As
lágrimas de Maria lhe desciam pelas faces, discretas e silenciosas.
As
memórias a transportavam àquele doloroso dia, quando o fruto de seu ventre fora
levado ao madeiro da cruz.
Ela
sempre cultivara a fé que lhe fazia recordar as palavras do emissário do
Senhor: Não temas, Maria. Eis que conceberás e darás à luz um filho, ao
qual porás o nome de Jesus.
E
lembrava de sua resposta humilde: Eis aqui a serva do Senhor. Cumpra-se
em mim segundo a tua palavra.
Então, um
pálido sorriso apareceu na face serena de Maria, quando se lembrou dos
primeiros passos do filho, das primeiras palavras, das tantas vezes que o
amamentara e o embalara.
Em vários
desses momentos, temera por Ele, é verdade. Seu coração de mãe pressentia que
muito seria exigido de seu pequeno.
Todavia,
em instante algum, deixou de confiar. Conhecia as vozes dos profetas que haviam
cantado a vinda do Messias, o Filho de Deus.
Quando,
porém, Ele se uniu a doze amigos e se pôs a cumprir a missão que lhe fora
destinada, Ele não levantara espadas, não conduzira exércitos, não destronara
reis.
Ao
contrário, do alto de Sua grandeza, fizera-se pequeno.
Aos
inimigos de Seu povo, oferecera a justiça: A César o que é de César e a
Deus o que é de Deus.
Para a
arrependida de Magdala, ofereceu a libertação: Mulher, porque muito
amaste, todos os teus pecados foram perdoados.
Ao
companheiro de crucificação, oferecera a esperança: Em verdade te digo
que hoje estarás comigo no paraíso.
Pregado
ao madeiro, para Maria de Nazaré ofereceu a sagrada missão de tomar todos os
homens, ali representados por João, sob os cuidados de seu amor maternal: Mulher,
eis aí o teu filho. Filho, eis aí a tua mãe.
* * *
Mãe de
todas as cores, mãe de todas as culturas, mãe dos grandes e dos pequenos, mãe
dos exaltados e dos esquecidos.
Senhora
dos olhos gentis, do sorriso cândido, do toque de luz, do coração acolhedor.
Teu
filho, Mestre de nossas almas, nos deixou o convite gentil: “se
alguém deseja seguir-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”.
Por
vezes, mãe, a cruz de nosso orgulho, de nossa vaidade, de nossa falta de fé e
de caridade se faz pesada sobre nossos ombros chagados por nossas mazelas
morais.
Tu, que
conheces as fragilidades humanas, ampara-nos. Quando os pregos nos atarem ao
madeiro, volta
teus olhos para nós, acaricia-nos a fronte, dá-nos a coragem que por vezes
nos falta.
Faz-nos
recordar o teu filho, Mãe Santíssima. Faz-nos seguir os passos que Ele trilhou.
Faz-nos
recordar que, para aprendermos a bem caminhar, por vezes, a queda é necessária.
Que, para
nos iluminarmos, é preciso que conheçamos profundamente o que se oculta em nossa
intimidade.
Que, para
alcançarmos a plenitude dos céus da alma, é preciso enfrentarmos as
turbulências de nossa pequenez interior.
* * *
Bendito o
fruto imortal da vossa missão de luz, desde a paz da manjedoura às dores além
da cruz. Assim seja para sempre, Divina Soberana, refúgio dos que padecem nas
dores das lutas humanas.
Salve,
Maria! Salve, Senhora! Salve, Mãe Santíssima de todos os homens!
Redação do Momento Espírita, com citação final do poema Ave Maria, do livro Parnaso de
Além–túmulo, pelo Espírito Amaral Ornellas, psicografia de Francisco Cândido
Xavier, ed. FEB. Em 5.2.2019
Fonte: Momento Espírita
www.momento.com.br
Luz, Amor e Gratidão
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