Leia a parte I
Traduzido do Livro “THROUGH ALIEN EYES – Através
de Olhos Alienígenas”, escrito por Wesley H. Bateman, Telepata da FEDERAÇÃO
GALÁCTICA, páginas 9 a 35.
“Por trás do véu de caos existe ainda outro e outro desse
tipo. Seja sincero, não lisonjeie e nem amaldiçoe falsamente o divino, e
posso, então, garantir-lhes que uma vez na vida lhes será oferecida uma oportunidade de saber tudo o que existe para saber e,
assim, trazer a vocês a paz espiritual. Se vocês estiverem desconfortáveis dentro da vestimenta
de peregrinação (como a maior parte de sua raça), tenham paciência e esperem,
pois foi profetizado: os grandes mistérios serão revelados a todos no dia em
que o sumo sacerdote de Ra aparecerá ao meio-dia e gritará:” “Venham
todos, aprendam e conheçam, pois ÍSIS está sem véu.” - Eu Sou Benagabra de Delment.
OS SENHORES DE PLANEJAMENTO das Casas de Comércio Continua a narrativa de Sharmarie, o marciano:
Essa sala de conselho estava preenchida, na sua maioria,
por homens e mulheres chamado por Rayatis Cre’ator de seus Senhores
de Planejamento. Esse corpo de idealizadores,
ou conselheiros, cresceu com o passar dos anos até lotar um auditório e então
atingiu números que atualmente ultrapassam minha capacidade de compreensão.
Originalmente, os Senhores do Planejamento eram
mais ou menos trinta. As reuniões se prolongavam por dias, sendo
interrompidas somente quando Cre’ator fazia uma pausa.
Muitas vezes, visitantes importantes compareciam a essas
reuniões diárias; entre eles estavam Carlus Domphey, Trare Vonner (cunhado de
Cre’ator) e Adolfro Blaclotter, bem como outro dignitários. Vonner e Domphey
estavam no mesmo negócio interestelar lucrativo de Cre’ator e a princípio,
foram considerados concorrentes cordiais Essas relações tornaram-se muito
hostis em certo período, até que a formação da FEDERAÇÃO
de Mundos restaurou a paz (sob ameaça do uso da força
e outros métodos de persuasão) uma paz duradoura entre eles, que perdura até
hoje.
Planeta Marte |
A Senhora Cre’ator nunca comparecia às reuniões do
conselho, mas sua filha sim, às vezes acompanhada de seu meio-irmão Dray-Fost,
cujos cabelos negríssimos e olhos negros (características físicas de sua mãe de
outro planeta) faziam com que se destacasse em meio aos nodianos de cabelos
brancos. Eu, por mim, desejava viver o bastante para ver aquelas duas crianças
crescerem e juntas assumirem o controle da administração da Casa de Cre’ator,
como fizeram por ocasião da morte do pai. Sua administração de primeira vida
dos bens dessa hoje grande casa comercial teve um importante papel cooperativo
no rápido desenvolvimento da FEDERAÇÃO GALÁCTICA.
Pouco antes da fundação
da FEDERAÇÃO, as reuniões do
conselho contavam com a participação de meu velho amigo 63-92 e de um nodiano
magricela chamado Linc-Core, dono de uma longa barba que lhe chegava até os
joelhos. Linc-Core tinha a mesma capacidade de desaparecer que eu vira
demonstrada por 63-92 no meu primeiro dia em NODIA.
Os dois não faziam comentários verbais, mas falavam telepaticamente com
Cre’ator de uma forma que provocava a formação de grande número de expressões
emocionais em seu rosto. Era óbvio que o estavam forçando a tomar decisões
muito difíceis.
