ENTREVISTA COM O IHALEAKALA HEW LEN
- Ph.D,
Criador do Ho'oponopono
Por Cat Saunders
Esta entrevista foi originalmente publicada por
The New Times, em setembro de 1997.
Como demonstrar gratidão a alguém que lhe ajudou a ser livre? Como
demonstrar gratidão a um homem cuja gentileza de espírito, e agudeza nas
declarações, alterou completamente o curso de sua vida? Ihaleakala Hew Len é a
pessoa que significa tudo isso para mim. Como um irmão de alma que aparece
inesperadamente num momento de necessidade, Ihaleakala entrou em minha vida em
março de 1985, um ano de grandes mudanças para mim. Eu o conheci durante um
curso chamado Self I-Dentity Through Ho'oponopono, no qual ele era facilitador,
juntamente com a nativa havaiana e kahuna (“guardiã do segredo”) Morrnah
Nalamaku Simeona, já falecida.
Para mim, Ihaleakala e Morrnah fazem parte do ritmo da vida. Embora eu
sinta um grande amor por eles, não consigo vê-los como simples pessoas, porque
a forma com que eles influenciam minha vida vem através de um vigoroso pulsar,
como o som de tambores africanos na noite. Recentemente, tive a honra de ser
convidada a entrevistar Ihaleakala pela Foundation of I, Inc. (Freedom of the
Cosmos), organização fundada por Morrnah. Mas minha maior honra foi saber que
ele estaria vindo do Havaí especialmente para encontrar-se comigo.
Dr. Ihaleakala S. Hew Len é presidente e administrador da Fundação.
Juntamente com Morrnah, ele vem trabalhando com milhares de pessoas há muitos
anos, inclusive com grupos das Nações Unidas, UNESCO, Conferência Internacional
pela Paz Mundial, Conferência da Medicina Tradicional Indígena, Curadores pela
Paz na Europa, e da Associação dos Professores do Estado do Havaí. Tem também
uma larga experiência no tratamento de pessoas mentalmente enfermas, com
criminosos doentes mentais e suas famílias.
Todo o seu trabalho como educador é permeado e tem como suporte o
processo Ho'oponopono.
Ho’oponopono significa simplesmente “acertar o passo” ou “corrigir o
erro”. De acordo com os antigos havaianos, o erro provém de pensamentos
contaminados por memórias dolorosas advindas do passado. Ho'oponopono oferece
uma forma de liberar a energia desses pensamentos dolorosos, ou erros, os quais
causam desequilíbrio e enfermidades.
No desenrolar do processo Ho'oponopono, Morrnah foi orientada a incluir
as três partes do eu, que são a chave para a Auto-identidade. Essas três
partes, presentes em cada molécula da realidade, são chamadas de Unihipili
(criança/subconsciente), Uhane (mãe/ consciente) e Aumakua
(pai/superconsciente). Quando esta “família interna” encontra-se alinhada, a
pessoa está em sintonia com a Divindade, acontece o equilíbrio e a vida começa
a fluir. Assim, Ho'oponopono auxilia na restauração do equilíbrio,
primeiramente no individuo e depois em toda a criação.
Ao me apresentar este sistema tríplice, juntamente com o mais poderoso
processo de perdão que eu conheço (Ho'oponopono), Ihaleakala e Morrnah
ensinaram-me o seguinte: a melhor maneira de trazer cura para cada aspecto de
minha vida, e para o universo inteiro, é assumir 100% de responsabilidade e
trabalhar comigo mesma. E ainda aprendi com eles a simples sabedoria do total
auto-cuidado. Como disse Ihaleakala, em sua nota de agradecimento após nossa
entrevista: “Cuide bem de você. Se fizer isso, todos serão beneficiados.”
Certa vez, Ihaleakala ausentou-se uma tarde inteira, bem no meio de um
curso do qual eu participava, simplesmente porque sua Unihipili
(criança/subconsiente) pediu para ir ao hotel e tirar uma longa soneca. É claro
que ele assumiu sua responsabilidade antes de se retirar, e Morrnah estava lá
para dar prosseguimento ao trabalho. Fiquei impressionada com sua atitude. Para
alguém como eu, criada numa família que ensinava a sempre colocar os outros em
primeiro lugar, a ação de Ihaleakala foi no mínimo surpreendente e divertida.
Ele tirou sua soneca e deu uma lição inesquecível de auto-cuidado.
Cat: Ihaleakala, quando
conheci você, em 1985, eu havia recém começado a trabalhar com consultas
individuais, depois de ter sido conselheira em agências durante quatro anos.
