Joanna de Ângelis
psicografia de Divaldo Pereira Franco
Ninguém passa pela jornada
terrestre sem experimentar o cerco da ignorância e da imperfeição humana.
Considerado como planeta-escola,
o mundo físico é abençoado reduto de aprendizagem, no qual são exercitados os
valores que dignificam, em detrimento das heranças ancestrais que assinalam o
passado de todas as criaturas, no seu penoso processo de aquisição da
consciência.
Herdando as experiências
transatas nos seus conteúdos bons e maus, por um largo período predominam
aqueles de natureza primitiva, por estarem mais fixados nos painéis dos hábitos
morais, mantendo os instintos agressivos-defensivos que se vão transformando em
emoções, prioritariamente egoicas, em contínuos conflitos com o Si-mesmo e com
todos aqueles que fazem parte do grupo social onde se movimentam.
Inevitavelmente, as imposições inferiores são muito mais fortes do que aquelas
que proporcionam a ascensão espiritual, liberando o orgulho, a inveja, o
ressentimento, a agressividade, o despotismo, a perseguição, a mentira, a
calúnia e outros perversos comportamentos que defluem do ego atormentado.
Toda vez, quando o indivíduo se
sente ameaçado na sua fortaleza de egotismo pelos valores dignificantes do
próximo, é dominado pela inveja e investe furibundo, atacando aquele que supõe
seu adversário.
Porque ainda se compraz na
situação deplorável em que se estorcega, não deseja permitir que outros rompam
as barreiras que imobilizam as emoções dignas e os esforços de desenvolvimento
espiritual, assacando calúnias contra o inimigo, gerando dificuldades ao seu
trabalho, criando desentendimentos em sua volta, produzindo campanhas
difamatórias, em mecanismos de preservação da própria inferioridade.
Recusando-se, consciente ou
inconscientemente, a crescer e igualar-se àqueles que estão conquistando os
tesouros do discernimento, da verdade, do bem, transforma-se, na ociosidade
mental e moral em que permanece, em seu cruel perseguidor, não lhe dando trégua
e retroalimentando-se com a própria insânia.
Torna-se revel e não aceita
esclarecimento, não admitindo que outrem se encontre em melhor situação
emocional do que ele, que se autovaloriza e se autopromove, comprazendo-se em
persegui-lo e em malsiná-lo.
Ninguém consegue realizar algo de
enobrecido e dignificante na Terra sem sofrer-lhe a sanha, liberando a inveja e
o ciúme que experimenta quando confrontado com as pessoas ricas de amor e de
bondade, de conhecimentos e de realizações edificantes.
A calúnia é a arma poderosa de
que se utilizam esses enfermos da alma, que a esgrimem de maneira covarde para
tisnar a reputação do seu próximo, a quem não conseguem equiparar-se, optando
pelo seu rebaixamento, quando seria muito mais fácil a própria ascensão no rumo
da felicidade.
A calúnia, desse modo, é
instrumento perverso que a crueldade dissemina com um sorriso e certo ar de
vitória, valendo-se das imperfeições de outros cômpares que a ampliam,
sombreando a estrada dos conquistadores do futuro.
Nada obstante, a calúnia é também
uma névoa que o sol da verdade dilui, não conseguindo ir além da sombra que
dificulta a marcha e das acusações aleivosas que afligem a quem lhe ofereça
consideração e perca tempo em contestá-la.
* * *
Nunca te permitas afligir, quando
tomes conhecimento das acusações mentirosas que se divulgam a teu respeito,
assim como de tudo quanto fazes.
Evita envenenar-te com os seus
conteúdos doentios, não reservando espaço mental ou emocional para que se te
fixem, levando-te a reflexões e análises que atormentam pela sua injustiça e
maldade.
Se alguém tem algo contra ti, que
se te acerque e exponha, caso seja honesto.
Se cometeste algum erro ou
equívoco que te coloque em situação penosa e outrem o percebe, sendo uma pessoa
digna, que se dirija diretamente a ti, solicitando esclarecimentos ou
oferecendo ajuda, a fim de que demonstre a lisura do seu comportamento.
Se ages de maneira incorreta em
relação a outrem e esse experimenta mal-estar e desagrado, tratando-se de
alguém responsável, que te procure e mantenha um diálogo esclarecedor.
