- Os valores e a responsabilidade da fé.
Muito eles nos dizem
com o intuito de que possamos, através da repetição, pensarmos se houve
aprendizado ou estamos de recuperação na escola da vida. Nos questionam quais
são nossos objetivos? Quais são nossos reais compromissos? Quais são nossas
responsabilidades?
Pai Cipriano diz que
muito "Seu Cavalo" (médium) tem escrito e falado exaustivamente para
todos, inclusive para a mídia sobre a sociedade que tem exacerbado valores
materiais em detrimento dos valores espirituais. Que o homem tem brincado de
Deus, adaptando a fé as suas necessidades e interesses, assumindo para si até
mesmo o poder da vida e da morte de outro ser humano.
Será que estamos, de
fato, perdendo nossos valores espirituais e deixando a materialidade ser o
maior objetivo em nossas vidas? Estamos adaptando fé, a religião 'as nossas
necessidades? Onde fica a fé, Deus, a irmandade entre os seres humanos, o amor
ao próximo? Onde está nossa caridade, valores familiares?
- Deus e o servir: fé consciente.
Os homens tornam-se
cada vez mais "poderosos" desagradando a Deus. Ruim para Deus, ruim
para os homens.
Estamos colocando Deus,
Orixás, guias em uma posição servil . Para muitos os guias estão trabalhando
para o ser humano, e acreditam que eles precisam de nós para se manifestar,
para evoluírem... Não deveria ser ao contrário?
Somos nós que
precisamos servir a Deus, somos nós que devemos louvar e agradecer aos Orixás e
guias pela sua presença em nossas vidas. Nós é que precisamos evoluir e servir.
Mas fazemos de fato isso? Sabemos de fato agradecer a Deus, aos orixás e aos
guias? Ou só lembramos deles quando estamos com problemas?
Pretos-velhos e
sacerdotes não são bengalas. Isso é dito por eles constantemente, mas foi
aprendido?
Aprendemos de fato que
eles nos dão orientação espiritual, mas a caminhada, as escolhas, são nossas?
Entendemos o livre arbítrio, compreendemos a importância de nossas escolhas,
pensamos nas possíveis consequências de nossos atos e estamos prontos para
assumi-las sejam estas boas ou ruins?
Pai Cipriano diz que a
sociedade atual não difere da romana, com sua perda de valores... buscamos nas
ofertas, oferendas, sacrifícios cruentos e na fé interesseira, a solução de
nossos problemas. Porém, é preciso lembrar a importância das palavras (que saem
de nossas bocas naquilo que prometemos, nas responsabilidades que assumimos).
"João disse: ... no início era o verbo, o verbo era Deus, e o verbo se fez
homem."
A intenção do
pensamento se faz em palavras e atitudes; assim, não basta pedir ou pensar algo
e fazer o contrário, pois a palavra do pensamento irá se materializar em nossas
vidas, em nossos atos (nos bons e nos maus pensamentos).
Pai Cipriano diz e
ensina, na sua forma de preto-velho, a importância da atitude, da obra, da
pratica, e de uma fé consciente e inteligente, em que os guias e os Orixás não
são "bocas famintas" ou "barrigas vazias" a procura de
trocas, barganhas ou migalhas, em troca de oferendas quaisquer.
- Função da religião (não somente da Umbanda) em
nossas vidas.
Ele nos lembra sempre:
qual a função da religião, na ajuda e no benefício ao próximo; na disciplina,
dignidade e no valor humano?
As entidades e guias
não precisam nos satisfazer em tudo. Os assistentes nem sempre são crentes, às
vezes vêm apenas pedir, outras vezes são crentes e durante a busca eles louvam
e glorificam.
Louvar e glorificar é o
objetivo e o papel do crente.
Terreiro é comunidade,
Igreja significa comunidade, então todo terreiro é uma Igreja, uma assembléia,
uma comunidade que entrar em comunhão para louvar ou entrar em consonância com
as divindades na procura de ajuda (material e espiritual) e para pedir.
Pedir é algo que o
homem faz desde que se tornou homem; o erro não está no pedir, mas sim, no que
se pede. E o pedido não pode ir contra a consciência divina, a moral, os
valores, o respeito ao livre-arbítrio de cada um. Se o pedido vai contra essa
consciência divina, ai sim, perdemos o amor divino, o respeito ao significado
da própria fé e da religião, sua entre a Deus.
Hoje o homem não faz a
entrega (pede tudo e qualquer coisa, inclusive prejudicando ou tentando
prejudicar o próximo), não se dá ao próximo, não compartilha. Rompemos o
vínculo com o divino olhamos apenas para nós mesmos.
Foi avisado por Pai
Cipriano para trocarmos o ver pelo enxergar, a necessidade do comprometimento
com a fé e com o trabalho espiritual. Que o médium deve assumir deveres
diversos e cabe ao sacerdote orientar, ensinar e cobrar a participação dos
médiuns.
