A ESPIRITUALIDADE PROFUNDA DE JESUS
16
de dezembro de 2018
Muitas vezes os aspirantes à espiritualidade não são compreendidos pelas
pessoas apegadas às crenças ortodoxas e sempre há alguma reação. Os
ensinamentos de Jesus são no intuito de que não se deve revidar o mal, porém, a
orar por quem agiu negativamente conosco. Para estar pronto para dar a outra
face, é necessário amadurecer em termos espirituais. Somente uma alma no
verdadeiro caminho da iluminação vê Deus em todos os seres, conservando a
paciência no meio dos obstáculos da vida terrena
Este é o enfoque visto no Sermão da Montanha, tal como detalhei no
livro Viagem à cidade espiritual de Necanerom. Transparece outra
forma de espiritualidade, aquela que enfatiza a necessidade de o ser humano
mudar interiormente, rompendo com o ego e interligando-se efetivamente com o
Deus Cósmico, o deus interior e com todos os semelhantes.
Jesus, certa vez, disse uma frase que resume, em importância, o tema
central de todo o Sermão da Montanha: “Sede, pois, perfeitos, como é
perfeito o vosso Pai que está no céu”. A palavra perfeição transmite
idéia de subjetividade, sobretudo, no que concerne à perfeição divina. Onde
achar a perfeição? Em que local encontrar Deus?
Essa procura não está distante de nós, a rigor, muito perto, em nosso
interior, em nosso Eu Superior. Quando a pessoa estiver purificada através de
sua evolução espiritual, descobrirá o verdadeiro ser divino em seu interior.
Revelar este ser espiritual interior, essa divindade guardada no íntimo, é
efetivamente tornar-se perfeito. Essa tese não é tão absurda como muitos querem
crer. Foi o próprio Jesus que, segundo o evangelho de Lucas, disse: “O
reino de Deus não tem aparência ostensiva; nem se poderá dizer: hei-lo aqui ou
hei-lo ali! Porque o reino de Deus está dentro de vós”.
Verdadeiramente, o que impede de ver esta verdade, que Deus está dentro
de nós, é nossa ignorância, a falta de foco em nosso real estado, que é o
espiritual, ainda que dotados de corpo, mente e sentidos temporários aqui na
Terra. Cada pessoa atua em muitos papeis terrenos, mas, somos, unicamente,
seres espirituais.
Os três grandes avatares, Jesus, Buda e Rama krishna não somente
manifestaram Deus, enquanto viveram seus dias terrenos, como também insistiram
para que todos façam o mesmo. No entanto, os religiosos, na sua maioria,
procuram frequentar suas igrejas e ter comportamentos éticos em suas vidas, na
esperança de serem recompensados após a morte em face de suas boas ações.
Contudo, o ideal mais profundo de Cristo não tem sido seguido, por estar
esquecido ou até mal compreendido, qual seja, ascender espiritualmente aqui na
Terra.
Neste sentido, muitos leitores do Sermão da Montanha acabam por não
vivenciá-lo em sua plenitude, já que Jesus, com os seus ensinamentos, quis
concretamente dizer que Deus pode ser visto na presente existência, é possível
conhecê-lo e ser perfeito enquanto se vive na Terra como Deus é perfeito no
céu.
Importante ensinamento de Jesus foi a devoção, quando Ele disse: “Amarás
ao Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda a tua
mente.” Não quis dizer, com isso, que não se deve amar o semelhante ou
que não se deve vivenciar o amor humano, pois, o Divino Mestre completa seu
mandamento dizendo: “…e ao próximo como a si mesmo”. Este
amor deve, no entanto, ser dado com generosidade, de forma incondicional, sem
esperar reciprocidade.
Enfatizando a questão da causa e efeito, Jesus ensina que,
ao dar esmolas, a mão esquerda não deve saber o que faz a direita: “Que
a tua esmola seja dada em segredo: e o teu Pai, que vê em segredo, te
recompensará publicamente”. Com isso, Jesus está destacando o efeito
da recompensa por boas ações, assim como acontece com as más ações. Nesse
sentido, ele disse: “Quem com ferro fere, com ferro será ferido”.
Com isso é possível concluir que, tanto as boas ações quanto as negativas geram
retornos futuros, o que está popularizado em nossos dias como a Lei
Kármica.
