Dizem que a
dor é uma bênção que Deus envia aos Seus eleitos.
Afirmativa um
tanto complicada para entendermos. Afinal, nenhum de nós deseja padecer.
Difícil
entendermos que o amor de Nosso Pai contemple com ela os Seus filhos.
Importante que
pensemos o quanto a dor é benéfica. A dor física, de um modo geral, é um aviso
da natureza, que procura nos preservar dos excessos.
Sem
ela, abusaríamos de nossos órgãos até ao ponto de os destruirmos antes do
tempo.
Quando um mal se
vai insinuando no corpo, são os efeitos desagradáveis da dor que nos informam
de que algo não está bem.
E podemos buscar o
tratamento, a medicação.
Em se falando da
coletividade, a dor tem um grande papel.
Foi
graças a ela que se constituíram os primeiros agrupamentos humanos.
Foi
a ameaça das feras, da fome, dos flagelos que obrigou o indivíduo a procurar o
seu semelhante para constituir o grupo.
Isso permitiu que
da vida comum, dos sofrimentos comuns, da inteligência e do trabalho comuns
saísse toda a civilização, com suas artes, ciências e indústrias.
A dor ainda tem um
efeito terapêutico para a alma, desde que, através dela, podemos resgatar faltas
cometidas, em passado próximo ou distante.
Dessa forma é que
compreendemos o que afirmou Jesus: A cada um segundo as suas obras.
Justiça Divina,
que nunca falha, nunca erra. E alcança o devedor, no momento em que ele tem as
condições de saldar a falta cometida.
A dor será sempre
uma bênção quando bem sofrida, ou seja, sem revolta e indignação. É o apagar
das faltas.
No entanto,
existem dores e dores. Se há a necessidade da dor para a expiação de
determinadas faltas, não está na mão de nenhum dos filhos de Deus impor
sofrimento ao outro.
A justiça compete
somente a Deus, Nosso Pai. A ninguém mais.
Nenhum de nós tem
o direito de ferir a quem quer que seja. E se o fizermos seremos
responsabilizados.
Bom pensarmos
quantas vezes ferimos o nosso irmão, nosso familiar, nosso colega de trabalho.
Quantas vezes
erguemos a voz no lar, para reclamar de alguma coisa que desejamos fosse
diferente. Quantos reclamamos da falta de sal no arroz, do prato que não ficou
muito bom, até do menu ser sempre o mesmo.
Quantos reclamamos,
em altos brados, do companheiro de trabalho, por não realizar a tarefa
exatamente da forma que a idealizamos, como nós a faríamos.
Quantas vezes
magoamos corações que buscaram fazer o seu melhor, que se esmeraram. Mais não
deram porque têm suas limitações.
Toda dor que
causamos ao nosso semelhante nos será computada em nossa carga de débitos. E,
acrescentemos, que devemos considerar o quão fundo agredimos nosso próximo, em
sua sensibilidade.
Não podemos
avaliar a fragilidade do outro. Pode ser que ele não dê muita atenção às nossas
reclamações. Ou pode ser que a nossa migalha de dor lhe seja um acréscimo a
tantas outras dores que sofre, e ele venha a se desequilibrar, física e
psiquicamente.
Pensemos nisso.
Não temos o direito de ferir ninguém. Tenhamos prudência com nossas palavras
faladas ou escritas. Ditas pessoalmente ou enviadas pelas redes sociais, de
qualquer forma.
A dor é uma bênção.
Mas que não sejamos nós a ferir os nossos irmãos.
Redação do Momento
Espírita, com base no cap. IX, item 7, do livro O Evangelho
segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, ed. FEB e na parte 3, cap.
XXVI, do livro O problema do ser, do destino e da dor, de Léon
Denis, ed. FEB.
Em 15.4.2021.
Fonte: Momento Espírita
www.momento.com.br
Luz, Amor e Gratidão
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