Não devemos confundir o
que é responsabilidade, o que é comprometimento e o que é entrega.
Aos ignorantes não há
compreensão do real valor de Deus. O mínimo necessário para que a manifestação
de Deus seja válida e forte em suas vidas, tudo foi resumido ao dinheiro, ao
bem-estar, a acumulação de bens... quem assim age e assim vive e consegue essas
coisas, é valorizado e se diz que Deus o está ajudando.
Muitas pessoas
desfrutam dessa visão, mas sem a responsabilidade para com o divino
(independente até da religião que professam). Poucos adquirem a consciência do
sacro-ofício, do se dar, do se importar uns com os outros. Veem apenas Deus por
$$$.
Pai Cipriano diz que
Deus começa e termina dentro de nós mesmos. Naquilo que pensamos em Deus e
materializamos em nossas palavra e atitudes.
- Entrego, aceito, confio e agradeço.
É preciso saber
vivenciar o que nos foi ensinado: entrego, aceito, confio e agradeço.
Nos é exemplificado que
"o livro da vida" existe espiritualmente e nós somos este livro.
Trazemos algumas páginas escritas por Deus, por nossas escolhas e atos; outras
páginas estão em branco e que deveram ser preenchidas ao longo de nossa
caminhada. A página seguinte pode estar escrita ou não. Sendo, 'as vezes,
consequência do que nós escrevemos anteriormente, do como superamos e mediamos
em nossos problemas.
O entendimento do
"livro da vida" manifesta-se o Carma (acontecimentos que irão
ocorrer: bons ou ruins) e do Darma (o modo, as circunstâncias pelas quais
lidaremos com os carmas), para seguir nossa caminhada na vida e entre nossos
semelhantes.
A religião irá nos
ajudar; mas não está ali para resolver todos os nossos problemas. É através da
religião que nos aproximamos do divino e conseguimos o equilíbrio para
entender, aceitar e manifestar nossas próprias escolhas, sejam elas boas ou
ruins.
Existe uma diferença
entre o se dar e se achar merecedor, assim como o de ser merecedor. Esta
diferença esta no que se aprendeu no caminho, na maturidade de saber que o
material e o espiritual nem sempre se encontram.
- O que queremos e o que merecemos.
Será que sabemos de
fato o que fazemos?
Não existem só caminhos
bons. Independente quantos milagres tenham sido feitos, poucos irão compreender
e aceitar que os problemas ocorreram e que estão vinculados as escolhas sejam
elas boas ou ruins.
Às vezes somos avisados,
mas, mesmo assim, negamos o ruim, pois só queremos o bom. Devemos entender que
não existe bem sem mal, ou mal sem bem; o importante é aprender como lidar com
ambos.
O grande fascínio de
viver é saber viver. Buscando na religião a fonte de ajuda para degustar os
momentos bons e ruins, aproveitando com plenitude a existência e sem amarguras,
culpas e medos.
Quando não se tem tudo
que se quer, devemos saber aproveitar o que se tem, do jeito que tem (seja
pouco ou até o mínimo, seja bom ou ruim).
Saber avaliar ações e
consequências torna mais fácil o trato com o ser humano. Daí a necessidade de
se por valores a cada escolha, a cada momento.
O que vale são as
conquistas verdadeiras. Lembrando que gentileza gera gentileza e devemos
praticá-la. Um ato de agressão e ofensa não deve ser devolvido, mas entendido e
levado 'a justiça (seja dos homens, seja a de Deus).
- Crença, fé, ação e trabalho.
Devemos questionar
sempre: esta forma me atende? Estou louvando da forma adequada? Estou servindo
a Deus ou me servindo dele? Estou ajudando aos meus semelhantes ou os usando
para meu benefício? Estou me dando a uma fé inteligente ou sendo cega e
buscando na fé benefícios próprios?
Sr. Tatá Caveira nos
diz: fé sem trabalho não serve para nada. Sem trabalho esta fé não tem força.
Sem consciência, valores, respeito, comprometimento, doação, inteligência, essa
fé se torna banal e manipulável, interesseira e corrupta. Não agrada a Deus ou
a seus representantes.
Aceitem se quiser o
desafio do Sr. Tatá:
"- Vocês acreditam
que basta somente a fé cega e tudo acontece? Pois bem, peguem um punhado de
terra em sua mão e com sua fé cega façam crescer dali um Baobá. Se conseguirem
não deixem de me mostrar. Pois aí acreditarei que só a fé cega basta."
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Vários
trechos transcritos de aulas e conversas de Pai Cipriano e do Sr. Tatá Caveira
com médiuns de nossa casa.
Sr.
Etiene Sales é sacerdote umbandista da Tradição de Umbanda de Pretos-velhos,
fundamentada no culto Omolokô. Escritor e cientista da religião.
Fonte: Preto Velho na Umbanda
http://pretovelhonaumbanda.blogspot.com.br/2013/05/uma-licao-de-amor-e-persistencia-de-pai.html
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