Herculano Pires
Divaldo Pereira Franco
DOIS MILHõES DE ESPÍRITOS FRANCESES REENCARNARAM NO BRASIL
Você sabia que, em entrevista a Herculano
Pires, em 1973, no programa No limiar do amanhã*, Chico Xavier revelou que milhões de
espíritos de cultura francesa reencarnaram no Brasil para continuar a
divulgação do espiritismo?
Herculano comentava que o Brasil era a
primeira grande nação do Ocidente a se tornar basicamente reencarnacionista,
por influência não só do espiritismo, mas também das religiões africanas, que
foram trazidas aqui pelo contingente negreiro. E acrescentava que ainda mais
curioso era o fato de ter havido no Ocidente apenas uma nação reencarnacionista
no passado: a França (aí incluindo-se as Gálias antigas, envolvendo a Irlanda e
a Inglaterra). Chico então diz que gostaria de aprofundar a questão, pedindo
licença para aditar sobre os apontamentos de Emmanuel, em 1965:
– Perguntei a ele onde estavam aqueles
companheiros de Allan Kardec que vibravam com a doutrina espírita na França. Então
ele me disse que do último quartel do século 19 para cá, cerca de 15 a 20
milhões de espíritos da cultura francesa e, principalmente, os simpatizantes da
obra de Allan Kardec reencarnaram no Brasil para dar corpo às ideias da
doutrina espírita e fixarem os valores da reencarnação. Nós nos reportamos
muito mais à França como terra mater de nossa espiritualidade do que Portugal, até porque isso está no
conteúdo psicológico de milhões e milhões de brasileiros que estão fichados,
por certidão de cartório, como brasileiros, mas psicologicamente são franceses.*Programa
radiofônico exibido pela Rádio Mulher,de
São Paulo, e apresentado por J. Herculano Pires, entre os anos de 1971 e 1974.
- Divaldo, Deus te abençoe. É tão difícil entender que no Brasil, sendo a
“Pátria do Evangelho”, ainda existam tantas pessoas que não amam o próximo. Por
quê?
- Porque não são Espíritos do Brasil. Vêm de
outras pátrias, de outras raças. Não são almas brasileiras. Vêm para cá,
porque, se ficassem nos seus países de origem, os sentimentos de rancor e
ressentimentos torna-los-iam mais desventurados.
Após a Revolução Francesa de 1789, quando a
França se libertou da Casa dos Bourbons, os grandes filósofos da libertação
sonharam com os direitos do homem, direitos que foram inscritos nos códigos de
justiça em 1791 e que, até hoje, ainda não são respeitados, embora em 1947, no
mês de dezembro, a ONU voltasse a reconhecê-los. Depois daquele movimento
libertário, o que aconteceu com os franceses? Os dois partidos engalfinharam-se
nas paixões sórdidas e políticas e como conseqüência, os grandes filósofos
cederam lugar aos grandes fanáticos, e a França experimentou os dias de terror,
quando a guilhotina, arma criada por José Guilhotin, chegava a matar mais de
mil pessoas por dia. Esses Espíritos saíam desesperados do corpo e ficavam na
psicosfera da França buscando vingança.
Começa o século XIX e é programada a chegada
de Allan Kardec. O grande missionário vai reencarnar na França, porque a
mensagem de que é portador deverá enfrentar o cepticismo das Academias na
Cidade-Luz da Europa e do mundo e, naquele momento, Cristo havia designado que
o Espiritismo nasceria na França, mas seria transplantado para um país onde não
houvesse carmas coletivos, e esse país, por enquanto, seria o Brasil.
São Luis, o guia espiritual da França, cedeu
que a terra gaulesa recebesse Allan Kardec, mas “negociou” com Ismael, o guia
espiritual do Brasil: “Já que a mensagem de libertação vai ser levada para a
Terra do Cruzeiro, a França pede que muitos Espíritos atribulados da Revolução
reencarnem no Brasil, pois, se reencarnarem aqui impedirão o processo da
paz”. E
dois milhões de franceses vieram reencarnar no Brasil, para que, quando chegasse a mensagem
espírita, culturalmente se identificassem com o chamado método cartesiano de
Allan Kardec. (sem grifos).