Certa manhã, um homem apresentado à reunião como o
meio-irmão de Crea’tor, Opatel, chegou com outro homem identificado por Opatel
como Sant, do planeta MALDEK. O maldequiano Sant
era fisicamente belo, com cabelos dourados e olhos cor de violeta. Não
disse nada durante a reunião, mas de vez em quando ficava vesgo e mexia a ponta
da língua rapidamente contra o centro do lábio superior. Não se tratava de um
tique nervoso, e sim de uma indicação de que estava se concentrando
profundamente no assunto em discussão. Sua presença parecia incomodar a
todos, exceto Opatel. No encerramento da reunião, Sant aproximou-se de mim
sorrindo, e falou-me perfeitamente em meu idioma pátrio. Disse-me que éramos
vizinhos planetários, pois seu mundo natal de MALDEK orbitava
o mesmo sol que o meu mundo natal. Nada mais disse e foi-se embora, deixando-me
sem fala.
Passaram-se quase vinte anos, no decorrer dos quais
a FEDERAÇÃO foi estabelecida
e a forma de economia foi modificada diversas vezes até que Adolfro
Blaclotter idealizou o sistema utilizado hoje. As casas de
comércio de Cre’ator, Vonner e Domphey se
expandiam, entrando em um sistema solar por vez até que cada uma finalmente
dispunha de um posto avançado em todos os sistemas solares da Via
Láctea (como a nossa Galáxia é denominada na Terra), como
também em várias galáxias vizinhas. O
assunto de abertura de uma das reuniões diárias do conselho dizia respeito ao
relatório segundo o qual o planeta MALDEK havia
explodido em pedaços. O relatório continuava dizendo que
tudo parecia bem com os outros planetas do sistema. Recordo que apenas um dos
Senhores do Planejamento perguntou: “O que causou essa catástrofe?” Como não
recebesse resposta, ele e os outros puseram de lado o assunto e continuaram com
a ordem do dia.
Nos vários anos que se seguiram, viajei com Reyatis
Cre’ator e outros funcionários da casa de comércio para inúmeros sistemas
estelares diferentes, alguns localizados em outras galáxias. Achei as variadas culturas por nós visitadas
mentalmente estimulantes e educativas, mas Cre’ator estava cansado até as
profundezas da alma. Estava entediado e passava a maior parte do tempo na
presença de Linc-Core, que ele podia de alguma forma convocar quando bem
quisesse. Vários dias depois do retorno a Nodia, Opatel chegou e narrou em
primeira mão a explosão de MALDEK, observada por ele da
Terra. Ele acrescentou que os radiares e planetas do sistema estavam lentamente
entrando em novas órbitas e poderiam mesmo no final seguir em espiral até seu
fim, colidindo com o sol.
Cre’ator perguntou o que
a FEDERAÇÃO estava fazendo em relação a essa
possibilidade, se é que estava fazendo algo. Opatel disse que apenas
a Terra parecia estar mantendo sua órbita natural, então os
que quisessem ir embora dos outros mundos do sistema estavam sendo levados à
Terra por segurança. Opatel disse-me pessoalmente que meu planeta natal,
Marte, estava em perigo e que a FEDERAÇÃO estava
considerando colocar em órbita a seu redor duas luas artificiais para
estabilizar sua órbita solar {n.t. O que foi feito com os dois maiores pedaços
que restaram do planeta MALDEK, e hoje são as duas luas de MARTE, Phobos
(Medo) e Deimos (Terror)}. Ele também disse que um grande
número de meus patrícios marcianos estavam sendo transferidos para a Terra e
para um planeta chamado Mollara em outro sistema
solar (Mollara fica no aglomerado estelar das PLÊIADES).
Opatel nos contou que ele estava voltando para a Terra e
que a Senhora Cre’ator desejava viajar com ele, retornando a Nodia depois de
uma breve visita. Ele garantiu a Cre’ator que não havia perigo sério iminente.
Depois de certa relutância, Cre’ator cedeu ao pedido pessoal direto de sua mulher
para viajar à Terra com Opatel, sob a condição de que eu, Sharmarie, a
acompanhasse. Aguardei com ansiedade a viagem e tinha esperança de ver
fisicamente e conseguir falar com alguém do meu mundo natal que conhecera em
minha juventude.
