segunda-feira, 30 de junho de 2014

Joanna de Ângelis: FRAGILIDADE HUMANA

Joanna de Ângelis

O invólucro material, em razão da sua pesada estrutura, bloqueia muitas faculdades que são inerentes ao Espírito, quando esse reencarna no orbe terrestre. 

Valores éticos e condutas saudáveis adormecem nos painéis do inconsciente atual, tornando-se necessário especial treinamento para transformar os seus vestígios, em forma de tendências, em manifestações lúcidas que possam assomar à consciência. 

Nada obstante, em razão das heranças do primarismo, com mais amplitude expressam-se, predominando, de alguma forma, em sua natureza animal. 

Arraigadas, as paixões primevas fazem-se mais difíceis de serem eliminadas, por haverem criado automatismos que se tornam hábitos aceitos e de contínuo praticados. 

Denominem-se todos os indivíduos quantos assim se encontram como seres fisiológicos, pela característica dominante dos instintos básicos, não direcionados os sentimentos, ainda, para a razão que os pode transformar, facultando-lhes substituição pelas emoções, num estágio superior de reflexão e de comportamento com objetivos relevantes. 

O ego vigoroso libera a sombra que o segue e as heranças morais doentias dominam-no, permitindo o prolongamento do estágio primitivo. 

Costuma-se justificar a falência dos compromissos elevados com o velho chavão de que a carne é fraca, concedendo-lhe predomínio no direcionamento da conduta moral. 

O ser humano é a essência que comanda a máquina orgânica, que se lhe submete, na exceção compreensível dos fenômenos do automatismo biológico, devendo a mesma conceder-lhe direcionamento equilibrado. 

Se o Espírito ainda permanece adormecido no campo da sua consciência, sem empreender o esforço para o despertamento, repete as existências físicas em um círculo vicioso, sem maior proveito, até quando as Leis da Vida impõem-lhe as expiações retificadoras. 

A reencarnação tem, pois, por objetivo essencial proporcionar o desenvolvimento ético-moral do ser profundo, liberando-o das anfractuosidades primitivas que lhe impedem expressar em plenitude. 

O diamante bruto guarda a estrela refulgente na sua intimidade, e, para libertá-la, sofre a lapidação. 

Como decorrência dessa condição primária, o ser humano que se permite a condição, aceitando-a, sempre é frágil diante dos desafios, tombando na vala do erro, do crime e da perversidade em que mais se compromete. 

Aquele, porém, que se trabalha, elegendo a trilha saudável do bem proceder, faz-se indivíduo psicológico, porque nele destacam-se as manifestações do equilíbrio ético, dos valores dignificantes, da sábia manifestação mental, dos instrumentos conhecidos como virtudes. 

A busca das virtudes e a sua consequente incorporação no cerne do ser é a meta que deve ser vivenciada, facultando o estado numinoso, de conquista do reino dos céus.

*   *   *
Surpreendes-te com a degradação de companheiros que se apresentam com boa compostura exterior, sem a real vivência de tudo quanto aparentam no seu aspecto formal. 

Produzem-te desencanto as defecções morais dos amigos nos quais confias, não correspondendo às qualidades que tipificam o cidadão correto. 

Ralam-te os sentimentos os comportamentos inadequados, soezes, daqueles que sorriem e mentem, afagam-te e traem-te, expressam-te amizade e censuram-te pelas costas. 

A fragilidade humana é responsável por esses acidentes espirituais dos viajores desprovidos das riquezas interiores. 

Esses amigos ainda não conseguem conduzir-se em segurança no patamar da honradez. 

A paixão e a atração onzenária continuam seduzindo-os e arrastando-os aos desvãos da desonestidade. 

Em consequência, sintonizam com outros Espíritos infelizes que os assessoram, seus cômpares talvez de ontem, mas que os aguardarão amanhã após a sua desencarnação. 

Não te constituam motivo de desânimo, porque, em contrapartida, outros Espíritos nobres movimentam-se ao teu lado, sustentando-te os esforços e os ideais de beleza e de vida. 

O mau exemplo de alguns deve servir-te de lição para que porfies nos compromissos elevados que abraças. 

Apieda-te dos desonestos, dos desertores, dos que enganam, considerando as resistências morais frágeis que se permitem com a concordância da consciência anestesiada. 

Despertarão mais tarde açodados pela culpa, seguidos pelas suas vítimas clamando por justiça. 

Ninguém foge de si mesmo.

Aqueles que sempre transferem as responsabilidades dos seus deslizes aos outros, não se conhecem, e, na sua insânia, acreditam-se vítimas, apresentam-se como sendo perseguidos. 

No âmago do ser, porém, eles sabem, eles vivem despidos de aparências enganosas perante a sua razão. 

De tua parte, faze-te forte, embora a condição humana, porquanto cada qual torna-se o que cultiva, o que aspira, aquilo por que luta. 

Supera as tentações de qualquer natureza pelo bem proceder e jamais te arrependerás. 

A traição do infiel não pode produzir-te dano, porque ele é quem carrega a responsabilidade do ato infeliz. 

Nunca te facultes o ressentimento em relação aos que te enganam e te vilipendiam, porque estarias vitalizando-lhes a maldade, dando-lhes a atenção que eles desejam. 
Há temperamentos humanos ardentes e de efêmera duração. Assemelham-se ao fogo, que se nutre do combustível que consome, tudo reduzindo a cinzas, quando acaba a chama e o calor.

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Há temperamentos humanos suaves como a água gentil em delicada corrente, que dá vida, sustenta-a e permanece fluindo. 

Comparando-os, na sua condição evolutiva, são seres fisiológicos e psicológicos, respectivamente. 

Cabe-te adotar a melhor conduta em tua existência, que te fará arder, aniquilando-te, ou nutrir, vitalizando-te e seguindo sempre contigo. 

Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Pereira Franco, em sessão mediúnica de
2 de maio de 2012, no Centro Espírita Caminho da Redenção,
Salvador, Bahia.

Em 3.12.2012.

Reblogado do website Divaldo Franco




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