Naquela
manhã, a caminho do trabalho, Marcela ouviu uma conversa no ônibus: Eu disse a ela tudo o que estava entalado na
minha garganta. Não tive compaixão.
E como foi que ela
reagiu?
Ficou chorando, pedindo
desculpas, mas eu não perdoei. Lavei a alma.
Marcela
se recordou de uma briga que tivera com a irmã, há alguns anos. E de como
dissera palavras duras e pesadas.
Ao
ser confrontada pela avó, dissera essa mesma frase que acabara de ouvir: Lavei a alma!
Recorda
que a avó perguntara o que significava lavar
a alma.
Ora, é botar pra fora
tudo o que incomoda.
Entendi. – Falara a sábia
senhora. Então, seu coração deve ter
ficado em paz depois de ter dito coisas tão duras. A raiva passou e você e sua
irmã ficaram bem, certo?
Na verdade, não. Ainda
estou magoada e continuamos brigadas. Mas eu disse tudo o que estava entalado.
Quer dizer que você
lavou a alma mas não perdoou.
Não perdoei, nem
esqueci.
Então você não lavou a
alma, minha menina. Quando lavamos algo, como uma roupa, por exemplo, tiramos
dela toda a sujeira. Quando nos propomos a lavar a alma é para tirar dela tudo
o que nos faz mal: raiva, rancor, mágoa, orgulho, egoísmo.
E somente conseguimos
isso quando compreendemos o outro, quando conseguimos não nos sentir afetados
pelo mal recebido e perdoamos.
Marcela
tivera um choque ao ouvir aquelas palavras. Nunca havia pensado no termo lavar
a alma sob aquela perspectiva.
* * *
Há
uma ideia muito antiga que diz que devemos reagir, rebater as ofensas, pagar na
mesma moeda. Isso ainda é resquício do olho por olho, dente por dente,
praticado nos tempos de Moisés.
O
Mestre Jesus, contudo, ensinou: Tendes
ouvido o que se disse: olho por olho e dente por dente. Eu, porém, vos digo que
não resistais ao mal; mas se alguém vos ferir na face direita, oferecei-lhe
também a outra.
Nesta
exortação reside a chave para compreender e praticar o perdão.
O
que nos move a revidar uma ofensa geralmente é nosso orgulho ferido. Não
conseguimos perceber que quem ofende muitas vezes se encontra doente,
precisando de ajuda.
Ao
devolvermos a injúria, alimentamos sentimentos e energias ruins em ambos os
lados.
Perdoar
uma ofensa exige coragem e integridade, ainda mal compreendidas pelos que nos
deixamos arrastar pelo orgulho e pelo egoísmo.
Uma
alma lavada é uma alma livre de sentimentos negativos.
Mas...
como se limpa a alma?
O
segredo está em amar o próximo como a nós mesmos. Ver em quem nos magoa um
irmão carente de amor tanto quanto nós.
Lavar
a alma de sentimentos negativos implica no maior ato de coragem de todos, que é
deixar de nos colocarmos em primeiro lugar para compreender o que está
provocando a atitude do outro.
É
fazer por ele o que gostaríamos que fizessem a nós, quando também nos sentirmos
magoados e feridos.
É
compreender e ajudar.
Redação do Momento Espírita,
com base no cap. XII, itens 7 e 8
de O Evangelho segundo o Espiritismo,
de Allan Kardec, ed. FEB.
Em 5.2.2018.
Fonte: Momento Espírita
www.momento.com.br
Com Luz, Amor e
gratidão
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