Momento Espírita
Raul era oftalmologista.
Seus anos de clínica e cirurgia lhe haviam granjeado fama e dinheiro. Embora os
aplausos do mundo, os trabalhos premiados, era um coração bondoso.
Jamais perguntava ao
paciente se dispunha ou não de recursos amoedados para pagá-lo. Simplesmente o
atendia.
Estudioso e pesquisador,
os anos lhe permitiram aprimorar a técnica cirúrgica e, com alegria, via-se a
devolver a vista a cegos.
Seu mundo era a ciência,
a família, e seus inumeráveis enfermos.
Uma de suas filhas se
casou e se tornou mãe de uma linda menina. Os seus olhos eram formosíssimos e
Raul se apaixonou pela neta. Sempre que possível, a tomava nos braços, saíam a
passeio.
A menina, por sua vez,
adorava o avô.
Certo dia, a garota
adoeceu gravemente. A enfermidade lhe afetou os olhos. Raul não comia, nem
dormia. Ficava ao lado da doentinha, enquanto devorava os livros, buscando uma
forma de devolver a luz para os olhos que eram sua própria vida.
Sua habilidade conseguiu
fazer com que ela voltasse a enxergar com um dos olhos. Mas o outro deslocou-se
de sua órbita e ficou irremediavelmente perdido.
Raul pareceu
enlouquecer.
Logo ele, que devolvera
a vista a tantos, se via impotente ante a tragédia da neta.
Para que lhe servia a
ciência? – Perguntava-se. Para nada.
Acabrunhado, principiou
por negar a se alimentar. Alguns dias ainda se serviu de água. Depois, passou a
recusá-la também.
Murmurava entre dentes: Já
não sirvo para nada. E quando não se serve para nada, é melhor deixar o lugar
para outro.
Morreu de fome. Orgulho
e rebeldia o perderam. Uma vida tão cheia de bênçãos jogada fora.
O orgulho o cegou. Ao se
ver impotente para resolver o problema da neta, seu desespero chegou a um grau
superlativo.
Impossibilitado de
servir a quem tanto amava, preferiu morrer. Não pôde suportar a ideia de sua
pequenez, de seu poder limitado.
*
* *
O fato bem pode nos
servir de alerta. Quantos nos cremos o suprassumo da sabedoria e não nos damos
conta que, mesmo que abracemos a ciência toda da Terra, muito limitado ainda
será nosso saber.
Porque ante tantos
mundos, tanta luz e grandeza do Universo, podemos simplesmente nos considerar
alunos da grande universidade do infinito.
O verdadeiro sábio é o
que reconhece as suas conquistas, mas aquilata, igualmente, o quanto ainda lhe
é desconhecido. Por isso se empenha a cada dia a galgar mais um degrau no
conhecimento.
Para o homem, tem sido
algoz terrível o orgulho. Quantas mentes avantajadas, personalidades ilustres
têm se perdido pelo orgulho.
Orgulho que faz com que
a criatura se creia infalível, insuperável. E, contudo, somente Deus, o Pai, é
infalível, onipotente, por ser a perfeição absoluta.
*
* *
Todos os grandes heróis
do pensamento, os mártires da fé e os santos da renúncia para alcançarem o
êxito dos objetivos a que ligaram a existência, se firmaram na humildade, por
saberem do pouco valor que representavam ante as grandes diretrizes da vida.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Orgulho
também é um erro, do livro Reencarnação e vida, de Amália Domingo Soler, ed. Ide e no verbete Humildade, do
livro Repositório de sabedoria, v. 1, pelo Espírito Joanna de Ângelis,
psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL.
Em 16.5.2014.
Em 16.5.2014.
Reblogado do website Momento Espírita
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