NA TERRA COM A SENHORA CRE’ATOR
Quando chegamos à Terra, fomos recebidos como hóspedes
do governador maldequiano da Terra, Her-Rood.
Ele não aparentava pesar pelo fato de seu mundo natal estar agora girando ao
redor sol na forma de pedacinhos. Desde a destruição de seu planeta, ocupava
seu tempo abrigando uma orgia incessante em sua magnífica propriedade,
localizada na região da Terra conhecida agora como o sul da
Venezuela. Passei os primeiros seis dias na Terra procurando marcianos.
Consegui encontrar alguns shens e burrs, que me disseram que mais de
cem mil pessoas do meu povo haviam deixado a Terra com o Zone-Rex Rancer-Carr
havia cerca de três semanas e ido para um planeta chamado Mollara (nas PLÊIADES).
Também me disseram que havia milhares de marcianos reunidos em algum lugar da
Terra, aguardando meios de transporte que lhes permitissem fazer a mesma
viagem. Não sabiam me dizer em que local da Terra estava esse grupo.
A Terra estava repleta de mercados de escravos e a
violência corria solta. Para me afastar da loucura, decidi voltar para a festa,
encontrar alguém que estivesse meio sóbrio e ainda de pé e fazer-lhe perguntas.
Nunca quis tanto sair de um lugar como quis sair do planeta Terra. Sentia
intensamente que alguma coisa ia dar muito errado. Então, chegou o dia
em que o céu ficou repleto de nuvens muito escuras acompanhadas de trovões e
raios. Em questão de dias a freqüência dos trovões e raios aumentou, até que
não havia mais silêncio. Era ensurdecedor. A chuva caía torrencialmente,
batendo nos telhados das construções com tanta força que algumas das estruturas
rachavam e resvalavam de suas fundações, sendo carregadas com grandes ondas de
lama.
Procurei e encontrei a Senhora Cre’ator quando começou a
tempestade, mas não consegui localizar Opatel. Quando alcançamos o local onde
nossa espaçonave fora deixada, esta sumira. Juntamente com vários outros
convidados da festa, adquirimos um carro aéreo pilotado por um homem que
mantinha o carro no ar e voando concentrando mentalmente sua força vital
através de um cérebro de cão, separado do corpo, mas ainda vivo. Sua energia
durou menos do que um dia. Cerca de dez minutos depois de ele aterrissar a nave
no topo de uma montanha, caiu no sono e depois morreu. Como o carro estivesse
sendo sacudido com violência pelo vento, girando rapidamente na lama, resolvi
que a Senhora Cre’ator e eu devíamos sair do carro e procurar outro tipo de
abrigo. Pouco depois, vimos o carro deslizar sobre um despenhadeiro e
desaparecer de nossa vista. Naquela hora, desejei que tivéssemos ficado no carro
e encontrado nossa morte quando ele se precipitou despenhadeiro abaixo.
Havíamos andado uma curta distância, quando vimos no céu a
espaçonave que nos trouxera a Nodia. Estava obviamente tentando nos alcançar, e
seus esforços nos deram esperança. Mas, a cada raio, a nave balançava e girava.
Várias vezes parecia ter sido realmente atingida por raios. Então, de repente,
desapareceu, para nunca mais ser vista. A Senhora Cre’ator caminhou para a
beira do penhasco. Claro que eu sabia o que ela planejava, com um salto fatal,
pôr fim à própria vida. Então, o barulho dos trovões e da chuva cessou e uma
voz chamou meu nome. Virei-me e vi 63-92 de pé um pouco acima de mim, envolto
numa aura de luz branca. Ele disse com suavidade: “Não
permita que ela tire a própria vida.” Repliquei: “O
que devo fazer?” Ele respondeu minha pergunta
dizendo: “Não posso lhe dizer o que fazer, mas pelo bem da
alma da Senhora Cre’ator, não a deixe tirar a própria vida.”
Procurei minha arma e tirei-a do estojo no meu cinto.
