"O que pensar
desses anúncios vinculados em jornais ou panfletos distribuídos nas ruas que
prometem a solução de nossos problemas amorosos, financeiros e de saúde? Eles
funcionam mesmo? Trazem a solução tão desejada?
O primeiro (aspecto a
ser analisado) refere-se ao desespero da pessoa que necessita ou deseja a
solução. O segundo é ver envolvido o nome da Umbanda nessa questão.
Analisando o primeiro
aspecto, podemos desmembrá-lo também em duas vertentes. A primeira diz respeito
a compreensão da pessoa que por acreditar que seu problema não seja de seu
merecimento ou “culpa”, busca no externo a solução do mesmo. Pessoas que buscam
esse tipo de “atendimento” não têm menor noção de espiritualidade, de
merecimento, e não estão nem um pouco preocupadas com as conseqüências que este
tipo de envolvimento pode trazer, pois as desconhecem. Por acreditarem que o
seu problema é conseqüência de ações de terceiros, desafiam o próprio Deus,
dizendo-se não merecedoras do que estão passando.
Dentro de suas mentes
obnubiladas pela dor e sofrimento, querem uma solução rápida, mágica, que as
façam verem-se livres e felizes.
A segunda vertente diz
respeito especificamente ao sentimento do solicitante. Muitos pedem que “a
pessoa amada volte”. Ora, sabemos que quem ama realmente deseja somente o bem
do ser amado, portanto não irá fazer um pedido desta natureza. Outras pessoas
pedem que “fulano” perca o emprego, pois ele precisa trabalhar e o “fulano”
está atrapalhando; ou então pedem pelo desencarne de “beltrano”. Francamente!
Mas, esses “trabalhos” funcionam?
Certamente que sim! Não
para todos, mas para muitos ou alguns. Mas no fundo, no fundo, é imprescindível
que haja absoluta harmonia entre o solicitante, o executante, a
"vítima" e o astral inferior. Portanto obter o resultado desejado
apenas confirma a absoluta sintonia entre essas quatro coisas.
Mas quem executa esses trabalhos em nível astral?
Espíritos que trabalham
com forças trevosas, de baixo padrão vibratório e alta densidade perispiritual.
Espíritos altamente ligados à matéria, ao mundo encarnado. Não são desprovidos
de inteligência, muito pelo contrário, são desprovidos de luz, de esclarecimentos
da verdade eterna, de amor. Espíritos que saudosos de seus tempos na terra
ainda precisam se alimentar, fumar, beber, urinar, defecar, sentem-se
encarnados ainda, sentem dor, prazer sexual, etc. E para satisfazerem as suas
necessidades fisiológicas e outras intenções maléficas, reúnem-se em torno de
encarnados que poderão, por similitude vibratória, atendê-los em seus desejos e
aspirações.
Muitos se agregam aos
médiuns que por sua invigilância, cedem lentamente a essas aspirações. Eles são
ardilosos, chegam a fazerem-se passar por Exu, dando ao médium a impressão de
estar sendo assistido pelo seu próprio Exu. Por isso é tão importante que o
médium estude sempre e mantenha-se empenhado no caminho do bem e da caridade.
Dentro de sua ousadia,
esses obsessores envolvem o médium dando-lhe “poderes” e sensações prazerosas
em nível de terra. Atendem rapidamente as necessidades mais mundanas do médium
e se apresentam como “solucionadores” de diversas questões. Mas ainda não é aí
que começa a cobrança. O médium empolgado desvia-se ainda mais, começa a
procurar lugares onde haja o mesmo tipo de afinidade vibratória, e tudo que
estudou recebe outra conotação. Começa a atender pessoas em casa e se diz pai
ou mãe no santo e a pedir, sugestionado pelos obsessores, os elementos que irão
satisfazer as necessidades deles, e não vê nada de mal em cobrar também pelo
trabalho que irá executar. Afinal ele também tem as suas próprias necessidades
(jóias, carro novo, casa, etc), mas ter um emprego onde ganhe o seu sustento
que é bom, nem pensar, pois não teria tempo para se dedicar com afinco ao
serviço ao astral inferior (aliás uma das primeiras exigências dele).
A pessoa que foi pedir,
poderá ou não receber a “graça”, ou seja, a solução tão desejada, mas
certamente ela receberá algumas tantas companhias que turvarão ainda mais sua
mente já tão conturbada e perturbada pela dor. Neste caso em especial, não
receber a “graça” é que é a verdadeira graça, pois pode ser um sinal de que a
pessoa não está tão envolvida assim com a espiritualidade inferior.
O segundo aspecto desta
questão é quando envolvem o sagrado nome da Umbanda nestes trabalhos. A Umbanda
não se presta a este tipo de coisa. Quem assim o diz está desviado de seu
caminho. A Umbanda trabalha justamente para combater o astral inferior e não
compactua com obsessor, mas o orienta e doutrina, ao contrário também do que
muitos pensam. Portanto quem cobra por seus "serviços mediúnicos" e
compactua com esses pensamentos desviados, não é umbandista, porque a Umbanda é
a prática da caridade pela caridade, na busca da evolução.
No embate contra o
astral inferior a primeira linha que é utilizada pela Umbanda é a linha de Exu
e Pomba Gira, porque são as entidades determinadas pelo Astral Superior para
esse trabalho em função de suas características vibratórias, sua enorme
capacidade de manipulação energética e seu profundo conhecimento das armadilhas
do astral inferior. Exu trabalha para ascender às hostes superiores, ou seja,
para um dia vir a ser um Caboclo ou Preto Velho, portanto jamais irá se deixar
seduzir por armadilhas que ele tão bem conhece. Além do mais, Exu trabalha sob
as ordens de espíritos superiores que são os enviados de Orixá. Logo, por
dedução simples e lógica não faz sentido a afirmação de que Exu faz tanto o mal
quanto o bem, que não sabe diferenciar um do outro; isso significaria
inocência, coisa que está longe de ser uma das características de Exu; além de
significar que Exu seria um idiota, e não um espírito de luz, guardião e
defensor.
Exu é passional?
Sim, Exu é passional,
mas não é bobo e muito menos violenta o livre arbítrio de ninguém. Portanto,
Exu não bate, não exige oferenda especial nenhuma, utiliza sim os elementos
oferendados (padé e bebida alcoólica), única e exclusivamente para manipular as
energias volatilizadas para a consecução dos objetivos propostos pelo Astral
Superior, e o mesmo não propõe que o Exu beba através de seu médium, mas que
manipule a essência dos elementos oferendados em favor dos seus comandados,
estes sim mais apegados as necessidades terrenas.
Eis o motivo de Exu ser
tão mal compreendido. Eis o motivo da Umbanda ser tão execrada. As pessoas
leigas e os médiuns desprovidos de esclarecimento e orientação, deixam-se levar
por exemplos pouco louváveis e acabam misturando as coisas.
O tempo que alguns
médiuns perdem em querer aprender “fuxicos”, oferendas e agrados para os Orixás
e etc, deveriam usar para elevarem o seu próprio padrão vibratório e se
tornarem dignos de se dizerem umbandistas.
Mas nada acontece por
acaso, pois todas as vezes que a Umbanda é atacada ela ressurge, tal qual
fênix, das cinzas dos médiuns invigilantes, através da força dos que realmente
amam a Umbanda."
Por Mãe Iassan Ayporê Pery
11/02/2015
Fonte: Preto Velho na
Umbanda
http://pretovelhonaumbanda.blogspot.com.br/
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