofranco.com.br/