Quando ergui a arma, pensei, estou prestes a matá-la, ela, que jurei proteger
do mal. Quando atirei, o corpo dela se curvou e se elevou do solo. Os braços se
mexeram várias vezes como as asas de um pássaro, então o corpo desapareceu sobre
a beirada do penhasco. O som do trovão e da chuva recomeçou quando ergui a arma
em direção à minha têmpora. Disparei a arma várias vezes, mas nada aconteceu,
então, atirei-a o mais longe que pude e andei até a beira do penhasco, não para
pular, e sim para procurar o corpo da Senhora Cre’ ator. Não conseguia enxergar
a base do penhasco, mesmo com a luz dos raios. Enquanto andava, dei por mim
entoando uma oração marciana pelos mortos que aprendera há muitos anos.
Depois de vagar vários dias, fiquei muito fraco e caí de
bruços na lama. A lama logo começou a me cobrir e fiquei preso. Adormeci e
sonhei com coisas agradáveis que tinham ocorrido ao longo de minha vida. Meu
corpo desvinculou-se do campo vital universal e morreu, deixando minha alma à
disposição da vontade dos Elohim. A
vida que acabei de descrever durou um pouco mais de 72 anos terrestres. Foi
somente em minha encarnação atual que descobri as agruras da minha primeira
vida e das vidas posteriores (recorporificações) de muitas das pessoas com as quais
interagi naquela primeira vida.
Quero que entendam que minha associação de 53 anos com a
casa de comércio de Cre’ ator e minhas inúmeras viagens galácticas,
patrocinadas por essa organização, levaram-me a entrar em contato com culturas
e pessoas que muito impressionaram meu espírito com os costumes dos seres
humanos brilhantes e sagrados, bem como os costumes de seres humanos sombrios e
sinistros. Encontrei o amor com mulheres de muitos mundos, mas só vim a ser pai
nesta vida que estou experiênciando atualmente. Toda vida é importante no Plano
Mestre do Criador do Tudo Que É. Se isso não fosse verdade, não haveria vida
alguma.
VIDAS SOBRE O PLANETA TERRA
Nós, do “estado mental irrestrito aberto,”
(não sujeitos à Barreira de Freqüência do
planeta Terra) somos capazes de recordar todas as vidas que já
experienciamos. Para nós cada vida constitui, na
verdade, uma parte de uma única vida contínua, sem as interrupções das
descorporificações. Embora isso seja verdade para uma pessoa que vive no estado
mental aberto, não é o caso para os que vivem no “estado mental fechado” (nível
molar) existente na Terra hoje e que prevalece no planeta por centenas de
milhares de séculos.
Eu fiz uma comparação dos dois tipos de estados mentais
para que vocês entendam que toda e cada vida por mim experienciada na Terra
desde que o planeta foi submetido à nociva Barreira de Freqüência foi vivida,
em grande parte, sob as mesmas condições mentalmente restritivas
(com pouquíssimas exceções) às quais está sujeita hoje uma pessoa da Terra. Portanto,
cada vida que vivi na Terra (e foram centenas) se iniciou e se encerrou comigo
ignorando o fato de que já vivera e certamente viveria repetidas vezes na forma
física humana. Das centenas de vidas por mim vividas na Terra no passado,
várias (cerca de cinco) se destacam. Descreverei essas vidas resumidamente na
ordem em que ocorreram. Algumas delas separaram-se por milhares de anos e
variaram em duração de 14 a 534 anos.
O PRÍNCIPE
Foi
há tanto tempo, no passado, que especificar uma data exata colocaria em dúvida
a sua e a minha credibilidade nas mentes dos que são considerados
(ou acham que são) autoridades na pré-história da Terra (n.t. Ou daqueles que somente acreditam naquilo que
o “sistema determina que é verdade, PRINCIPALMENTE o dogmático sistema
religioso”) Então, não darei a vocês nada que
precisem defender ou perder seu tempo discutindo com gente cujas
mentes estão fechadas e determinadas a acreditar no
contrário. Garanto-lhes que, por vários motivos, é impossível identificar
registros físicos de qualquer tipo relativos a esta antiga civilização, a menos
que se considerem como provas os parafusos para metais e objetos feitos à
máquina encontrados em depósitos de carvão antracito.
