Em todos os
tempos, os emissários de Deus recomendaram o silêncio profundo, a fim de que se
possa ouvir-Lhe a voz e senti-lO mais intimamente.
Os ruídos e
tumultos desviam o pensamento que se deve fixar no elevado objetivo de comunhão
com a Divindade, para poder-se haurir energias vitalizadoras capazes de
sustentar o Espírito nos embates inevitáveis do processo de evolução.
Quando se mergulha
no mundo íntimo, encontram-se as mensagens sublimes da sabedoria, aquelas que
constituem o alimento básico de sustentação da vida e, sem as quais, os
objetivos essenciais da existência cedem lugar aos prazeres trêfegos e
enganosos.
Os distúrbios
externos, produzidos pela balbúrdia, desviam a mente para os tormentos
exteriores, que tornam a marcha física insuportável, quando se constata a
fragilidade das suas construções emocionais.
Em tentativa de
atender a todas as excentricidades do vozerio do mundo, a mente desloca-se da
meta essencial e perde o foco que lhe constitui o objetivo fundamental.
Quando o Espírito
se encontra atordoado pela balbúrdia, o discernimento faz-se confuso e os
componentes mentais e emocionais deslocam-se da atenção que deve ser concedida
ao essencial, em benefício das aquisições secundárias, sempre incapazes de
acalmar o coração.
Algumas vezes,
alcança-se o topo do triunfo, meta muito buscada, a fama ligeira, a posição de
destaque no grupo social, o riso bajulador e mentiroso, sob o pesado tributo
dos conflitos internos que permanecem vorazes e desconhecidos, sempre em
agitação.
Deus necessita do
silêncio humano, a fim de fazer-se ouvido por quem deseje manter contato com a
Sua Paternidade.
A Sua mensagem
sempre tem sido transmitida após a transposição dos abismos externos e dos
tumultos das paixões desarvoradas, permanecendo no ar, aguardando ser captada.
No imenso silêncio
do monte Sinai, a Sua voz transmitiu a Moisés as regras de ouro do Decálogo,
mas não deixou de prosseguir enviando novas instruções para a conquista da
harmonia, da plenitude.
Na antiguidade
oriental, a Sua palavra fazia-se ouvir através dos sensitivos de vária
denominação, conclamando à paz, à vitória sobre os impositivos exteriores
predominantes no ser.
Nas furnas e nas
cavernas, nas paisagens ermas desvelava-se, oferecendo o conhecimento da
verdade que deveria ser assimilado, lentamente, através dos tempos.
Mesmo Jesus, após
atender as multidões que se sucediam esfaimadas de pão, de paz, de luz, buscava
o refúgio da solidão para, em silêncio, poder ouvi-lO no santuário íntimo.
Robustecido pelas
poderosas energias da comunhão com o Pai, volvia ao tumulto e desespero das
massas insaciáveis, a fim de diminuir-lhes as dores e a loucura que tomava
conta do imenso rebanho.
Simultaneamente,
porém, proclamou que o Reino dos Céus encontra-se no coração, no
intimo do ser.
*
Nestes dias
agitados, faz-se necessário que se busque o silêncio para renovar-se as
paisagens íntimas e ouvi-lO atentamente, pacificando-se.
À semelhança das
ondas que permitem a comunicação terrestre, imprescindível que haja conexão
para serem captadas. Estão carregadas de mensagens de todo jaez, mas, sem a
sintonia apropriada, nada transmitem, parecendo não existir.
Habitua-te ao
silêncio que faz muito bem.
Não temas a viagem
interior, o encontro contigo mesmo, nas regiões profundas dos arcanos espirituais.
Necessitas
ouvir-te para bem te conheceres e traçares os caminhos por onde deverás seguir
com segurança e otimismo.
Observarás que és
um enigma para ti mesmo, que te encontras oculto sob sucessivas camadas de
disfarces que te impedem apresentar a autenticidade.
De essência
divina, possuis o conhecimento e és dotado de sabedoria que aguardam o momento
de desvelar-se.
Reflexiona,
portanto, quanto possas, a fim de libertar-te das algemas que te escravizam à
aparência, sem conceder-te o conforto do autoaprimoramento.
A multiplicidade
das vozes que gritam em torno de ti, impedem-te a conscientização dos valores
que dignificam a existência.
Quando te habitues
ao silêncio, sentir-te-ás luarizado pelas claridades sublimes do amor de Deus e
ser-te-á muito fácil a travessia pelas estradas perigosas dos relacionamentos
humanos.
Compreenderás que
a paz defluente da autoconquista, nada consegue abalar.
Com segurança e
serenidade agirás em qualquer circunstância, feliz ou tormentosa, sem
desespero, com admirável harmonia.
Torna o silêncio
uma necessidade terapêutica, abençoando-te a jornada, ao mesmo tempo em que te
propicia alegria de viver.
Desfrutarás de
contínua alegria, sem galhofas nem vulgaridades, em situação de bem-estar
natural.
São Francisco de
Assis buscava o acume dos montes e as cavernas para, em silêncio, ouvir Deus.
Mas, não somente
ele.
Todos aqueles que
aspiram a plenitude atendem aos deveres do mundo e refugiam-se no silêncio para
os colóquios com Deus.
*
A exaustão que te
toma o corpo e a mente, o vazio existencial que te visita com frequência, a
apatia que te surpreende, a ansiedade que te aturde, são frutos espúrios da
turbulência que te atinge.
Busca o silêncio e
alcança-o.
Acalma-te e
isola-te da multidão, uma e outra vez, e viaja calmamente no rumo do ser que
és, e descobrirás tesouros imprevisíveis aguardando-te no interior.
Criado o hábito de
incursionar, banhar-te-ás nas claridades refulgentes da palavra de Deus
falando-te ao coração.
Não postergues a
luminosa experiência, iniciando-a quanto antes.
Joanna de Ângelis.
Psicografia de
Divaldo Pereira Franco, na sessão mediúnica da noite de 9 de fevereiro de 2015, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia. Em 6.4.2015.
Reblogado do website Divaldo Franco
http://www.divaldofranco.com.br/
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