Foi no tempo em que a
Águia romana dominava o mundo. Nas praias do Adriático viviam miseravelmente
alguns barqueiros.
Eram homens rudes, assim
transformados pela miséria em que viviam e o trabalho árduo que desempenhavam.
Certo dia, um homem se
aproximou deles e lhes pediu um barco. Desejava atravessar o mar. Solicitou que
preparassem víveres, prometendo bem recompensá-los.
Os barqueiros,
conhecedores das manhas do mar, lhe disseram que impossível seria a travessia
naquela tarde/noite, pois grande tempestade se aproximava.
O desconhecido tinha
pressa. Insistiu. Afinal, ordenou. O som da sua voz atemorizou os homens que,
intimidados, embarcaram, iniciando a longa travessia.
Caiu a noite. O vento
começou a soprar e logo um grande temporal os envolveu.
Em meio às altas e
revoltas ondas, a embarcação não parecia nada além de uma casquinha de noz.
Os barqueiros se
mostravam atemorizados, insistindo nos remos, lutando contra as enormes vagas
que ameaçavam a fragilidade do barco.
O desconhecido
permanecia impassível, rente ao leme, envolto em seu manto, como se nada
estivesse acontecendo.
Percebendo que o pavor
se apoderava da tripulação, voltou-se para ela e falou com energia:
Estão com medo? Nada
temam. César está a bordo!
Foi uma surpresa para
todos. Conduziam Júlio César, o famoso conquistador.
Sentiram-se revigorados.
A esperança lhes renasceu e com músculos de ferro passaram a remar
intensamente.
Viviam longe das
honrarias palacianas, mas sabiam que aquele imperador, em mais de uma ocasião,
salvara centenas de soldados de situações perigosas.
Encorajaram-se e agiram.
Verdade é que o perigo era o mesmo. Exteriormente, nada mudara. Os ventos
continuavam a sibilar, agressivos, as ondas lambiam-lhes os corpos rijos, a
embarcação ainda estava em perigo.
Mas saber que o poderoso
romano estava com eles, que suas vidas estavam interligadas, fez-lhes renascer
o alento.
Mais tarde, o vento
cedeu, o mar acalmou-se e à noite terrível, sucedeu o dia.
* * *
Assim deveria ser nossa
confiança em Deus. Ainda que tudo parecesse perdido, irremediável, permanecer
com a certeza de que Ele segue conosco.
Não desanimar nunca. Não
desertar da luta, recordando da admirável frase do Apóstolo Paulo de Tarso: Tudo
posso naquele que me fortalece.
* * *
Mais de uma vez, a
simples presença de um homem incentivou outros tantos a prosseguir na batalha.
Durante a guerra civil
americana, o Presidente Lincoln visitou os soldados, nos campos, com o objetivo
de lhes levar novo ânimo, porque as tropas estavam com a moral muito baixa e já
lutavam sem vigor.
Se a presença de um
homem, de um líder, de alguém amado tem a capacidade de operar tais prodígios,
que não podemos aguardar da presença de Deus que se faz, em nós, todos os dias?
Redação do Momento
Espírita com base no
cap. César e o barqueiro, do livro Lendas do céu e da Terra,
de Malba Tahan,
ed. Melhoramentos.
Em 27.11.2009.
Reblogado do website Momento Espírita
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