A sinfonia da Boa Nova
encontrava-se no auge da sua musicalidade, enternecendo os corações antes em
angústia e confortando as mentes que se encontravam desarvoradas.
Em toda parte, no
abençoado solo de Israel, o doce canto penetrava a acústica das almas, da mesma
forma que o sândalo suavemente é absorvido por qualquer superfície porosa.
Tratava-se de uma
epopeia que atingia o clímax e nunca mais se repetiria na Terra, jamais
igualada em todo o seu esplendor.
A passagem iridescente
por onde Ele deambulava, enriquecia-se de belezas espirituais e uma permanente
aragem de esperança e de paz permaneceria assinalando as ocorrências ditosas.
Em madrugada que se
fazia bordada de luz, Ele reuniu os Seus, em Cafarnaum, às margens do
mar-espelho, e lhes explicou ternamente como seria o programa de
engrandecimento moral que estava traçado para toda a Humanidade.
Era necessário
empreender a desafiadora façanha de informar às gentes de todo lugar o seu
conteúdo invulgar.
Na Sua condição de rei,
deveria visitar as regiões bravias e difíceis de comunicação, nas quais
necessitava instalar os alicerces do reino, para tanto, enviaria embaixadores
que se encarregariam de anunciá-lO, de abrir clareiras nas selvas dos
sentimentos devastados pelas paixões primárias, proporcionando espaços para a
fixação dos pilotis do amor e da compaixão, sobre os quais seria erguido o
altar da caridade.
Aqueles eram dias de
egoísmo, de soberba, de intérminas batalhas nas quais predominavam os ódios e
as rixas perversas.
O ser humano era escravo
dos dominadores mais astutos e impiedosos, que os submetiam ao talante das suas
misérias morais interiores.
Não brilhava o sol da
esperança e muito menos a doce possibilidade de compaixão.
A miséria espiritual
transbordava, e as pessoas encontravam-se submetidas aos preconceitos, às
situações, de penúria e de abandono.
De certo modo, ainda
hoje é quase assim...
O processo da evolução
íntima do Espírito, que deve abandonar o primarismo de onde procede, na busca
dos alcantis do infinito, é longo e penoso...
Envolvendo os discípulos
selecionados para o mister especial, tocou-os, um a um, transmitindo-lhes a
santificada energia que O caracterizava, e esclareceu:
-Ide em paz e com
irrestrita confiança no Pai.
Nunca temais, seja o que
for, porquanto estais investidos do mandato superior e conseguireis avançar
imunes às agressões, às picadas dos escorpiões e das serpentes que ficarão
esmagados sob vossos pés, enquanto as vossas vozes calarão a agressão dos
Espíritos perversos, zombeteiros e causadores do pânico nas multidões
desavisadas...
Seguireis amparados
pelas legiões angélicas, encarregadas de trabalhar a Humanidade e nela renascer
através dos séculos para recordar e ampliar as sublimes propostas que
apresentareis.
Inspirar-vos-ão e
ouvir-vos-ão, num contínuo intercâmbio de amor.
Ninguém terá como
silenciar-vos as vozes, e todos se vos submeterão ao canto incomparável com as
revelações da verdade...
Depois, eu próprio vos
seguirei, fixando as estrelas do Evangelho no zimbório das almas em escuridão.
Abençoo-vos em nome de
meu Pai e despeço-me em paz.
*
* *
Eram setenta discípulos
preparados para a propaganda e difusão da Sua mensagem insuperável. Estavam
assinalados pela autoridade moral e identificados pelo profundo sentimento de
fraternidade.
Haviam renascido para
participar da grandiosa envergadura espiritual e deveriam trabalhar
enriquecidos pela alegria inaudita do bem fazer.
Quando o Sol diluía nas
águas doces e transparentes do mar os seus raios de ouro disparados com
certeira pontaria, eles partiram em cânticos de júbilos...
*
* *
A partitura imensa, na
qual estavam grafadas as harmonias da Boa Nova, alcançava aldeias humildes e
cidades orgulhosas, perpassavam pelos caminhos impérvios e se expandia pelas
estradas bem cuidadas, em perfeita identificação com o Cantor, onde quer que se
encontrasse.
