Era uma vez um reino que ficava em terras muito, muito distantes.
Como todo reino, tinha um rei. E, esse rei estava
muito preocupado com seu povo.
Tratava-se de um reino pobre, com poucos recursos.
As pessoas ganhavam seu sustento com muito esforço braçal. As doenças as
consumiam e não tinham conforto nenhum.
Foi aí que o rei decidiu trazer de outras terras
pensadores, cientistas, artistas, filósofos, para semearem coisas boas em seu
reino.
E assim aconteceu. Os filósofos trouxeram ideias de
liberdade, de respeito e direito ao próximo.
Os artistas ofereceram à população o belo, na
música, nas artes plásticas, nos textos que passaram a embalar corações e
mentes.
Os cientistas apresentaram a tecnologia. As doenças
foram diminuindo, as dores físicas se aplacando. Até mesmo a morte foi se
tornando algo bem menos próximo.
Os transportes ficaram mais fáceis. As pessoas
podiam se comunicar à distância. Havia calor e luz em todas as residências.
No entanto, o rei começou a perceber algo estranho.
Enquanto tudo isso era oferecido ao povo, as pessoas se tornaram cada vez mais
egoístas.
As preocupações dominantes eram para com o trabalho
e não para com a família. Com o dinheiro e não com os valores morais.
Foram se isolando, a pouco e pouco, embora a
população do reino fosse, agora, bem mais numerosa.
O rei expediu normas, fez discursos ao povo,
alertando sobre o caminho errado que estavam seguindo. Tudo inútil. Foram anos
de aviso, de advertências, sem nenhum sucesso.
Então, ele optou por algo drástico, considerando
que seus conselhos de nada serviam, para aqueles corações.
Procurou, em floresta escura, uma bruxa e lhe pediu
que lançasse um encanto sobre todos, algo que os fizesse despertar.
A partir daquele dia, as pessoas souberam que havia
uma maldição pelas ruas do reino.
Elas não podiam mais sair tranquilamente, fazer
compras ou mesmo trabalhar, pois seriam amaldiçoadas. Algumas, comentava-se,
poderiam até morrer.
Desse modo, todos se recolheram aos seus lares, por
longos dias, demoradas semanas.
E, algo estranho foi acontecendo.
Reclusas, as pessoas começaram a olhar mais para
sua família, conversar mais.
Também passaram a conviver mais consigo mesmas, a
se perceber, analisar suas emoções, seus valores. Olharam para dentro de si
mesmas.
Analisaram como estavam conduzindo suas vidas.
Então, como por encanto, esse era o verdadeiro encanto lançado pela bruxa,
foram se dando conta da necessidade de mudar.
A solidariedade, a amizade, a empatia ressurgiram.
Valores perdidos foram reencontrados.
A pouco e pouco, o reino se tornou melhor. Não
exatamente por causa de novas descobertas científicas ou tecnológicas.
O reino se tornou melhor porque as pessoas
perceberam que nada tem importância real se somos incapazes de amar o nosso
próximo, de convivermos, de estreitarmos laços.
* * *
As dificuldades estão no reino de nossa intimidade.
E o que nos ocorre não é resultado de maldições. São encantos em forma de
oportunidades que Deus envia, a fim de nos tornarmos melhores, mais humanos,
mais amorosos.
Aproveitemo-las!
Redação do Momento Espírita.
Em 14.5.2020.
Fonte: Momento
Espírita
http://momento.com.br/
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