psicografado por Divaldo P. Franco
A sociedade hedonista
atual, vinculada ao consumismo exorbitante, no qual parece encontrar segurança
em relação aos conflitos existenciais, mantém atávica resistência a todas e
quaisquer expressões de fé religiosa, buscando mecanismos de fuga da realidade,
como afirmação de liberdade de expressão e de autorrealização.
Nada obstante, avança em
desabalada correria para as fugas psicológicas, tombando, não poucas
vezes, no vazio existencial, na depressão ou no consumo do álcool, do tabaco,
das drogas ilícitas, dos alucinógenos e dos desvios de comportamento sexual.
As castrações
decorrentes das religiões ortodoxas do passado prosseguem afligindo-a de tal
forma, que a simples lembrança de qualquer expressão doutrinária indu-la
ao pensamento das imposições asselvajadas dos regimes políticos ditatoriais, ou
quando se referem ao Espírito, ressuma inconsciente aversão, decorrente dos
abusos da fé arbitrária dos tempos recuados.
Pensa-se unicamente em
viver-se as comodidades defluentes da tecnologia e das ciências, sem dúvida,
portadoras de valores inestimáveis, mas nem por isso, únicas proporcionadoras
de harmonia e de completude.
O ser humano renasce
para a conquista da autoconsciência, para a superação dos arquétipos
perturbadores que lhe permanecem no inconsciente impondo diretrizes de
libertação que mais o afligem.
O prazer tornou-se o
novo deus, substituindo os deuses de outrora, e os ases dos esportes, do
cinema, da televisão, do poder, dos divertimentos, das fantasias, tornam-se
inspiração para as buscas atormentadoras, gerando mais conflitos que se tornam
epidêmicos.
Eles próprios, os novos
centuriões e gladiadores do Panis et circenses da velha Roma,
desfilam nos carros da alucinação e da glória de um dia, logo substituídos por
outros mais audaciosos, inumeráveis deles, porém, portadores de graves
transtornos psicológicos e psiquiátricos, que se opõem à ordem, à beleza, à
estesia, celebrizando-se pelas alucinações e agressões que lhes retratam a
violência e o desconforto interno.
Pergunta-se: - Para
onde segue a sociedade?
Os padrões éticos
destroçam-se nas aventuras chocantes e desastrosas em que malogram os novos
programadores dos destinos, dando lugar a tragédias contínuas, à violência e à
degradação dos costumes.
A juventude, sem a
assistência da família, opta pelo aproveitamento do tempo para o desordenado
jogo do prazer, especialmente quando os pais imaturos competem com os filhos
nos seus campeonatos de insensatez, entregando-se à exaustão dos vícios,
perdendo a infância que cede lugar ao amadurecimento precoce, invariavelmente
resultado da necessidade de competir desde muito cedo com os mais velhos,
aproveitando-se das oportunidades que lhes chegam...
Os tormentos sexuais
instalam-se-lhes prematuramente e as experiências dessa natureza sucedem-se,
sem qualquer controle, atingindo níveis de elevada frustração e de desencanto.
Sem o amparo do lar, os
jovens formam clãs primitivos, fogem para as ruas do desgoverno social,
entregando-se, na sua ignorância, curiosidade e inexperiência a toda sorte de
sensações apressadas.
Certamente, existem
exceções enobrecedoras, que mantêm o equilíbrio social e trabalham pelo
progresso com elevados sentimentos morais.
Referimo-nos, porém, à
devastadora cultura newtoniana e cartesiana estruturada no conceito da matéria,
cuja máquina expressa na organização física dos seres de todas as espécies,
demanda ao aniquilamento, em razão do desconserto de suas peças.
Como efeito, somente
apresenta validade o que pode ser apalpado, medido, programado, exatamente no
momento quando as conquistas da tecnologia avançada oferecem à reflexão o bóson
de Higgs, o mapeamento do DNA ou código da vida, a visão do universo
com os seus bilhões de galáxias, induzindo o pensamento a uma Causalidade não
física ou a uma assinatura de Deus nas expressões mais
extraordinárias da energia.
A alucinação pelo
conforto, no entanto, sempre transitório e frustrante, em razão da sua
fugacidade, que logo exige novas expressões mais fortes, deixa o indivíduo
distante dessas referências que induzem ao aprofundamento da mente nas causas
da vida e no seu significado, mantendo-o iludido quanto ao sentido da sua
existência planetária que, não sendo interrompida pela morte, para ela ruma...
Desse modo, quando as
forças físicas e mentais, emocionais e estruturais do corpo diminuem com o
advento das enfermidades inevitáveis e da velhice, a amargura, a revolta ou o
desespero mais se insculpem no âmago do indivíduo, que não se conforma com o
aniquilamento, nem a perda dos recursos propiciatórios dos gozos, agora, mais
difíceis...
Para todos os seres
humanos, entretanto, existe o Espiritismo com as suas portentosas demonstrações positivistas
em torno da sobrevivência do ser real, em torno do mundo legítimo e causal,
da programática existencial no cômputo das leis universais perfeitas,
elaboradas pela inteligência suprema e causa primeira de todas as
coisas, que é Deus.
Aos espíritas cabe a
desafiadora tarefa de apresentar a fé raciocinada e lógica legada pela
codificação do Espiritismo, de maneira a enfrentar o materialismo nos seus
significativos estertores, de maneira a atender a grande massa humana aturdida
por haver perdido o rumo religioso na neblina da ignorância e do dogmatismo.
Observando-se o
interesse dos astrofísicos em constatar a probabilidade de vida em outros
planetas ou quaisquer outros astros do Universo, qual ocorre com as
extraordinárias análises do solo de Marte, ora estudado pelo jipe robô Curiosity, deve
o ser humano reflexionar em torno da vida de maneira mais grave e não
superficialmente com indiferença qual vem ocorrendo com a quase generalidade.
Breve meditação em torno
do ser existencial e logo chega-se à conclusão do sentido da vida na Terra, do
seu magnífico programa educacional e de desenvolvimento da divina
fagulha de que se constitui, despertando-se para os valores éticos e
os objetivos reais, proporcionadores da harmonia interior e do equilíbrio dos
sentimentos com a razão.
A existência terrena é
mais do que um licor ou fel para serem tragados pela imposição nefasta do acaso
ou do destino injustificável.
Pode, sim, tornar-se uma
e outra coisa dependendo de como se considera a experiência fantástica do
viver, dela fazendo um vale de lágrimas das ultrapassadas
alegorias religiosas ou um paraíso de benesses das utopias
passadistas...
Desse modo, esta
filosofia científica, em razão dos seus fundamentos poderem ser demonstrados
nos laboratórios das experiências mediúnicas, que é uma ciência filosófica,
face aos seus paradigmas elucidativos em torno do ser, do destino e do
sofrimento, é, também, uma religião de profundos conteúdos psicológicos e
éticos centrados no amor, na auto conquista, na iluminação interior.
Investigá-la com
seriedade sem parcialismo é dever de todo ser inteligente que anela pela
autoconsciência, a fim de viver com discernimento e harmonia.
Vianna de Carvalho
Psicografia
de Divaldo Pereira Franco,
na manhã de 27 de
outubro de 2012,
em Sydney, Austrália.
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