Eduardo Guimarães
Fonte: Blog daCidadania
Vez por outra, perscrutando as
ondas da comunicação que engolfam o mundo contemporâneo, você detém o ritmo
alucinante do cotidiano e presta atenção a notícias sobre descobertas da
astronomia. Em geral, é atraído por imagens de estrelas, planetas ou galáxias.
Nesses átimos de sua vida, por
minutos ou até segundos, muitas vezes sem ao menos perceber, você se permite
reflexão que, se fizéssemos mais amiúde, talvez levássemos nossas curtas vidas
de forma mais sábia – ou menos ignorante e arrogante.
Nos anos 1980, aos meus vinte e
tantos anos, assisti pela primeira vez à série de TV Cosmos, do astrônomo,
astrofísico e cosmólogo norte-americano Carl Sagan. Navegando pela internet,
sempre esbarro em um vídeo feito vários anos depois, mas que é considerado
parte da série de Sagan e que inspirou-se em livro que ele publicou em 1994,
“Pale Blue Dot”, ou, em português, “Pálido Ponto Azul”.
Essa obra baseou-se na missão da
sonda espacial Voyager, lançada ao espaço pelos Estados Unidos em 5 de setembro
de 1977 a fim de estudar o Sistema Solar exterior e o espaço interestelar.
A incrível máquina produzida pelo
engenho humano está em operação há mais de 35 anos. Até hoje obedece aos comandos
da NASA e responde enviando dados à Terra.
Em 1990, foi enviado um comando a
Voyager 1 para se virar e tirar fotografias dos planetas que havia visitado.
Uma dessas imagens era da Terra, então distante 6,4 bilhões de quilômetros da
sonda.
A fotografia mostrou nosso
planeta como um “pálido ponto azul”, um grão de poeira cósmica, o que excitou a
imaginação de Carl, levando-o a escrever um verdadeiro poema que induz a
humanidade a uma das muitas reflexões que a astronomia, a cosmologia e a
astrofísica nos impõem.
Antes de nossa jornada, neste
texto, rumo a teorias científicas cujas implicações têm poder para alterar a
percepção de toda humanidade sobre si mesma, assistamos a um dos momentos mais
belos da inteligência humana, a reflexão de Carl Sagan sobre o “Pálido Ponto
Azul” no qual micróbios ditos humanos chegam a acreditar que são “poderosos”.
Talvez você não tenha entendido
ainda, leitor, por que um blog político publica um post sobre a exploração do
espaço e a eterna busca do homem por suas origens e pelo desvendamento da
Criação. A política, a busca pelo “poder”, porém, tem tudo que ver com esse que
é o ramo mais nobre da ciência.
As teorias científicas que buscam
entender a origem e o destino da existência vão muito além do que supõe a quase
totalidade da espécie humana. Poucos são os que atentam suficientemente para
fatos que revelam que tudo o que consideramos “importante” não passa de
preocupações de micróbios com suas desprezíveis questões microbianas.
A luta pelo “poder” político, as
paixões mundanas, as preocupações com aparência física, bens materiais e até
com a finitude da vida perdem razão de ser diante de teorias que nos levam
muito além da perplexidade.
As teorias mais ousadas da
astrofísica encampam até a de que não existe apenas um universo, mas vários
universos paralelos que brotam um do outro como bolhas de uma terrina contendo
uma solução prosaica de água e sabão.
Nesses outros hipotéticos
universos paralelos, a ciência aceita, ainda que como mera especulação fundada
em teorias não comprovadas, que possam existir cópias exatas de nosso mundo e
até de cada um de nós (!).
O canal a cabo History Channel
apresentou o programa “Universos Paralelos”. As fantásticas teorias que esse
programa expõe têm o poder de nos fazer refletir, nestes dias em que nossas
paixões mundanas nos levam a paroxismos de egocentrismo e arrogância, que,
diante de mistérios dessa magnitude, ser um pouco mais humildes é o mínimo que
nos cabe.
A teoria principal é a de que
existem cópias de cada um de nós habitando um planeta, um sistema solar e um
universo idênticos, mas nos quais a interferência humana ou nossas decisões
cotidianas nos levaram por caminhos diferentes dos que trilhamos.
Em um desses supostos universos
paralelos, nosso alter ego pode ter uma visão política diferente, podemos ter
nos casado com aquela mulher ou com aquele homem que não nos quis ou que não
quisemos.
O alter ego de um homofóbico pode
ser homossexual.
O bilionário pode ser um mendigo.
O fanático religioso pode ser
ateu.
Em que cada uma dessas decisões
afetaria o universo? Em nada.
Em um universo paralelo a Terra
pode nem mais existir, tendo sucumbido após ter sido atingida por um asteroide.
A guerra nuclear que aqui nunca ocorreu, pode ter ocorrido lá e extinguido a
espécie humana – e quem sabe, até, toda a vida no planeta.
São reflexões e hipóteses que
podem nos levar a uma forma de enxergar a vida que nos faça abandonar certezas
que, diante de nossa extrema ignorância sobre tudo, são mais do que ridículas.
Esta reflexão o fará concluir,
leitor, que homens – esses micróbios cósmicos – que pretendem ser porta-vozes
de um Ser Superior, por exemplo, não têm como responder nem a perguntas básicas
sobre a origem do chão em que pisam.
Assim, talvez você, como eu,
conclua que a única certeza da vida reside no fato de que não podemos ter
certeza alguma.
Assista abaixo, pois, ao programa
Universos Paralelos. Se acatar esta sugestão, talvez possa tirar o resto do dia
para refletir sobre suas certezas. Tal reflexão mudaria a sua vida até seu
último dia neste grão de poeira cósmica que chamamos de “Terra”.
Eduardo Guimarães
Fonte:
http://www.blogdacidadania.com.br/
Facebook: https://www.facebook.com/eduguim
Twitter: @eduguim
Nenhum comentário:
Postar um comentário