Joanna de Ângelis
Abraçando os
ideais de enobrecimento, pensa-se que todas as criaturas estão vibrando no
mesmo diapasão do progresso e que, em consequência, haverá uma natural adesão
em torno dos objetivos relevantes que devem conduzir as vidas para os
altiplanos da felicidade.
O ser humano
é um conquistador insuperável, fadado às estrelas que lhe estão ao alcance, na
medida em que se empenha por alcançá-las.
Desde a
descoberta do fogo e do invento da roda, o seu mundo jamais foi o mesmo,
alterando os seus padrões de comportamento e de convivência no rumo de melhores
resultados.
Mediante o
esforço e o raciocínio que se lhe foi desdobrando – a Divina Presença no cerne
do ser! – levantou-se e começou a avançar na direção do Infinito, ora sob dores
acerbas, noutros momentos em júbilos inexcedíveis, conquistando espaços e
adquirindo conhecimentos.
Renascendo
em contínuo processo de crescimento intelecto-moral, vem acumulando as
experiências que se transformam em bênçãos que deve esparzir pelos caminhos
percorridos, deixando pegadas apontando o porto de segurança que se encontra
sempre à frente.
Quando
atraído pela mensagem libertadora de Jesus, porém, modificam-se-lhe as
paisagens interiores e alteram-se-lhe os interesses, ampliando-lhe as
possibilidades de ser útil, conseguindo um significado especial para a
existência.
Nada
obstante, porque se movimenta num planeta igualmente de provas e de expiações,
não se pode furtar à psicosfera que lhe é peculiar, nem às injunções que o
caracterizam.
Compreensível,
portanto, que nem todos aqueles que navegam na mesma barca da evolução estejam
firmados em propósitos de edificação nobilitante, alguns ainda detendo-se em
estágio inferior, assinalados pelo primarismo de que se fazem portadores.
Indiscutivelmente,
o processo de transformação interior, no qual os instintos cedem lugar aos
valores da razão e da consciência, é lento, ainda mais, tendo-se em vista que
nem todos os viandantes da indumentária material iniciaram-se no empreendimento
espiritual no mesmo instante.
Procedentes
de especiais momentos da evolução, incontáveis, inevitavelmente, encontram-se
em patamares diferentes, que explicam as diversas aspirações que os tipificam.
Felizes
aqueles que já compreendem os impositivos da existência terrena, após vencerem
os impulsos agressivos que lhes conferiam a sensação de dominadores do mundo e
que o sentido exclusivo da vilegiatura carnal seria conquista dos prazeres e
das sensações que mais os agradam.
Aqueles que
são mais fisiológicos do que psicológicos, detêm-se nas faixas das paixões
primevas e, mesmo quando a consciência se lhes desperta, prosseguem vivenciando
um período de transição, que ainda lhes não permite uma visão perfeita da
realidade. Embora ansiando por algo melhor, competem, quando deveriam cooperar,
malsinam os companheiros, quando lhes cabia o dever de os auxiliar, porque a predominância
do ego torna-os ambiciosos e prepotentes.
Não sabem
servir com abnegação, sem servir-se, retirando os lucros do orgulho e da
presunção, que lhes constituem a moeda retributiva. Podem mesmo desejar ser
melhores, no entanto, os impulsos afligentes que resultam dos conflitos e dos
complexos de inferioridade que os acompanham de existências pretéritas,
transformam-nos em inimigos de todos aqueles que supõem lhes farão sombra...
São
infelizes, disfarçados de joviais, humanitários e bondosos, na hipocrisia em
que vivem, ocultando os sentimentos inferiores.
Desse modo,
transformam-se em adversários perversos dos demais que não lhes compartem as
ideias e que pensam pretenderem excluir.
* * *
Adversidade
é lição para a vida e adversários são mestres que proporcionam o treinamento no
bem., sem o concurso do aplauso ou da bajulação habituais, dificultando o
trabalho honorável do servidor fiel.
Esses irmãos
infelizes que se propõem envenenar-te os sentimentos com a sua pertinaz
perseguição, merecem compaixão ao invés de reproche ou de animosidade.
Se é verdade
que não lhes deves facultar um relacionamento pusilânime, não é justo
devolveres os seus pensamentos enfermiços com outros do mesmo gênero.
Sofres,
porque gostarias de servir sem a presença desse tipo de tribulação.
Choras,
porque os teus são anseios de construção do amor em toda parte, e, no entanto,
sentes o amargor da calúnia que te antecede os passos, da maledicência que te
aturde quando lhes tomas conhecimento, ou da zombaria depois que vais
adiante...
O melhor
comportamento em tais circunstâncias é não valorizar o mal nem aquele que se te
fez mau.
Concede-lhe
o privilégio de ser como se encontra, mas impõe-te o dever de ser fiel ao
compromisso com Jesus, que também experimentou iguais ofensas sem dar-lhes a
menor importância.
Gastas tempo
e preocupação mental com esses companheiros que te vigiam e acusam, que te
acompanham com insistência e infernizam os momentos em que trabalhas e quando
repousas.
Ficas
indagando como conduzir-te, desde que, se silencias ao mal e ao descalabro que
reinam, acusam-te de omisso, mas se levantas a voz e proclamas a verdade,
taxam-te de intolerante e mendaz...
Desse modo,
faze o que deves e comporta-te conforme estabelece o teu programa ante a
consciência do dever.
Esses
adversários dos teus objetivos não são apenas opositores teus, mas, sem dar-se
conta, dAquele a quem procuras servir, que os entende e concede-lhes tempo para
a reabilitação.
Aprende,
portanto, com os inimigos, fraternidade legítima, compreensão gentil,
exercitando sempre a compaixão.
Na aduana da
caridade, a misericórdia e o amor dão-se as mãos, a fim de ensejarem à virtude
máxima a ocasião de expressar-se.
Constituam-te
estímulo o serviço desses mestres desconhecidos, apurando-te mais,
qualificando-te melhor, a fim de produzires com segurança na seara da elevação
espiritual da humanidade.
Ninguém
atravessa o rio carnal sem experimentar a correnteza violenta sobre a qual
navega o Espírito.
Todos os
homens e mulheres afeiçoados ao bem pagaram o pesado tributo da diferença entre
eles o os que os cercavam, a época em que viveram e naquela pela qual anelavam,
e é graças a eles que percorres os atuais caminhos por onde segues em júbilo e
dores, porém, fixado na meta que te fascina.
* * *
O mundo
ainda não tem condições de compreender e aceitar o compromisso da iluminação
íntima como primeiro passo para a marcha ascensional.
Por
enquanto, somente aqueles que se fizeram fortes e decididos conseguem
ultrapassar as barreiras das dificuldades, colocando marcos na senda escura, de
maneira a facilitar a jornada espiritual dos que virão depois.
Todo
desbravador carrega as marcas da sua audácia de aventureiro do progresso. Abrem
picadas na densa mata, traçam roteiros nos mares bravios, alçam-se aos céus
ampliando os espaços e caminham sobre acúleos, quebrando-os, assim preparando a
senda para o porvir...
Exulta,
portanto, por teres adversários, mestres desconhecidos, a seres adversário de
quem quer que seja.
Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Pereira Franco,
na noite de 2 de junho de 2010, em Istambul, Turquia.
Em 22.11.2010.
Reblogado do website Divaldo Franco
Link desta mensagem: http://www.divaldofranco.com.br/mensagens.php?not=187
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