O nome de meu pai era Agrathrone. Minha mãe, Merthran, foi
uma de suas centenas de mulheres. Fui o 182 de 670 filhos. Tinha praticamente o
dobro de meias-irmãs e duas irmãs. Fui chamado Urais. Meu pai era mais do que
imperador; era venerado como um deus por seus súditos. Como eu era seu filho,
era também considerado uma divindade, assim como todas as suas mulheres e os
outros filhos. Naquela época, o reino de meu pai cobria quase um
terço da superfície da Terra, mas ele tinha planos de governar cada
centímetro quadrado. A capital do império localizava-se na região norte do país
atualmente denominado Tailândia.
Meu pai tinha aliados secretos (deuses) que, de vez em
quando, faziam visitas descendo em seus ovos prateados que vinham dos céus.
Desde quando era bem criança, eu temia sua chegada, assim como todos na casa
real. Eles traziam injeções imunizantes e comprimidos que éramos obrigados a
tomar. Vários dias depois de tomar as injeções, o pessoal da casa ficava
preso de medo, pois às vezes um ou mais de nós morria em conseqüência de uma
reação violenta. Caso morresse uma criança, sua mãe em geral também morria. Se
uma criança morresse e a mãe não, ela era executada imediatamente.
Para meu pai e os deuses celestiais, essas mortes
significavam simplesmente que os que morriam tinham uma constituição biológica
inferior, incompatível com seus planos de produzir uma raça, biologicamente
superior, totalmente resistente a qualquer tipo de infecção ou doença {n.t. a
ideologia e fanatismo da “raça superior e/ou eleita por deus” persiste AINDA
HOJE em nossa civilização}.
Eu estava no final da adolescência, quando descobri que
havia um plano de, mais cedo ou mais tarde, infectar
e matar todos os outros seres humanos do planeta com armas biológicas que não
prejudicariam as pessoas do império que houvessem sido, biologicamente
selecionadas como superiores (só para começar) e tivessem recebido as imunizações
ao longo de vários anos. Quando as pessoas sobreviviam
a uma injeção, é claro que se sentiam aliviadas, mas a cada vez que sobreviviam
a uma injeção, também começavam a sentir que eram de fato cada vez mais
superiores aos outros seres humanos não-imunizados. Eu não era nenhuma exceção
a essa regra.
Os deuses celestiais estavam sempre vestidos com roupas
protetoras e espreitavam para o mundo interior de dentro de elmos transparentes
que lhes envolviam totalmente as cabeças. Suas visitas semi-anuais nunca
duravam mais de umas poucas horas. Certo dia, eles chegaram em mais de 30 ovos
prateados no mínimo 50 vezes maiores do que os que eu já vira até então.
Transportavam uma carga de veículos e máquinas que, ao ser desembarcada, cobriu
centenas de acres. Naquele dia, o império de Agrathrone, instantaneamente,
passou de uma sociedade movida a carros-de-boi para um
nível técnico que assombraria os físicos mais imaginativos da Terra de hoje.
Meus irmãos e irmãs estavam reunidos com outros membros de
casas nobres, então um deus celestial caminhou em meio a nossas fileiras
fazendo seleções por razões que, naquela hora, não nos eram claras. O deus
celestial, que ficou diante de mim e me selecionou tocando meu peito, era um
belo homem que batia a ponta da língua contra o meio do lábio superior (era um
maldequiano). Falou-me mentalmente, dizendo: “Você vai se dar muito bem,
marciano. Sim, vai se dar muito bem.” Não sabia o significado do nome pelo qual
ele me chamou (a denominação “marciano” é usada apenas para corresponder às
referências do leitor). Foi embora rindo, deixando-me com uma dor de cabeça
latejante.
