Allan Kardec
Obras Póstumas,
Primeira Parte
1. Há um Deus, inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.
A prova da existência de Deus
temo-la neste axioma:
Não há. efeito sem causa. Vemos
constantemente uma imensidade de efeitos, cuja causa não está na Humanidade,
pois que a Humanidade é impotente para produzi-los, ou, sequer, para os
explicar. A causa está acima da Humanidade. É a essa causa que se chama Deus,
Jeová, Alá, Brama, Fo-Hi, Grande Espírito, etc.
Tais efeitos absolutamente não se
produzem ao acaso, fortuitamente e em desordem. Desde a organização do mais
pequenino inseto e da mais insignificante semente, até a lei que rege os mundos
que circulam no Espaço, tudo atesta uma idéia diretora, uma combinação, uma
previdência, uma solicitude que ultrapassam todas as combinações humanas. A
causa é, pois, soberana-mente inteligente.
2. Deus é eterno, imutável, imaterial, único, onipotente, soberanamente
justo e bom.
Deus é eterno. Se tivesse tido
começo, alguma coisa houvera existido antes dele, ou ele teria saído do nada,
ou, então, um ser anterior o teria criado. É assim que, degrau a degrau,
remontamos ao infinito na eternidade.
É imutável. Se estivesse sujeito
à mudança, nenhuma estabilidade teriam as leis que regem o Universo.
É imaterial. Sua natureza difere
de tudo o a que chamamos matéria, pois, do contrário, ele estaria sujeito às
flutuações e transformações da matéria e, então, já não seria imutável.
É único. Se houvesse muitos
Deuses, haveria muitas vontades e, nesse caso, não haveria unidade de vistas,
nem unidade de poder na ordenação do Universo.
É onipotente, porque é único. Se
ele não dispusesse de poder soberano, alguma coisa ou alguém haveria mais
poderoso do que ele; não teria feito todas as coisas e as que ele não houvesse
feito seriam obra de outro Deus.
É soberanamente justo e bom. A
sabedoria providencial das leis divinas se revela nas mais mínimas coisas como
nas maiores e essa sabedoria não permite se duvide nem da sua justiça, nem da
sua bondade.
3. Deus é infinito em todas as suas perfeições.
Se supuséssemos imperfeito um só
dos atributos de Deus, se lhe tirássemos a menor parcela de eternidade, de
imutabilidade, de imaterialidade, de unidade, de onipotência, de justiça e de
bondade, poderíamos imaginar um ser que possuísse o que lhe faltasse, e esse
ser, mais perfeito do que ele, é que seria Deus.
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