Durante o almoço
em família, a mãe deixou sobre a mesa quatro taças de sobremesa, com belos
pedaços de morango cobertos com chantilly.
As taças eram
transparentes, permitindo ver as frutas misturadas à cobertura, e observá-las
de vários ângulos.
O filho mais
velho, que vivia a adolescência, passou a analisar cuidadosamente uma a uma,
erguendo e trazendo para mais perto dos olhos.
O
que você está fazendo, meu filho? - Perguntou
o pai, curioso.
Estou
contando os morangos, para poder ficar com a taça que tiver mais.
O pai se
surpreendeu com aquela atitude.
E, você
acha isso certo? - Perguntou, serenamente.
Foi o menino agora
o surpreendido com a questão. Por sua expressão facial, realmente não tinha
parado para pensar em certo ou errado, naquela situação.
Parecia algo tão
simples que não precisava cogitar de nenhuma filosofia profunda ou conflito
ético.
Tanto que demorou
para responder. Após alguns segundos de silêncio, dando com os ombros e
buscando simplificar sua atitude, disse:
Eu
tenho que pensar no que é melhor para mim, não acha?
* * *
Temos aqui um caso
muito interessante, que nos coloca frente a duas questões fundamentais da vida
íntima e da vida de relação.
Na educação de
nossos filhos insistimos que devem fazer as melhores escolhas, que precisam
pensar no que é melhor para seu desenvolvimento, que devem construir
autorrespeito, evitando serem conduzidos por caminhos infelizes.
Por isso, devem
escolher as amizades, ter contato com boas leituras, conteúdos instrutivos.
Também devem ter uma vida saudável, praticar exercícios para que corpo e mente
tenham sempre o melhor.
No entanto, haverá
momentos em que não devemos escolher o melhor para nós, deixando o melhor para
o outro?
Curiosa a vida,
curiosas as Leis Divinas.
Voltando ao caso
em análise, poderíamos dizer que é exatamente essa mentalidade individualista
que levou a sociedade atual ao estado de decadência moral em que nos
encontramos.
Na raiz de todos
os nossos males está, exatamente, esse individualismo louco que deseja o bem
somente para si.
É aqui que
precisamos projetar luz para entender melhor como conjugarmos, ao mesmo tempo,
os dois pensamentos.
Primeiro ponto:
não há mal nenhum em querermos o bem para nós mesmos, em fazermos boas
escolhas. O caminho do autoamor nos conduz nessa direção.
O
egoísmo se apresenta quando pensamos apenas no nosso bem,
quando o nosso usufruir significa a escassez do outro.
Quando o nosso
excesso priva o próximo de ter o mínimo necessário. Quando uma taça de
sobremesa tem dez morangos e a outra não tem nenhum.
Segundo ponto: a
Lei de sociedade, uma das grandiosas Leis de Deus, nos mostra também que somos
mais felizes quando compartilhamos, que somos mais realizados quando trazemos
outros conosco.
A Lei de sociedade
respeita sua irmã, a Lei de justiça, de amor e de caridade, que nos recompensa
com a felicidade quando dividimos, quando doamos, quando pensamos mais no
coletivo e menos no individual.
Em resumo: podemos
pensar no que é melhor para nós, mas ao mesmo tempo, no que é melhor para
todos.
Redação do Momento Espírita
Em 25.5.2021.
Fonte: Momento Espírita
www.momento.com.br
Luz, Amor e Gratidão
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