sexta-feira, 7 de setembro de 2012

PERDAS

Pai João de Aruanda, 
da obra "Sabedoria de Preto Velho"
psicografia de Robson Pinheiro

Grandes perdas às vezes significam grandes decepções.

Mas como perdemos aquilo que não é nosso?

Meus filhos julgam, às vezes, que perderam um ente querido pela morte. Mas essa visão é errada. Solte o seu parente que você julga morto. Aprenda a libertar a sua alma e deixar que ele voe nas alturas de sua própria vida.

Muitos dos filhos acham que reter significa possuir. Engano. Na vida, o que possuímos de verdade é aquilo que doamos.

Se você desejar reter as almas queridas, através de suas emoções e sentimentos desequilibrados, você se transforma aos poucos em pedra de tropeço para aqueles que você diz amar.

Amor não é posse. Amar é doar, é libertar, é permitir que o outro tenha a oportunidade de escolher e trilhar o caminho que lhe é próprio. Amar é permanecer amando, mesmo sabendo que os caminhos escolhidos são diferentes do nosso.

Então, meu filho, você não perdeu ninguém, não perdeu nada. Perdeu, talvez, a oportunidade de aproveitar a experiência e aprender amar de verdade. Esse sentimento de perda é o maior atestado de uma alma egoísta.

Ame mais, meu filho. Liberte-se e procure ser feliz. Mas, pelo amor de Deus, deixe os outros prosseguirem e, assim, encontrarem também o seu caminho. Ainda que seja do outro lado da vida. Ou talvez desse mesmo lado. Quem sabe?

É preciso continuar amando. Mas é necessário que você entenda: seu tempo em companhia daquela alma que você diz amar já passou.

Aprenda de uma vez, meu filho. Toda posse, todo apego é caminho para a obsessão.

Pense nisso um pouco.

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