A sociedade terrestre
sempre aflita e sofrida, que transpirava horror e decomposição espiritual,
passou a receber o bálsamo sarador e a força revigorante para que pudesse
superar a difícil conjuntura do seu estágio primitivista.
Ele inaugurava, naqueles
dias, a era das provas e expiações, proporcionando os recursos valiosos para
que se pudessem suportar as dificuldades da evolução.
O largo período de
selvageria e impiedade cederia lugar lentamente a uma fase nova de esperança e
de certeza de paz.*
Os dias correram céleres
na ampulheta do tempo e os embaixadores desincumbiram-se da responsabilidade
que lhes foi concedida.
Num entardecer de sol
desfiando plumas de luz de cor variada, eles retornaram exultantes.
Diante da multidão, na
mesma praia de Cafarnaum, de onde saíram, eles se apresentaram e depuseram:
Em toda parte proclamamos
a Era Nova, explicando que um reino de paz se acercava, iniciando-se no coração
do ser humano, e que avançará ditoso no rumo do futuro feliz.
Desafiados por saduceus
hipócritas e pretorianos insensíveis, perseguidos por fariseus fanáticos e cínicos,
assim como pela malta sempre revoltada, demonstrando o poder que nos foi
conferido, curamos as suas mazelas em nome do nosso Rei, submetemos Espíritos
vingativos, saramos feridas, restituímos visão aos cegos, audição aos surdos,
movimentos aos paralíticos e alegria aos tristes em momentos de inconfundível
ligação com Deus.
Nenhum mal nos
aconteceu, e sempre conseguimos anunciar o amanhecer de um novo tempo com os
olhos iluminados pela alegria e os corações pulsando felicidade.
Algumas cidades de prazer
e de loucura gargalharam das nossas palavras, mas sempre encontramos infelizes
à espera de compaixão e de ajuda.
Vimos rostos
desfigurados pela lepra sorrir de alegria e vidas despedaçadas recompor-se ao
toque da esperança.
A vossa palavra em nossas
bocas soava como cânticos nunca dantes enunciados ou ouvidos e nossas presenças
tornaram-se fortaleza para os fracos e apoio para os oprimidos.
Estão lançadas as
balizas do reino que Vos pertence, Senhor!
Jubiloso,o Rabi sábio
novamente os abençoou, e dirigindo-se à massa em expectativa emocionada,
lamentou:
Ai de ti, Corazim! Ai de
ti Betsaida! Porque, se em Tiro e em Sidon se tivessem operado os milagres que
em vós se fizeram, há muito que elas se teriam arrependido, assentadas em pano
de saco e cinza.
Contudo, no juízo,
haverá menos rigor para Tiro e Sidon, do que para vós outras.
Tu, Cafarnaum,
elevar-te-ás, porventura, até o céu? Descerás até o inferno?
Leve palor tomou-Lhe a
bela face, como resultado da percepção de que as grandiosas Corazins e
Betsaidas do futuro, por largo período prefeririam o bezerro de ouro àave
de luz do Seu amor.
*
Passaram-se muitos
séculos. Seus embaixadores continuam renascendo em todas as épocas, proclamando
a Boa Nova, e os ouvintes permanecem moucos com os sentimentos enregelados nas
paixões vergonhosas.
Em consequência,
acumulam-se as nuvens borrascosas na imensa Galileia moderna, a Sua voz
continua chamando vidas para o Seu reino, enquanto o corcel rápido da fantasia
e da luxúria, é conduzido pelos seus cavalgadores na direção dos abismos...
Ai de vós, que tendes
ouvido e visto o amanhecer de bênçãos e optais pela triste noite de pesadelos e
de horror!
Os embaixadores estão ao
vosso lado: cuidai de ouvi-los, quando se inicia o período de regeneração da
Humanidade!
Amélia Rodrigues
Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na reunião da noite de 16 de
julho de 2012, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.
Em 2.1.2013.
Reblogado do website Divaldo Franco
Link desta mensagem: http://www.divaldofranco.com.br/mensagens.php?not=311
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