Naturalmente, esses Espíritos eram
atribulados, perturbados, com ressentimentos, com mágoas. Se nós considerarmos
que os Espíritos brasileiros são os índios, que a maioria de nós é constituída
por Espíritos comprometidos na Eurásia, e que estamos aqui de passagem, longe
dos fenômenos cármicos para nos depurarmos, compreenderemos porque muitos
brasileiros do momento ainda não amam esta grande nação. E o primeiro
sentimento que têm quando, ao invés de investir em fortunas, honesta ou
desonestamente amealhadas no solo brasileiro, eles as mandam para os países
estrangeiros. Não confiam no Brasil, porque são “de lá”. Mandam para lá porque,
morrendo aqui, o dinheiro fica lá para poderem “pagar” o carma negativo que lá
deixaram. Os chamados “paraísos fiscais” são também lugares de alguns de nós
que aqui nos encontramos, mas apesar de ainda não termos o sentimento do amor,
já temos alguma luz.
Viajando pelo mundo, onde tenho encontrado
brasileiros espíritas, descubro uma célula espírita. Começa-se com um estudo do
Evangelho no lar, depois chama-se os amigos, os vizinhos, forma-se um grupo e,
hoje, na Europa. 90% dos grupos espíritas são criados por brasileiros. Com
exceção de Portugal, Espanha e um pouquinho da França, o movimento é todo de
brasileiros e latinos acendendo as labaredas do Evangelho de Jesus. Não há
pouco tempo, brasileiros na Holanda encontraram as obras de Kardec traduzidas
para o holandês, brasileiros na Suíça revisaram O Evangelho segundo o
Espiritismo e se está tentando publicar as obras de Kardec, agora em alemão.
Brasileiros na América do Norte retraduziram O Livro dos Espíritos e O
Evangelho, que o foi por um protestante, que substituiu a palavra reencarnação
por ressurreição. Brasileiros em Londres, com alguns ingleses, já formam oito
grupos espíritas e seria fastidioso se fosse enumerando na Ásia, na África...
Certa feita, recebi um telefonema de uma
cidade asiática. Tratava-se de uma consulesa do Brasil que me dizia o seguinte:
“Eu estou no outro lado do mundo, sou espírita, tenho três filhos rapazes – um
de 10, um de 14 e outro de 18 anos. Tenho-lhes ensinado o Espiritismo, mas o
meu filho mais velho está na Universidade e me faz perguntas muito embaraçosas;
aqui eu não tenho acesso a maiores instruções. Queria convidá-lo a vir aqui dar
umas aulas de Espiritismo ao meu filho. Você viria?” Eu respondi-lhe: - Sim,
senhora, com a condição de conseguir-se espaço para eu falar em auditório publico
sobre o Espiritismo: - O marido era o representante dos negócios do Brasil no
país. – Se a senhora aceitar a condição, ficaria alguns dias para debater com
os seus meninos. Como não falo inglês, seu filho será o meu intérprete.
E assim, fiz a longa viagem de 36 horas com
escalas e lá, naturalmente, ela me disse: “Mas, Divaldo, onde vamos ter esse
encontro?” Eu lhe respondi: “Tive uma entrevista com o Baghavan Swami Sai Baba,
e sei que essa é uma cidade em que há um grande movimento Babista e, se a senhora
conseguir um grupo Sai Baba eu me prontifico a fazer uma conferência ali”.
Encontramos o representante de Sai Baba para
a Ásia e ele ficou muito feliz porque Swami havia-me recebido. Ele reuniu mil
pessoas para que eu falasse sobre o Espiritismo. Fiquei até com pena dele! E
pensei: “Vou arrastar toda a turma de Sai Baba para o Sr. Allan Kardec”
(risos...)