Quando, porém, surgem na imprensa
ou nas correspondências, nas comunicações verbais ou nos veículos da mídia,
acusações graves contra ti,sem que antes haja havido a possibilidade de um
esclarecimento de tua parte, permanece tranquilo, porque esse adversário não
deseja informações cabíveis, mas mantém o interesse subalterno de projetar a
própria imagem, utilizando-se de ti...
Quando consultado pelos iracundos
donos da verdade e policiais da conduta alheia com a arrogância com que se
comportam, exigindo-te defesas e testemunhos, não lhes dês importância, porque
o valor que se atribuem, somente eles mesmos se permitem...
Não vives a soldo de ninguém e o
teu é o trabalho de iluminação de consciências, de desenvolvimento
intelecto-moral, de fraternidade e de amor em nome de Jesus, não te encontrando
sob o comando de quem quer que seja. Em razão disso, faculta-te a liberdade de
agir e de pensar conforme te aprouver, sem solicitar licença ou permissão de
outrem.
Desde que o teu labor não agride
a sociedade, não fere a ninguém, antes, pelo contrário, é de socorro a todos
quantos padecem carência, continua sem temor nem sofrimento na realização
daquilo que consideras importante para a tua existência.
Desmente a calúnia mediante os
atos de bondade e de perseverança no ideal superior do Bem.
Somente acreditam em
maledicências, aqueles que se alimentam da fantasia e da mentira.
Alegra-te, de certo modo, porque
te encontras sob a alça-de-mira dos contumazes inimigos do progresso
Todos aqueles que edificaram a
sociedade sob qualquer ângulo examinado, padeceram a crueza desses Espíritos
infelizes, invejosos e insensatos.
Criando leis absurdas para
aplicarem-nas contra os outros, estabelecendo dogmas e sistemas de dominação,
programando condutas arbitrárias e organizando tribunais perversos, esses
instrumentos do mal, telementalizados pelas forças tiranizantes da erraticidade
inferior, tornaram-se em todas as épocas inimigos do progresso, da fraternidade
que odeiam, do amor contra o qual vivem armados...
Apiada-te, portanto, de todo
aquele que se transforme em teu algoz, que te crie embaraços às realizações
edificantes com Jesus, que gere ciúmes e cizânia em referência às tuas
atividades, orando por eles e envolvendo-te na lã do Cordeiro de Deus, sedo
compassivo e misericordioso, nunca revidando-lhes mal por mal, nem acusação por
acusação...
A força do ideal que abraças,
dar-te-á coragem e valor para o prosseguimento do serviço a que te dedicas, e
quanto mais ferido, mais caluniado, certamente mais convicto da excelência dos
teus propósitos, da tua vinculação com o Sumo Bem.
* * *
Como puderam, aqueles que
conviveram com Jesus, recusar-Lhe o apoio, a misericórdia, a orientação?
Após receberem ajuda para as
mazelas que os martirizavam, como é possível compreender que, dentre dez
leprosos, somente um voltou para agradecer-Lhe?
Como foi possível a Pedro, que
era Seu amigo, que O recebia no seu lar, que convivia em intimidade com Ele,
negá-lO, não uma vez, mas três vezes sucessivas?!
...E Judas, que O amava, vendê-lO
e beijá-lO a fim de que fosse identificado pelos Seus inimigos naquela noite de
horror?!
Sucede que o véu da carne
obnubila o discernimento mesmo em alguns Espíritos nobres, e as injunções
sociais, culturais, emocionais, neles produzem atitudes desconcertantes, em
antagonismos terríveis às convicções mantidas na mente e no coração.
Todos os seres humanos são
frágeis e podem tornar-se vítimas de situações penosas.
Assim, não julgues a ninguém,
entregando-te em totalidade Àquele que nunca Se enganou, jamais tergiversou, e
deu-Se em absoluta renúncia do ego, para demonstrar que é o Caminho da Verdade
e da Vida.
Joanna de Angelis.
Mensagem psicografada pelo médium
Divaldo Pereira Franco,na manhã de 29 de outubro de 2010, na Mansão do Caminho,
em Salvador, Bahia
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