Aqueles dentre nós que haviam sido selecionados (tanto
homens como mulheres) foram indicados para veículos que, segundo nos disseram,
podiam voar pelo ar. Tinham formato cilíndrico, com cerca de 11 metros de
comprimento e diâmetro de aproximadamente 3,6 metros e exterior verde-oliva.
Deram-nos manuais de operação escritos em nosso idioma nativo.
A instrução no capítulo final do manual era: “Quando tiver
certeza de que consegue operar o veículo, faça-o.” Não fui o primeiro de
meu grupo a tentar voar. Foi engraçado observar um de meus irmãos ou irmãs se
elevar do solo alguns metros e trombar com os veículos de um ou mais dos outros
novatos. Ao aterrissarem eles discutiam e se acusavam de serem os causadores da
colisão.
Quando tentei voar pela primeira vez, foi fácil; era
como se sempre houvesse sabido. Meus sonhos,
daquele momento em diante, ficaram repletos de vôos na garupa de motonetas
voadoras ou em aeronaves cheias de gente de cabelos brancos. Eu
gostava da emoção de voar e me aventurava a centenas de quilômetros da capital
às mais altas e baixas altitudes permitidas pelo regulador automático de altitude.
Muitas vezes, desejei ser capaz de me elevar a altitudes cada vez maiores até
alcançar a terra dos deuses celestiais.
As vezes, levava comigo um menino (no início da
adolescência) nos meus vôos práticos. Na época, pensei que ele fosse meu filho
natural. (Só na minha vida atual vim descobrir que o menino era, na verdade,
filho da primeira de minhas três mulheres e um de meus irmãos mais novos. Não
faz diferença, amava-o naquela época como o amo agora.)
Meus vôos nunca nos levavam para muito longe de minha base
natal. O motivo era que os vilarejos e cidades estavam cheios de gente
não-imunizada de casta inferior que não podiam fornecer nem a mim nem a meus
passageiros a comida e as acomodações condizentes com nossa tão nobre posição.
Era interessante ver as expressões espantadas em seus rostos camponeses quando
voávamos lentamente e passávamos a apenas alguns metros sobre suas cabeças.
Alguns chegavam mesmo a morrer de choque. Foi na primavera de meu segundo
ano como piloto que um irmão mais velho, de nome Jasaul, e eu fomos convocados
por meu pai. Ele e seus conselheiros estavam seriamente preocupados com um
boato que chegara à corte.
Ouviram dizer que Mokaben, governador de uma província
distante, ocasionalmente fora visto tremendo. Ordenaram-nos que voássemos até a
província para descobrir se isso era verdade. Se fosse, devíamos executar
Mokaben e substituí-lo por Jasaul como governador daquela terra. Jasaul era um
homem atarracado com um rosto redondo, que ele gostava de esconder por trás de
uma barba grosseira e áspera. Não sabia pilotar carros aéreos. Era por essa
razão, é óbvio, que precisavam de meus serviços. Jasaul era muito inteligente,
fascinava a todos com seus conhecimentos. Saímos da capital de nosso pai
com uma frota de oito carros aéreos. Alguns desses carros levavam alimentos
especiais e outros estavam abarrotados de serviçais.
A viagem durou cerca de dois dias e meio (perdemo-nos
várias vezes), e chegamos na terra de Toray à noite. O
ponto de referência que identificava nosso local de aterrissagem (o Egito) era
uma grande pirâmide cujos lados de calcário branco (na verdade o
revestimento era de ÔNIX branco) muito bem polido refletiam, brilhando, a
luz de uma lua quase cheia. Havia lâmpadas elétricas
acesas abaixo de nós, e conseguíamos ver no solo muitos homens fazendo-nos
sinais frenéticos para que nos afastássemos da estrutura resplandecente. Nem
todos os pilotos de nossa esquadrilha entenderam a mensagem a tempo. Suas
naves, primeiro oscilaram de maneira instável, a seguir caíram na relva alta
que crescia às margens do rio vizinho. Perdemos quatro carros aéreos dessa
maneira, e todos os seus ocupantes morreram.