Então, fiz a palestra, falei sobre Allan
Kardec, sobre as comunicações, ele ficou tão sensibilizado, que me perguntou se
eu teria coragem de ir a Cingapura para fazer a mesma coisa. Eu lhe respondi: -
O senhor me mandando até o CingaInferno eu irei para falar sobre o Espiritismo.
Fui a Cingapura e fiz uma viagem pela Ásia e, onde havia brasileiros, lá
estavam eles...
A missão do Brasil, “Pátria do Evangelho e
Coração do Mundo” não é a de sermos todos ricos, maravilhosamente ricos; é a de
sermos maravilhosamente espiritualizados, sem nenhum demérito para os outros
países, que são todos amados por Deus e por Jesus em igualdade de condição.
Aqui entra o nacionalismo, para ver se a gente ama um pouquinho mais este país
que está passando uma fase de grande desprestígio. Deus só tem ajudado no
Tênis! Que Ele tenha compaixão de nós e nos ajude também no Futebol e noutra
coisa qualquer! (risos...)
Nós somos as cartas vivas do Evangelho. Jesus
escreveu em nossa alma a Sua mensagem. Onde quer que vamos, que brilhe a nossa
luz; mas, para que ela brilhe, é necessário que a acendamos, e o combustível
dessa luz é a fraternidade. Assim, todos saberão que estamos ligados a Ele,
graças à presença dos bons Espíritos, que aqui estão conosco, e sempre se
encontram a qualquer hora. Como disse kardec, com muita propriedade, todos têm
seu Guia espiritual que os inspira; dessa forma, todos são médiuns, estão
sintonizados com esses.
Concluirei com uma pequena narrativa, sobre
um homem que era muito ignorante, muito modesto, muito pobre. Todo dia ele
entrava na igreja, próximo ao horário de fechar as portas; ajoelhava-se diante
do altar-mor, ficava dois minutos e saía. O sacerdote, que cuidava da igreja,
ficou muito intrigado, e achou que ele estava observando algo para furtar ou
para roubar,passando a ficar mais vigilante. Mas, ele chegava, ajoelhava-se,
dobrava-se, balbuciava algo e ia-se embora. Um dia, o sacerdote não suportou mais
e perguntou: “O que é que você vem fazer aqui, um miserável como é? Por que não
vem à missa? Só vem na hora em que a igreja vai ser fechada?” Ele respondeu: “É
porque eu sou muito pobre.” O sacerdote continuou: - “E por que vai ao
altar-mor. Como se atreve?” Ele respondeu: - “Pois é, quando a igreja vai
fechar, eu entro correndo e digo: Jesus, eu estou aqui. Se precisar, é só
chamar! E vou embora”. O sacerdote achou aquilo intrigante.
Anos depois, aquele mendigo adoeceu e foi
levado para uma casa de emergência, de caridade. Quando, um dia, a enfermeira
foi colocar o seu alimento sobre uma cadeira, ao lado da cama, ele pediu: -
“Oh, por favor, não bote aí!” A jovem perguntou: - “Por que não?” E o homem
respondeu: - “Porque essa cadeira de vez em quando, fica ocupada.” Ele deveria
estar delirando, a enfermeira pensou, e respeitou-o. Começou a notar que todo
dia, um pouco antes das 18 horas, o rosto dele se iluminava! Ele sorria e
dizia: - “Muito obrigado! Muito obrigado!” Ela achava que era delírio mas, como
ele era perfeitamente saudável da mente, num desses dias, quando terminou de
agradecer, ela indagou: - “Não repare, mas o que você está agradecendo?” Ele
esclareceu: - “É a uma visita que chega todo dia cinco para as seis.” Ela
continuou: - “Que visita é essa?” - É Jesus. Ele sempre vem e diz-me: - “Olhe,
estou aqui. Se precisar de mim é só chamar!...”
Se precisarmos de Jesus, é só chamarmos!
(XIF-2001)
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