Recordo que, criança, aguardava ansioso as férias escolares. Eu ficava
eufórico com as incontáveis possibilidades de diversão: brincadeiras de rua,
futebol com os amigos, tardes inteiras com meu pai no parque municipal.
Momentos inesquecíveis que hoje, adulto, trazem imensa saudade ao
coração e, por vezes, lágrimas aos olhos.
Ao longo das férias, sempre havia uma semana que minha mãe me levava
para o interior, a fim de que eu passasse alguns dias com minha avó.
Era uma senhora muito simples, bastante idosa, e que, eventualmente,
fazia a chamada de todos os netos até acertar o meu nome.
Era uma mulher religiosa. Durante os dias que eu ficava em sua casa, ela
me fazia orar, antes de dormir. Mas, eram muitas orações e algumas repetitivas.
As palavras vez ou outra me escapavam e, por alguns instantes, eu
cochilava, cansado depois de um dia inteiro de brincadeiras.
Mas, meio sonolento, de tempos em tempos acordava na hora de responder: Jesus, eu confio em Vós.
Minha avó fingia se zangar, depois sorria e dizia: Vamos, filho, está
quase acabando. Cada prece que fazemos é uma rosa que entregamos para nossa mãe
do céu.
Com essa imagem eu despertava. Parecia-me tão grandioso e bonito
oferecer uma flor para a mãe de Jesus.
No entanto, eu tornava a cochilar e, quando percebia, minha avó estava
ajeitando o meu travesseiro e me dando um beijo de boa noite.
Um tanto assustado, eu apenas respondia: Jesus, eu confio em Vós.
* * *
Tantos anos rolaram. Pela travessia, que é a vida, muitas águas
passaram. Águas cristalinas, águas barrentas, águas calmas, águas turbulentas.
Há muito não espero ansioso pelas férias, que continuam demorando muito
a chegar.
Por vezes, quando a agenda está muito cheia, quando acredito que não
darei conta de tantos compromissos, eu me lembro dos amigos do campinho de
futebol: Onde estarão? Serão felizes?
Quando estou frustrado por algum negócio que não se concretizou conforme
o esperado, lembro-me das tardes ao lado de meu pai.
Ele sempre ouvia, pacientemente, todas as minhas descobertas e tudo o
que eu tinha para contar.
Quando estou cansado em demasia, quando me sinto só, lembro de minha
avó.
Do lugar em que ela se encontra, na Espiritualidade, estou certo de que
olha por mim, de que cuida de mim.
Então, eu agradeço pela infância, pelas recordações, pelas
responsabilidades, pelo trabalho, pela rotina, por todos que passaram por minha
vida.
E repito, com o coração feliz e cheio de gratidão: Jesus, eu confio em Vós.
* * *
A fé é semente que, quando plantada, gera frutos. Afinal, somos todos
produtos da Seara Divina.
Enviado de Deus, o Mestre Nazareno habita o coração de cada um de nós.
Basta fecharmos os olhos, serenarmos os pensamentos e O encontraremos:
guia de nossa imortalidade, consolo de nossas almas, Senhor que nos renova as
forças e que nos conduz, dia a dia, em direção à perfeição.
Jesus, eu confio em Vós.
Redação do Momento Espírita.
Em 2.5.2019.
Fonte: Momento Espírita
www.momento.com.br
Luz, Amor e
Gratidão
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