Lembro-me de você dizer: “Toda terapia é uma forma de manipulação.” E eu
pensei: “Cruzes! O que é que vou fazer agora?” Eu sabia que você tinha razão, e
quase desisti da idéia! É claro que continuei, mas aquela sua colocação mudou
completamente minha forma de trabalhar com as pessoas.
Ihaleakala: A manipulação
acontece quando eu (o terapeuta) chego com a idéia de que você está doente e eu
vou trabalhar em você. Coisa muito diferente é quando acredito que você veio
até mim para me trazer uma oportunidade de olhar o que está acontecendo comigo.
Nesse caso não acontece a manipulação.
Se a terapia for baseada em sua crença de que você está ali para salvar
o outro, curar o outro ou orientar o outro, a informação que você traz emerge
do intelecto, da mente consciente. Mas o intelecto não é habilitado para
entender e abordar problemas. O intelecto não tem a menor condição de
solucionar problemas! Ele é incapaz de compreender que, quando uma situação
problemática é solucionada por transmutação (como no caso de Ho'oponopono e
outros processos semelhantes), não só a situação fica resolvida, mas tudo o que
estiver relacionado com ela, atingindo níveis microscópicos e estendendo-se até
o início dos tempos.
Sendo assim, penso que a pergunta mais importante a ser feita é: “O que
é um problema?” Se você faz uma pergunta como esta, não há clareza. E como não
há clareza, eles inventam uma forma de resolver o problema...
Cat: ... como se o
problema estivesse “lá fora”.
Ihaleakala: Sim. Por exemplo,
outro dia recebi um telefonema de uma mulher, cuja mãe estava com 92 anos. Ela
disse: “Minha mãe está com uma horrível dor nos quadris já faz muitas semanas.”
Enquanto a mulher falava comigo, eu fazia a seguinte pergunta à Divindade: “O
que está acontecendo comigo para ter causado a dor nesta senhora? Como posso
resolver este problema dentro de mim?” As respostas vieram e eu fiz o que me
foi solicitado.
Pode ser que uma semana depois a mulher me ligue para dizer que sua mãe
está melhor. Isto não significa que não haverá reincidência do problema, porque
pode haver causas variadas para aquilo que parece ser o mesmo problema.
Cat: Tenho acompanhado
muitos casos de doenças crônicas e dores recorrentes. Trabalho com elas o tempo
todo, usando Ho'oponopono e outros processos de clarificação, a fim de reparar
toda dor que causei, desde o início dos tempos.
Ihaleakala: Sim. A idéia é
que pessoas como nós estão justamente trabalhando em profissões de cura porque
já causaram muita dor por aí.
Cat: Que coisa!
Ihaleakala: Não é maravilhoso
a gente saber disso? E ainda atendermos pessoas que nos pagam por lhes ter
causado problemas!
Eu disse isso a uma mulher em Nova York, e ela exclamou: “Meu Deus, se
pelo menos eles soubessem!” Mas, como você vê, ninguém sabe. Psicólogos,
psiquiatras continuam acreditando que a função deles é ajudar a curar o outro.
Vamos supor que você veio me consultar. Eu peço à Divindade: “Por favor,
o que quer que esteja acontecendo dentro de mim que causou esta dor na Cat,
diga-me como posso corrigir.” E então vou ficar continuamente aplicando a
orientação recebida, até que a sua dor vá embora, ou até você me pedir que eu
pare. O importante não é propriamente o efeito, mas chegar ao problema. Essa é
a chave.
Cat: Você não focaliza no
resultado porque isto não é de nossa competência.
Ihaleakala: Certo. Nós só
podemos fazer o pedido.
Cat: E nós também não
sabemos quando uma determinada dor ou doença vai se alterar.
Ihaleakala: Pois é. Digamos
que se recomendou a uma mulher o tratamento com certa erva, a qual não está
surtindo efeito. Novamente a questão: “O que acontece dentro de mim que faz com
que esta mulher não receba os benefícios da erva?” E eu vou trabalhar com isso.
Vou limpar e ficar de boca fechada, permitindo que o processo de transmutação
se opere. Quando acontece de você se apegar a seu intelecto, o processo é
interrompido. A coisa mais importante a ser lembrada, no caso de um trabalho de
cura não surtir efeito, é aceitar a possibilidade de a causa do problema estar em
erros múltiplos, em múltiplas questões e memórias dolorosas. Nós não sabemos
nada! Só a Divindade sabe o que está acontecendo.
No mês passado, fiz uma apresentação em Dallas. Na conversa com uma
mestra em Reiki, perguntei-lhe: “Quando alguém lhe vem com um problema, onde
você vai encontrá-lo?” Ela me olhou intrigada. E eu disse: “Em você. Porque foi
você quem causou o problema, e o seu cliente vai lhe pagar pela cura de um
problema que é seu!”
