psicografado por
Divaldo Pereira Franco
Não poucas vezes, no
turbilhão da vida moderna de hoje, qual aconteceu na monotonia dos dias
transatos, a criatura humana tem a impressão de que se encontra a sós, lutando
contra a correnteza dos acontecimentos, que a leva inapelavelmente na direção
do abismo.
Falta de estímulo para
continuar na faina pela conquista do pão, desinteresse por si mesma, sofrimento
interior sem aparente explicação, ausência de compreensão dos amigos,
frustração ante as ocorrências que esperava lhe fossem favorecer com plenitude
ou paz, tormentos íntimos perturbadores, são fenômenos do dia-a-dia na agenda
de incontáveis criaturas, que se sentem desamparadas e solitárias...
A ausência de uma fé
religiosa robusta, que possa apontar o rumo da imortalidade, abre espaço para
comportamentos inquietadores, empurrando para a depressão e para a revolta
surda, silenciosa.
As aspirações
materialistas, trabalhadas pelos conceitos de felicidade sem jaça e de harmonia
sem desafios, transformam-se em desencanto, gerando cepticismo a respeito de qualquer
conquista que possa equacionar esses transtornos, submetendo-a ao açodar de
ressentimentos da existência e das pessoas à sua volta.
Enquanto o vozerio do
prazer enganoso e a gargalhada estentórica da alucinação no gozo imediatista,
dominam as paisagens humanas, convidando ao afogamento dos conflitos no mar
tumultuado da embriaguez dos sentidos, mais aflição desencadeia em quem se
encontra em angústia por ausência de objetivo existencial.
Sucede que o homem da
atualidade, após as conquistas externas que persegue, não se preocupou quanto
deveria pela autopenetração, descobrindo os valores que se lhe encontram
ínsitos, desenvolvendo-os e harmonizando-os com as aquisições de fora.
Priorizou demasiadamente a face material em detrimento da realidade espiritual,
agonizando, agora, nos favores do poder e do prazer, sem preencher-se de paz,
porquanto lhe ocorrem saturação e cansaço, enquanto permanece com sede de
realização íntima e de maior contato com a Vida em si mesma.
Confundindo a
transitoriedade do corpo com a eternidade do Espírito, desfruta das sensações e
das emoções do primarismo orgânico, sem as correspondentes expressões da
emotividade superior.
A arte, a cultura, a
tecnologia, o pensamento filosófico, vinculados ao impositivo de oferecer
respostas imediatas, perdem em beleza o que adquirem em agressividade,
expressando o momento moral do planeta, conduzindo à excitação e logo depois à
exaustão, sem contribuírem com harmonia, esperança, alegria ou paz.
Não se trata de uma
observação pessimista, mas de uma constatação de resultados, contabilizando-se
a hediondez do crime e da violência que se multiplica em toda parte, em
prejuízo da cultura e da civilização.
*
* *
No passado, quando a
Humanidade estorcegava sob a chibata do Império Romano, que dominava
praticamente o mundo, e o abuso do poder aliado à desgovernança moral dos
indivíduos, fomentavam o sofrimento de milhões de outros, veio Jesus, que
inaugurou a Era da esperança, prometendo jamais deixar a sós quem quer que nEle
confiasse ou que se entregasse a Deus.
A partir de então,
ninguém mais ficou em solidão.
Maria, a pecadora
arrependida, que se Lhe dedicou, experimentou vicissitudes diversas, mas nunca
ficou ao desamparo.
Pedro, reconhecendo a
loucura momentânea da negação, prosseguiu sem desânimo, e jamais deixou de
receber-Lhe a presença.
Saulo, tocado pela Sua
misericórdia, transformou-se, tornando-se-Lhe arauto incomparável, que O levou
a quase todo o mundo do seu tempo.
João, que Lhe permaneceu
fiel, prosseguiu amparado, e narrou-Lhe a saga incomparável, visitado pelo Seu
psiquismo afável e inspirador.
Mais tarde, Agostinho,
travando contato com o Seu pensamento, renovou-se, e fez-se piloti de segurança
da Sua mensagem.
Francisco Bernardone,
fascinando-se pelo Seu convite, experimentou padecimentos incessantes, nunca,
porém, a sós...
Terezinha de Lisieux,
tocada pela Sua palavra, dedicou-Lhe a rápida juventude, experimentando o Seu
apoio.
Tereza de Calcutá, em
Sua homenagem, tomou a cruz dos sofrimentos humanos e carregou-a nos ombros
frágeis até o fim da existência, sentindo-Lhe a força revigorante.
...E milhares de outros
exemplos, que se Lhe vincularam, conseguiram enfrentar todas as vicissitudes,
sem perder o entusiasmo ou jamais recear, com a Sua companhia.
Experimenta, por tua
vez, identificar-te com Jesus, penetrar-lhe os ensinamentos, reflexionar nEle,
assimilá-los, aplicando-os ao comportamento, e verificarás que uma
transformação vigorosa se operará em teu ser interior, propiciando-te coragem e
valor para prosseguires sem qualquer desânimo ou perturbação.
E quando te advierem as
lutas e os testemunhos, que são inevitáveis na economia espiritual de todos os
seres que rumam na direção do Infinito, e que não te pouparão, nEle encontrarás
amparo e estímulo para o prosseguimento com incomum alegria, aquela que
caracteriza todo aquele que se encontra viajando na direção do Grande Lar, e
espera o momento da chegada feliz.
Desse modo, não fujas do
mundo nem te atires a ele, buscando soluções que nessa conduta não encontrarás.
Reconsidera, portanto,
as tuas atuais atitudes, e experimenta renovação com Jesus, facultando-te uma
nova oportunidade para enriquecer-te de alegria de viver e poderes expandir o
teu pensamento e as tuas realizações.
*
* *
Quem O visse na cruz,
naquela tarde funesta e tenebrosa, entre dois ladrões e sob a zombaria dos
trêfegos e aturdidos do mundo, pensaria que estava diante de um vencido e
abandonado, que a morte logo iria colher. No entanto, Ele estava em vinculação
estreita com Deus, muito além das percepções humanas, cercado por legiões de
cooperadores espirituais do Seu reino, preparando-Se para a
libertação, a fim de logo mais retornar em gloriosa ressurreição, demonstrando
a Sua e a imortalidade de todas as criaturas.
Desse modo, quando te
sintas em abandono, aparentemente desamparado e sem amigos, sob sofrimentos e
angústias, pensa em Jesus, e jamais experimentarás solidão.
Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo
Pereira Franco,
na noite de 9 de julho de 2000,
em Paramirim, Bahia.
Publicada no Jornal
Mundo Espírita de maio de 2011.
Em 16.01.2012.
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