Confirmando a existência do karma, inclusive de vidas passadas, tal como
já me referi neste livro, aqui vale a ratificação: sempre que Jesus curava
alguém, mesmo com problemas de nascença, ele dizia: “Os seus pecados
estão perdoados”. Em seguida mandava os paralíticos andarem, os cegos
verem, etc. Com isso, fica evidente que as doenças, os problemas físicos e os
psíquicos são consequências de falhas pregressas, surgem em face da lei de
Causa e Efeito, da lei do Karma, evidenciando a existência de múltiplas vidas e
da reencarnação.
O importante é romper com todos os vínculos kármicos, dedicando todo o
fruto do trabalho pessoal desta existência em adoração a Deus, vivendo sem
apegos. Isso não quer dizer que se deve viver com preguiça, indiferença pelo
que se faz. O desapego aqui está no sentido oposto; constitui-se, em
contrapartida, no apego a Deus, na entrega de tudo a Deus (ao Deus Cósmico e
não o do Velho Testamento. Como está evidenciado no livro Conspiração
Interdimensional, o deus do velho testamento não é o verdadeiro Deus).
Em sendo assim, deve-se realizar as tarefas terrenas, buscando sempre a
perfeição, uma vez que elas serão oferecidas a Deus em adoração. Por essa
prática de entregar a Deus tudo o que se fizer, será possível livrar-se da roda
do karma (causa e efeito) e ganhar de presente o paraíso.
Sobre a oração, Jesus ensina-nos que esta deve ser feita em lugar
discreto, ao dizer: “E quando orardes, não sejais como os hipócritas;
porque eles gostam de orar em pé nas sinagogas e nas esquinas das ruas para
serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo: eles já receberam sua
recompensa. Mas, tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua
porta, ora a teu Pai que está em oculto; e teu Pai, que vê ocultamente, te
recompensará abertamente”.
A verdadeira espiritualidade não é exibicionista, é sagrada, secreta.
Por isso Jesus falou que não se deve fazer aparato da adoração. A pessoa deve
retirar-se para um lugar afastado, realizar os seus pedidos em oração, na
certeza que serão atendidos. Lembre que Jesus gostava de orar sozinho nas
montanhas.
Como especial presente, Jesus ensinou uma das mais belas orações: O Pai
Nosso, contemplando os princípios fundamentais para uma vida santificada:
Pai Nosso… (para se fazer a conexão com Deus em adoração) que
estais no céu (o céu está para além de um lugar físico. “Estar no céu”
é perceber Deus internamente). Santificado seja o vosso nome (quando
mais repetir o nome de Deus, atrai-se a força espiritual que o seu nome carrega
em si). Venha a nós o vosso reino (com visão espiritual aberta
é possível ver o reino de Deus internamente, aqui e agora). Seja feita
a vossa vontade, assim na terra como no céu (a vontade de Deus é tudo
que nos conduz a Ele). O pão nosso de cada dia nos dai hoje (esse
pão é a graça divina, que precisa ser revelada agora em cada pessoa, neste
tempo existencial). Perdoai as nossas dívidas, assim como perdoamos aos
nossos devedores (todas as dívidas kármicas serão perdoadas, quando se
perdoar também os inimigos, momento em que se é religado a Deus em
adoração). E não nos deixeis cair em tentação, mas, livrai-nos do mal:
porque vosso é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém. (É
preciso refrear os sentidos, especialmente os que geram pensamentos e
sentimentos negativos e voltar para dentro, onde Deus se encontra).
Como se vê, seja nos evangelhos apócrifos, seja nos textos bíblicos,
Jesus ensinou uma espiritualidade muito mais profunda do que a que é vislumbrada
nas religiões tradicionais. Ele mostrou o amor generoso e a compaixão por todos
e o caminho para a iluminação, o interior. “Todo aquele, pois, que
escuta estas minhas palavras e as põe em prática, assemelhá-lo-ei ao homem
sensato que edificou a sua casa sobre a rocha”. A experiência
espiritual, com base nos ensinamentos profundos de Jesus, seja na Bíblia e,
principalmente, nos textos apócrifos, é a rocha sobre a qual se deve construir
a morada, ou seja, o nosso espírito.
Texto do livro Amor e
Conhecimento de Moacir Sader
Luz, amor e Conhecimento
Fonte: Sader –
Qualidade de Vida ao Seu Alcance
Luz, Amor e Gratidão
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