Como vocês já devem ter percebido, a terra que naquela
época chamávamos Toray incluía a região conhecida hoje como Egito. A pirâmide e
o rio eram, naturalmente, o que vocês denominam respectivamente de Grande
Pirâmide de Gizé e o rio Nilo, que ainda hoje existem nessa
terra. Quando nos encontramos com Mokaben, ele não se esforçou para
ocultar o fato de que seus tremores duravam até dez minutos, aproximadamente.
Ele não tinha dúvidas sobre a razão de estarmos ali. Disse-nos que, nos 143
anos em que governara a terra de Toray, tivera de executar muita gente que
contraíra a doença dos tremores.
Jasaul e eu comparamos o registro de imunização de Mokaben
com os nossos próprios e observamos que eram idênticos. Em sua opinião, a
doença era causada por algum efeito gerado pela Grande Pirâmide. Mokaben
reivindicou seu direito, na qualidade de nobre, de tirar a própria vida, e
concedemos seu pedido. Ele acrescentou que, de qualquer forma, era um homem
condenado, pois enfurecera os deuses celestiais ao não impedir o roubo (cinco
dias antes de nossa chegada) do cume de cristal (Astrastone, a substância
material mais dura do Universo) da Grande Pirâmide.
Naquela noite, fui apresentado a outro dos prodígios
dos deuses celestiais. Jasaul mostrou-me uma caixa que lhe
permitia conversar com nosso pai como se ele estivesse presente na mesma sala
(tratava-se, de fato, de um rádio transmissor e receptor). Meu pai instruiu
Jasaul a conservar o corpo de Mokaben, pois os deuses celestiais desejavam
examiná-lo (fazer uma autópsia). Jasaul solicitou e obteve permissão para mudar
a sede de governo de Toray o mais longe possível da Grande
Pirâmide. Vários dias depois, saí de Toray a caminho de casa acompanhado
de dois dos carros aéreos restantes. Jasaul ficou com um dos carros e um
piloto. Um dos carros aéreos de minha esquadrilha levava a múmia e os órgãos
removidos cirurgicamente de Mokaben.
Acima: Nas últimas décadas, mineiros sul-africanos têm encontrado centenas de esferas metálicas, e pelo menos uma delas tem três sulcos paralelos girando em torno de seu equador. Segundo um artigo de J. Jimison, as esferas são de dois tipos – “uma de metal sólido azulado com manchas brancas, e outra que é uma bola oca recheada com um centro esponjoso branco”. Roelf Marx, curador do museu de Klerksdorp, África do Sul, onde estão guardadas algumas das esferas, disse: “As esferas são um mistério completo. Elas parecem feitas pelo homem, todavia, à época na história da Terra, em torno de 2,8 bilhões de anos em que vieram descansar nesta rocha, não existia vida inteligente. Elas não se parecem com nada que eu já tenha visto antes”. |
Os dois terços restantes da superfície da Terra eram
governados por centenas de diferentes reis que eram aliados a doze imperadores
que, por sua vez, mantinham forte aliança entre si. Depois de muitas décadas de
guerras primitivas (levadas a cabo com espadas, lanças, arcos e flechas) entre
esses imperadores e meu pai, a situação estava num impasse. Esse estado de
coisas era algo que meu pai e seus amigos os deuses celestiais definitivamente
planejavam modificar; esta era a base de seu plano diabólico. Vencer
fisicamente o outro povo da Terra não fazia parte do programa dos deuses
celestiais, pois não tinham necessidade alguma daqueles que consideravam racialmente
(biologicamente) inferiores.
