Normalmente, quando falamos de amor o que nos acode
à mente são grandes paixões. Aquelas histórias de amor imortal, que supera as
dificuldades, atravessa os anos e tudo faz para ficar ao lado do ser amado.
No entanto, o amor tem alguns coloridos que
surpreendem. Como o daquele casal africano, que morava em uma nação onde os
direitos humanos não eram respeitados.
O marido, embora sem projeção política e social,
tinha um discurso firme, que o tornou líder da comunidade em que vivia.
À conta disso, sofreu perseguições por parte dos
poderosos. Chegou a ser preso e sofrer torturas.
Mas, nada o detinha. Continuava a dizer aos seus
conterrâneos que era preciso lutar pela liberdade, pelos direitos civis.
Decretada sua pena de morte, os amigos se uniram e
conseguiram que ele emigrasse para outro país.
Morto, diziam, nada mais ele poderia fazer.
A esposa, contudo, permaneceu na comunidade,
aguardando o momento em que a ele se pudesse unir, no Exterior.
Sete anos se passaram. Nenhuma comunicação entre o
casal, considerando-se a vigilância austera das autoridades.
Sopraram ventos de mudanças, com a substituição de
governantes. A nação pareceu respirar ares de certa tranquilidade.
Foi então que ela conseguiu emigrar para o país
onde se encontrava o marido. Ela não tinha endereço dele, não sabia onde
estava, o que fazia.
Uma longa busca se impôs. Finalmente, o encontrou.
Ele morava em uma casa simples, com um jardim de flores.
Foi um momento de muita emoção. Quando a viu, ele
disse não acreditar que ela estava viva. As informações que lhe haviam chegado
é que, depois de sua partida, uma grande matança acontecera e ela fora morta,
junto a centenas de compatriotas.
Ambos choraram, abraçados.
Ela percebeu, porém, que ele se mostrava mais do
que surpreso. Parecia incomodado com alguma coisa.
Foi quando a porta da casa se abriu e uma mulher
apareceu. O abdômen demonstrava que um bebê estava a caminho.
Logo, uma menina de uns quatro anos igualmente
apareceu, olhando tudo surpresa.
Desculpe, me perdoe. Balbuciou
ele. Tornei a me casar, ante a notícia da sua morte.
A africana, que viera de tão longe e tanto o
procurara, retirou os braços do pescoço dele, afastou-se e sussurrou: Eu
entendo. Não se preocupe.
Voltou-lhe as costas e, no mesmo carro que a tinha
conduzido até ali, ela partiu.
* * *
Não houve grandes discursos, nem acusações. Somente
a compreensão de que uma nova vida se abrira, a que outras vidas estavam
atreladas.
Como poderia deixar uma esposa sem o marido? Como
poderia tirar o pai de duas crianças?
Ela preferiu renunciar. O coração sangrou, as
lágrimas foram muitas, mas ela se foi.
Porque o verdadeiro amor é feito também de
renúncias.
Quem ama, não disputa. Quem ama, renuncia pela
felicidade do outro. Quem ama, não cria problemas.
Porque afinal, o verdadeiro amor é aquele que o
coração expressa, que a alma sente.
O verdadeiro amor tem coloridos interessantes. Em
verdade, os mais expressivos são os pintados com os pincéis da renúncia em
favor da felicidade do ser amado.
Redação do Momento Espírita
Em 8.7.2020.
Fonte: Momento Espírita
http://momento.com.br/
Luz, Amor e Gratidão
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