Cat: 100% de
responsabilidade.
Ihaleakala: 100% de
consciência de que foi você quem causou o problema. 100% de consciência de que
é sua a responsabilidade corrigir o erro. Imagine o dia em que todos nós formos
100% responsáveis!
Como vou convencer as pessoas de que nós somos 100% responsáveis pelos
problemas? Se você quer resolver uma situação problemática, trabalhe-a em si
próprio. Se a questão está ligada a outra pessoa, pergunte a si mesmo: “O que
há de errado comigo que está levando esta pessoa a me incomodar?” Aliás,
pessoas só aparecem na sua vida para lhe incomodar! Quando você sabe disso,
pode superar qualquer situação e se libertar. É simples: “Sinto muito por tudo
que está acontecendo. Por favor, perdoe-me.”
Cat: Na verdade, você
não precisa lhes dizer isto em voz alta, e nem mesmo precisa entender o
problema.
Ihaleakala: Aí está a beleza
de tudo. Você não tem que entender. É como a Internet. Você não entende nada de
como funciona! Você apenas chega até a Divindade e diz: “Vamos dar um
download?” A Divindade então proporciona o download e você recebe toda a
informação. Mas, como nós não sabemos quem somos, nunca damos o download direto
da Luz. Vamos buscar fora.
Sempre me lembro do que Morrnah dizia: “É um trabalho interno.” Se você
quer ter sucesso, trabalhe internamente. Trabalhe em você mesmo!
Cat: Reconheço que a
única coisa que funciona é ser 100% responsável. Mas houve um tempo em que
questionei isto, porque eu era uma pessoa do tipo super responsável, que
cuidava de muita gente. Quando lhe ouvi falar sobre os 100% de
responsabilidade, não apenas por mim mesma, mas por todas as situações e
problemas, pensei: “Parado lá! Isso é pura loucura! Não preciso que ninguém
venha me dizer para ser ainda mais responsável!” O que aconteceu foi que,
quanto mais eu refletia sobre isso, mais fui descobrindo que há uma grande
diferença entre um super responsável cuidado com o outro e um total cuidado
comigo mesma. O primeiro tem a ver com ser uma boa menina, e o segundo, com ser
livre.
Lembro-me de quando você contou sobre a época em que trabalhou como
psicólogo na ala para loucos criminais no Hospital Estatal do Havaí. Disse que
quando começou a trabalhar lá, havia muita violência entre os internos e que,
depois de quatro anos, tudo ficou em paz.
Ihaleakala: Basicamente, assumi
100% de responsabilidade. Só trabalhei comigo mesmo.
Cat: É verdade que,
durante todo aquele tempo, você não teve contato com nenhum dos internos?
Ihaleakala: É verdade. Eu só
entrava no pavilhão para verificar os resultados. Se eles ainda apresentavam
problemas, eu ia trabalhar mais um pouco comigo mesmo.
Cat: Você poderia contar
uma história sobre a utilização do Ho'oponopono nos, assim chamados, objetos
inanimados?
Ihaleakala: Certa vez, eu
estava num auditório, preparando-me para dar uma palestra, e eu conversava com
as cadeiras. Então, perguntei: “Há alguém aí que eu tenha esquecido? Alguém
entre vocês gostaria de expor algum problema que exija cuidado de minha parte?”
Uma das cadeiras respondeu: “Sabe, hoje num seminário anterior, havia um rapaz
sentado em mim, o qual sofria com problemas financeiros, e agora estou me
sentindo péssima!” Tratei de limpar aquele problema e logo pude ver a cadeira
se endireitando e dizendo: “Ok! Estou prontinha para acomodar o próximo!”
Na verdade, o que eu tento fazer é ensinar a sala. Costumo dizer para a
sala, e tudo o que há nela: “Vocês querem aprender o Ho'oponopono? Afinal,
breve irei embora, e não seria ótimo se todos vocês pudessem dar continuidade a
este trabalho?” Alguns respondem sim, outros respondem não, e há aqueles que
dizem: “Estou muito cansado!”
Então, pergunto`a Divindade: “Para aqueles que dizem que querem
aprender, como posso ensiná-los?” Na maioria das vezes, a resposta é: “Deixe o
livro azul (Self I-Dentity Through Ho'oponopono) com eles.” E é o que faço.
Enquanto estou falando, deixo o livro azul em cima de alguma cadeira ou mesa.
Não costumamos acreditar que as mesas ficam ali, quietas e atentas a tudo o que
esta ocorrendo ao seu redor!