Aproximadamente dois anos depois de Jasaul se tornar
governador de Toray, meu pai começou a enviar carros aéreos em missões que os
levavam a sobrevoar as terras de seus adversários. Tratava-se de missões de
treinamento destinadas a familiarizar os pilotos com os pontos geográficos
sobre os quais um dia eles lançariam suas bombas biológicas. As populações
dessas terras nada podiam fazer além de brandir os punhos na direção de nossos
carros aéreos que, normalmente, jogavam dejetos humanos nelas, simulando um
bombardeamento. Foi no decorrer desses exercícios de treinamento, que recebi
uma mensagem de Jasaul dizendo-me para ir visitá-lo com mais seis de meus
irmãos mais velhos, de quem deu os nomes. Não tivemos dificuldades para receber
permissão de nosso pai para fazer uma visita de uma ou duas semanas a Jasaul.
Depois de vários dias bebendo vinho e nos banqueteando,
Jasaul pediu para falar em particular comigo. A história por ele contada foi, a
princípio, desconcertante. Contou-me sobre os outros deuses celestiais que o
haviam visitado e o convenceram de que o plano de nosso pai de destruir os não-
imunizados da Terra estava errado e atrairia sobre nós não apenas a ira deles,
como também a ira do poder divino que criara o próprio mundo.Acreditei
nele, assim como quatro de meus seis irmãos. Os dois, que julgaram que
deveríamos permanecer leais a nosso pai, não se reuniram a nós para o desjejum
na manhã seguinte.
Os deuses celestiais de Jasaul propuseram que
retornássemos a nosso lar com um aparelho que, uma vez ativado em meio ao
arsenal de bombas biológicas, iria secretamente neutralizá-las. Quatro dias depois,
esse aparelho foi colocado, cumprindo muito bem sua tarefa. Quando chegou o dia
de serem usadas, cerca de sete meses depois, as bombas foram carregadas nos
carros aéreos. Mas ao serem lançadas, simplesmente preenchiam os céus com
tufos iridescentes de fumaça que brilhavam à luz do sol. Meu pai e seus deuses
celestiais ficaram furiosos e se apressaram a produzir mais bombas (um trabalho
obviamente demorado, mesmo para os deuses.)
O estranho desaparecimento dos dois irmãos que não
retornaram conosco de Toray, e o comportamento estranho, carregado de culpa
exibido por vários de meus irmãos conspiradores (que àquela altura estavam
sendo mentalmente torturados pelos deuses celestiais para confessar) logo
revelaram quem entre nós era responsável pela sabotagem. Tínhamos previsto
que seríamos descobertos, assim fugimos juntos em carros aéreos para a terra
que vocês conhecem agora como Japão (naquela época ligada ao continente
que vocês denominam Ásia). Mais tarde, Jasaul juntou-se a nós. Nossos três
carros aéreos, por um motivo que desconhecíamos, mais tarde pararam de
funcionar e, ao longo dos vários anos que se seguiram, gradualmente se
desintegraram até se tomarem montes irreconhecíveis de metal em pó.
Finalmente, recebemos a notícia de que nosso pai e seu império
já não existiam. O fim de seu reinado ocorreu imediatamente depois
que os dois tipos de deuses celestiais antagônicos batalharam entre si em algum
local dos céus a grande distância do planeta. Tornou-se
impossível operar as máquinas de guerra e os carros aéreos de nosso pai, e ele
foi atacado de surpresa pelas forças aliadas dos outros doze imperadores. Posteriormente,
fomos visitados por um representante do imperador em cujo território estávamos
vivendo. Disseram-nos que não temêssemos, que mal algum nos atingiria, pois
éramos considerados grandes heróis que estavam sob a proteção dos deuses
celestiais benevolentes.
Vivi nessa vida até os 534 anos de idade e morri
serenamente enquanto dormia. Alguns séculos depois, a Barreira de
Freqüência mudou drasticamente para pior e os povos da Terra ficaram mais uma
vez sujeitos a graus consideráveis de deterioração biológica e mental.
CONTINUA …
Originalmente
postado em Agosto de 2012.
’’Há duas histórias, a oficial e mentirosa, e a
secreta, em que estão às verdadeiras CAUSAS dos acontecimentos’’ Honoré
de Balzac
Permitida a reprodução desde que respeite a formatação
original e mencione as fontes.
www.thoth3126.com.br |
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