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Osho
O amor é a
única religião, o único Deus,
o único mistério que tem que ser vivido, compreendido. Quando o amor for
compreendido, você terá compreendido todos os sábios e todos os místicos do
mundo.
Não é uma coisa difícil. É tão simples quanto as batidas do seu coração ou a sua respiração. Ele vem com você, não é concedido pela sociedade. E esse é o ponto que eu quero enfatizar: o amor vem com o nascimento, mas não vem plenamente desenvolvido, é claro, assim como todo o resto. A criança tem que crescer.
A sociedade se aproveita dessa lacuna. O amor da criança leva tempo para crescer; enquanto isso a sociedade aproveita para condicionar a mente da criança com ideias falsas sobre o amor.
Na época em que está pronto para explorar o mundo do amor, você já está abarrotado com tantas bobagens sobre o amor que já não há muita esperança de que seja capaz de encontrar o autêntico e descartar o falso.
Por exemplo, todas as crianças, em todos os lugares, ouvem milhares de vezes que o amor é eterno: depois que ama uma pessoa você a amará para sempre. Se você ama uma pessoa e mais tarde sentir que não a ama mais, isso significa que nunca a amou. Ora, essa é uma ideia muito perigosa. Ela lhe dá uma ideia de um amor permanente e, na vida, nada é permanente. As flores desabrocham pela manhã e, à noite, já murcharam.
A vida é um fluxo contínuo; tudo está mudando, se movimentando. Nada é estático, nada é permanente. Estão lhe transmitindo uma ideia de amor permanente que destruirá toda a sua vida. Você vai esperar um amor permanente de uma pobre mulher e a mulher esperará um amor permanente de você também.
O amor se torna secundário, o permanente se torna mais importante. E o amor é uma flor tão delicada que não pode ser forçada a ser permanente. Você pode ter flores de plástico, que é o que as pessoas têm — casamento, família, filhos, parentes, tudo de plástico. O plástico só tem uma coisa muito espiritual: é permanente.
O amor verdadeiro é uma incerteza assim como a vida é uma incerteza. Você não pode afirmar que estará aqui amanhã. Você não pode sequer dizer que estará vivo daqui a pouco. A sua vida está mudando continuamente — desde a infância até a juventude, a meia-idade, a velhice, a morte, ela continua mudando.
O amor de verdade também mudará.
É possível que, se você for uma pessoa iluminada, o seu amor tenha transcendido as leis costumeiras da vida. Ele nem está mudando nem é permanente; simplesmente é. Não é mais uma questão de como amar; você se tornou o próprio amor, por isso o que quer que faça é amoroso. Não que você faça algo especificamente que seja amor; faça o que fizer, o seu amor se derramará sobre isso. Mas antes da iluminação o seu amor será exatamente como todo o resto: ele mudará.
Se você compreender que ele mudará, que a sua parceira pode se interessar por outra pessoa e você terá que ser compreensivo, amoroso e ter consideração por ela, deixando que ela siga o caminho que manda o coração — essa é a oportunidade que você tem de provar à sua parceira que a ama. Você a ama; mesmo que ela passe a amar outra pessoa, isso é irrelevante.
Com entendimento, é possível que o seu amor se torne um caso de uma vida inteira, mas lembre-se de que ele não será permanente. Terá altos e baixos, passará por mudanças.
É muito simples de entender. Quando começou a amar, você era muito jovem, sem nenhuma experiência; como o seu amor pode continuar igual se você se tornou uma pessoa madura? O seu amor também amadureceu. E quando você ficar mais velho o seu amor também terá um gosto diferente.
O amor continuará mudando, e de vez em quando ele precisará de uma oportunidade para mudar. Numa sociedade saudável, será possível lhe dar essa oportunidade, sem que o relacionamento seja rompido.
Mas também é possível que você tenha que mudar muitas vezes de parceiro ao longo da vida. Não há nenhum mal nisso. Na realidade, mudando muitas vezes de parceiro ao longo da vida, a sua vida ficará mais rica; e se todo mundo seguisse o que estou lhe dizendo sobre o amor, o mundo inteiro ficaria mais rico.
Mas uma ideia equivocada destruiu todas as possibilidades. No momento em que o seu parceiro olhar para outra pessoa, só olhar, os olhos dele mostrarão essa atração e você ficará fora de si. Você precisa entender que, se um homem perder o interesse pelas mulheres bonitas que vê na rua, pelas atrizes belíssimas do cinema, é isso o que você quer; que ele não se interesse por ninguém a não ser você.
Mas você não entende a psicologia humana. Se não se interessar pelas mulheres na rua, do cinema, então por que ele se interessará por você? O interesse dele pelas mulheres é a garantia de que está interessado em você, de que ainda há uma possibilidade de que o seu amor possa continuar.
Mas estamos fazendo justamente o oposto. Cada homem está tentando dar um jeito para que sua mulher não se interesse por mais ninguém além dele; ele tem de ser o único foco de atenção da mulher, o seu único interesse. As mulheres estão exigindo a mesma coisa, e ambos estão deixando o parceiro maluco. Focar a atenção numa única pessoa só pode deixar você maluco.
Para ter uma vida mais leve, mais divertida, você precisa ser flexível. Tem que se lembrar que a liberdade é o valor mais precioso e, se o amor não está lhe dando liberdade, então não é amor.
A liberdade é um critério: qualquer coisa que lhe der liberdade está certa e qualquer coisa que destruir a sua liberdade está errada. Se você conseguir se lembrar desse pequeno critério na vida, aos poucos começará a tomar o rumo certo em tudo: nos relacionamentos, nas meditações, na criatividade, naquilo que você é.
Deixar de lado velhos conceitos, conceitos vis. Por exemplo, na Índia, milhões de mulheres morreram queimadas vivas nas piras funerárias dos maridos. Isso mostra que a possessividade do marido é tamanha que ele não quer apenas possuí-la enquanto está vivo, mas tem medo do que acontecerá quando ele estiver morto! Ele não poderá fazer nada depois disso, então é melhor levá-la com ele.
E note que isso só se aplicava às mulheres — nem um único homem saltou na pira funerária da mulher em dez mil anos. O que isso significa? Significa que só as mulheres amam os homens e os homens não amam as mulheres? Significa que as mulheres não têm vida própria? A vida dela se resume na vida do marido? Quando ele morre, a vida dela também chega ao fim?
Essas ideias absurdas foram incutidas na nossa mente. Você tem que fazer uma faxina constante. Sempre que deparar com bobagens na sua mente, limpe-a, jogue-as fora. Se você estiver limpo e a sua mente, vazia, você será capaz de encontrar soluções para todos os problemas que surgirem na sua vida.
Osho,
em "A Essência do Amor: Como Amar Com Consciência e Se Relacionar Sem
Medo"
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