Ho'oponopono é muito simples. Para os antigos havaianos, todos os
problemas começam com o pensamento. Mas o problema não está no simples pensar.
O problema ocorre quando nossos pensamentos estão impregnados de memórias dolorosas
a respeito de pessoas, lugares ou coisas.
O trabalho intelectual por si só não é capaz de resolver estes
problemas, porque a função do intelecto é de apenas administrar. E não é
administrando as coisas que se resolvem problemas. Você quer é se livrar deles!
Quando você faz Ho'oponopono, o que acontece é que a Divindade pega os
pensamentos dolorosos e os neutraliza ou os purifica. Não se trata de
neutralizar ou purificar a pessoa, o lugar ou a coisa. O que fica neutralizada
é a energia que está associada a pessoa, lugar ou coisa. Portanto, o primeiro
estágio de Ho'oponopono é a purificação da energia.
Então, eis que algo maravilhoso acontece. A energia não é apenas
neutralizada; ela é também liberada, e tudo fica limpo. Os budistas chamam de
Vazio. O último passo é permitir que a Divindade entre e preencha o vazio com
luz.
Para fazer Ho'oponopono, você não precisa saber qual é propriamente o
problema ou o erro. Você só tem que se dar conta de que está tendo um problema,
seja ele físico, mental, emocional ou qualquer outro. Tão logo você o perceba,
é sua responsabilidade começar imediatamente a limpeza, dizendo: “Sinto muito.
Perdoe-me, por favor.”
Cat: Quer dizer que a
verdadeira função do intelecto não é resolver problemas, mas pedir perdão.
Ihaleakala: Sim. Eu tenho
duas tarefas neste mundo. A primeira é, antes qualquer outra coisa, cuidar da
limpeza. E a segunda é despertar as pessoas que estão adormecidas. Quase todo
mundo está adormecido! Mas a única maneira de fazê-las despertar é trabalhando
comigo mesmo! Esta nossa entrevista serve de exemplo. Durante as semanas que
precederam nosso encontro, estive fazendo o trabalho de clarificação, de modo
que, quando nos encontrássemos, fôssemos como dois lagos juntando suas águas.
Eles se unem e vão em frente. Só isso.
Cat: Nesses dez anos que
faço entrevistas, esta foi a primeira vez que não me preparei. Toda vez que
tentava fazê-lo, minha Unihipili dizia que eu devia apenas vir e estar com
você. Meu intelecto fez de tudo para me convencer de que eu tinha que me
preparar, mas eu não dei ouvidos.
Ihaleakala: Melhor pra você!
A Unihipili, às vezes, é muito engraçada. Certo dia, eu ia descendo por uma
estrada no Havaí. Quando me preparava para pegar um declive à direita, por onde
eu sempre passava, ouvi a voz melodiosa de minha Unihipili: “Se eu fosse você,
eu não descia por aí.” E eu pensei: “Mas a gente sempre vai por aí.” E
continuei o meu caminho. Uns cinqüenta metros adiante, ouvi de novo: “Ei! Se eu
fosse você, eu não descia por aí!” Segunda chance. “Mas a gente sempre vai por
aí!”
Nessa hora, a nossa conversa já era em voz alta e as pessoas nos carros
próximos me olhavam achando que eu era um louco. Andei mais 25 metros, e ouvi
um estrondoso: “Se eu fosse você, eu não descia por aí!” E eu fui por lá. E lá
acabei ficando parado por duas horas e meia. Por causa de um enorme acidente,
estava tudo congestionado. Não se podia ir nem para frente nem para trás. Ai,
ouvi minha Unihipili dizer: “Não falei?!” E ela ficou sem conversar comigo um
tempão. E com razão. Por que falar comigo se eu não a ouvia?
Lembro-me uma vez, quando me preparava para ir à televisão falar sobre
Ho'oponopono. Meus filhos olharam para mim e disseram: “Pai, ficamos sabendo
que você vai aparecer na TV. Vê lá se põe umas meias que combinam!” Eles não se
preocuparam com o que eu ia falar. Eles só estavam preocupados com as minhas
meias. Você vê como as crianças sabem o que é realmente importante na vida?
* * *
Para mais informações sobre Ho'oponopono e
contato com Ihaleakala Hew Len, Ph.D,
visite o site www.hooponopono.org.
Cat Saunders, Ph.D é autora do livro Dr.
Cat’s Helping Book.
Para mais informações, visite www.drcat.org .
http://danielcaixao.multiply.com/journal/item/239
Reblogado de Luz de Gaia
www.luzdegaia.org
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GRATIDÃO
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